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Preço de diesel da Petrobras está defasado desde novembro de 2024, aponta Abicom

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O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de posse da presidente da Petrobras, Magda Chambriard, no Cenpes. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

De acordo com dados da Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), a Petrobras está vendendo o diesel no Brasil com valor abaixo do comercializado no mercado internacional há cerca de três meses. A maior defasagem em relação ao preço praticado no mercado externo foi em 20 de janeiro deste ano, com 28% a menos, cerca de R$ 0,96 por litro.

Diante desse cenário, nesta segunda-feira (28), a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, se reuniu com o presidente Lula (PT) e ministros para falar sobre um reajuste no preço do diesel. Ao manter o valor abaixo do comercializado internacionalmente, tanto a estatal como os importadores de combustível que atuam no mercado brasileiro são prejudicados. Os técnicos ainda estão estudando o valor do reajuste, que pode ser aprovado nesta quarta-feira (29), quando o Conselho de Administração da petroleira se reúne.

O aumento do valor do diesel na bomba impacta no preço final dos produtos para o consumidor, tendo em vista que esse é o principal combustível usado nas rodovias do país para a fretagem das mercadorias. Como o valor é repassado em cadeia, tanto os motoristas como o consumidor final vão ser impactados pelo reajuste. Atualmente, ainda segundo a Abicom, a defasagem está em 17%, o que equivale a R$ 0,59. 

Além disso, o preço da gasolina também está defasado quando comparado com o valor do mercado internacional desde outubro de 2024. A maior disparidade foi em 16 de janeiro, quando atingiu 16%, cerca de R$ 0,48 mais barato que no mercado externo. Apesar da presidente da Petrobras não ter falado em reajuste da gasolina neste momento, os preços ficarão mais altos a partir de fevereiro, com o aumento da alíquota do ICMS em todos os estados do país. O diesel também enfrentará aumento de tributação, sendo o etanol o único combustível fora do ajuste.

 

Uma interpretação da decisão de Lula sobre as candidaturas do PT em 2026 no RS – Análise

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São Paulo-SP. 06.10.2024 - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante o votação a prefeitura de São Paulo na Escola Estadual João Firmino Correia de Araújo. Foto: Ricardo Stuckert / PR

A informação trazida pelo jornal Zero Hora, através do repórter Fabio Schaffner, na última quinta-feira (31), sobre o indicativo dado pelo presidente Lula (PT) em relação às candidaturas do partido a governador e senador para as eleições de 2026 no Estado provoca uma forte repercussão no PT gaúcho.

Lula indicou que o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto (PT), será o candidato a governador – assim como ocorreu em 2022, quando ficou em terceiro lugar, tendo obtido 26,77% dos votos válidos – com o ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta (PT) concorrendo ao Senado.

O fato gerou insatisfação no diretório do PT gaúcho, um dos mais ortodoxos do país, pois o indicativo de Lula não passou pelo comando do partido no Rio Grande do Sul (RS).

Na política, mais importante do que interpretar a conjuntura é observar os movimentos do tabuleiro estrutural. É dentro desta perspectiva que esta análise está inserida. O primeiro aspecto importante é que a informação da Zero Hora sinaliza um recado do presidente Lula ao PT gaúcho, que tem optado por uma política de alianças isolacionista, dialogando apenas com parte da esquerda, ficando distante do centro.

Não por acaso, Lula determinou a ampliação da política de alianças. Além da manutenção do PSB e da tentativa de incorporação do PDT. O presidente deseja ainda que seja realizado um esforço para que PSD e União Brasil também sejam atraídos.

Em função do cenário nacional, é possível que o PSB esteja com o PT em 2026. Quanto às demais siglas, a negociação tende a ser complicada. O PDT, por exemplo, sempre teve candidatura própria a governador e nunca apoiou formalmente o PT no primeiro turno nas disputas ao Palácio Piratini. Um entendimento com PSD e União Brasil também é difícil, mesmo com o apoio do PT ao prefeito de Canoas, Jairo Jorge (PSD), e a coligação do ex-prefeito José Farret (União Brasil) com o também ex-prefeito Valdeci Oliveira (PT), em Santa Maria, nas eleições municipais de 2024.

É possível que a inflexão do PT gaúcho ao centro, defendida por Lula, tenha como objetivo principal o governador do Rio Grande do Sul (RS), Eduardo Leite (PSDB). Desde a semana passada, a Zero Hora tem revelado que o presidente deseja apoiar Leite ao Senado em 2026, mesmo que de forma informal.

Nas eleições de 2022, o apoio do PT teve uma grande importância para a reeleição de Eduardo Leite. Nas eleições municipais deste ano, o apoio de Leite e da prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas (PSDB), foi determinante para a vitória de Fernando Marroni (PT) na cidade. Por outro lado, o apoio dos petistas ao prefeito de Caxias do Sul, Adiló Didomênico (PSDB), foi fundamental para a reeleição do tucano no município.

Além disso, Eduardo Leite é o único governador das regiões Sudeste e Sul com quem Lula possui um diálogo mais construtivo. Todos esses fatores colocam Leite dentro do objetivo do projeto lulista para 2026.

Por outro lado, o apoio informal de Lula e do PT interessa a Eduardo Leite. Caso o governador seja candidato ao Senado, a disputa tende a ser acirrada, pois além de Paulo Pimenta, haverá uma candidatura bolsonarista no tabuleiro. Com duas vagas ao Senado em jogo, a composição com Leite também é vantajosa para Pimenta, dentro do objetivo de isolar o bolsonarismo. Vale lembrar que, desde 2002, sempre que houve a renovação de 2/3 do Senado, o PT sempre elegeu um senador no Estado – em todas as oportunidades, Paulo Paim foi eleito.

Entretanto, o movimento operado por Lula no tabuleiro estrutural não agrada aos setores ortodoxos do PT gaúcho, pois o partido faz oposição ao governo estadual, e a atuação política da esquerda petista tem como mote o enfrentamento a Eduardo Leite. Esta atuação rende, por exemplo, a eleição de petistas ao Poder Legislativo. Assim, a busca de Lula por uma composição com Leite em 2026, fragiliza a posição dos deputados federais e estaduais da esquerda petista que ancoram sua atuação na oposição a Leite.

Outro aspecto que chama atenção no indicativo de Lula é a antecipação da decisão. É possível que isso tenha ocorrido pela complexidade do desafio que envolve a formação da chapa do PT – e consequentemente do palanque de Lula no Estado em 2026.

Embora Edegar e Pimenta sejam os nomes naturais para a disputa de 2026, eles não pertencem à corrente Democracia Socialista (DS), uma das mais ortodoxas do PT gaúcho, e que possui força política no diretório estadual. Quando Lula indica quem serão os candidatos a governador e senador, e sinaliza a ampliação de alianças ao centro, a DS pode perder espaço. Uma interpretação possível é que a reação de líderes da DS – e também de parte da esquerda mais tradicional – seja movida pelo receio de perder espaços no partido.

A esquerda petista, representada pela DS, mais uma vez joga pensando na preservação de seus espaços de poder internos que na construção de uma estratégia eleitoral conectada aos novos tempos. A DS e o diretório estadual do RS não têm interesse, por exemplo, que a escolha dos candidatos a governador e senador ocorra sem a sua chancela, pois isso reduz a sua influência no processo.

Não por acaso, na última sexta-feira (1), a Zero Hora noticiou que, em uma nota interna divulgada ao partido, Pimenta afirmou que “os desafios do PT exigirão amplo diálogo interno para definições. Diálogo com todo mundo, incluindo o campo mais amplo da esquerda, além do PT. Não acho adequado esse debate nesse momento”.

Edegar Pretto, por sua vez, nas redes sociais, declarou que “o debate será feito pelas instâncias partidárias, com a participação de todos, no tempo e na forma adequada. Será um debate coletivo, com todas as forças do campo democrático”.

Observa-se que Pimenta e Preto, diante da reação do diretório estadual, buscaram, nas entrelinhas de suas manifestações, não “passar por cima” do diretório estadual. De outro lado, Preto e Pimenta não negaram a informação da Zero Hora sobre a definição das candidaturas, o que reforça o movimento alinhado com o Palácio do Planalto. Mesmo que eventualmente as posições de Pretto e Pimenta se invertam na chapa até 2026, é improvável que as opções do PT para 2026 ao Governo e Senado não passem por esses dois nomes.

Os movimentos de Lula e a reação da esquerda petista no RS mostram objetivos distintos quando olhamos para 2026, o que deve tensionar o partido no Estado. Lula corretamente compreendeu que a vitória do centro e da direita nas eleições municipais sinaliza que reposicionar o partido é condição necessária para o sucesso do projeto político lulista em 2026. Por isso, a aliança com Eduardo Leite, mesmo que informal, é importante para Lula. Entretanto, o PT gaúcho possui uma orientação mais à esquerda, conquista votos com essa posição, elege bancadas e controla parte importante da burocracia no Estado. Por isso, a inflexão ao centro encontra tamanha resistência.

Diante da diferença de posições entre Lula e o PT no RS, o diretório estadual tem, mais uma vez, o sinal de alerta aceso. Dependendo das decisões que tomar, principalmente se preservar a posição isolacionista dos últimos anos, poderá estar contratando uma nova derrota em 2026 no RS.

Os números sobre o desempenho eleitoral do PT gaúcho são eloquentes. Entre 2012 e 2024, o número de prefeituras conquistadas pelo PT caiu de 72 para 20.  Em Porto Alegre, são 24 anos de derrotas eleitorais consecutivas. Nas últimas três eleições ao governo estadual, o partido foi derrotado em todas as disputas, sendo que nos dois últimos pleitos, sequer chegou ao segundo turno.

Nas últimas seis eleições presidenciais, foram quatro derrotas e apenas duas vitórias no RS, ambas com Lula. O único resultado positivo tem sido a eleição do senador Paulo Paim. Porém, suas vitórias têm ocorrido somente quando 2/3 do Senado é renovado. Nos pleitos em que houve a renovação de apenas 1/3 do Senado, o PT também colheu derrotas.

Como a despartidarização inverteu a lógica eleitoral nos EUA

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Washington/EUA - 09/10/2024. Foto: RS/Fotos Públicas

Está claro que esta campanha presidencial é muito diferente de todas as outras. Faltando menos de um mês para a eleição, temos a candidata do partido Democrata sendo entrevistada na Fox News, uma emissora com um histórico de alinhamento com o partido Republicano. Do outro lado, Donald Trump, ex-presidente e candidato presidencial pelo partido Republicano passou duas horas debatendo eleitores latinos na Univision, emissora de língua espanhola com forte público cativo que majoritariamente apoiou o lado Democrata.  Gastar o tempo precioso do candidato nesta altura da campanha para tentar roubar uma ínfima fração de votos do outro lado é uma estratégia heterodoxa, algo não visto nos últimos 30 anos.  O normal seria reforçar o trabalho na base e aumentar o turnout, o comparecimento de apoiadores.  Estamos diante de uma nova lógica, porque os eleitores não estão agindo como esperado.

A primeira grande mudança é que as minorias não estão votando conforme a expectativa do establishment.  Os democratas sempre acreditaram que um alto nível de comparecimento os beneficia, pois votam um maior número de minorias e de jovens, que tendem a apoiar ou se identificar com as bandeiras do partido.   Na última eleição presidencial, em 2020, o comparecimento foi o mais alto da história, e ainda que Trump tenha perdido, o partido Republicano performou bem nas eleições legislativas, aumentou o seu espaço no Capitólio.  O candidato perdeu, mas o partido foi bem.

Das sete eleições especiais mais recentes, que ocorrem fora do ciclo eleitoral quando uma vaga legislativa tem que ser preenchida por algum motivo, os Democratas venceram cinco.  Eleições especiais são eleições de baixíssimo comparecimento, o que, na lógica aplicável aos últimos 50 anos de eleições americanas, seria bom para os Republicanos.  A título de comparação, todas as cinco eleições especiais da década de 90 em que um assento no Capitólio estava em jogo foram vencidas por Republicanos.

A lógica está invertida. O entendimento histórico de que comparecimento alto beneficia Democratas e comparecimento baixo beneficia Republicanos não pode ser aplicado nesta eleição.  Isto ajuda a explicar as estratégias eleitorais heterodoxas desta campanha.

O segundo ponto é ainda mais crucial.  A divisão cultural existente no país é palpável, mais forte que muitas divisões históricas como raça, etnia e classe econômica.  Acontece que esta divisão é mais forte do que a própria identificação partidária dos eleitores.  A polarização não é inteiramente política, pelo menos não no sentido partidário.  Em algum momento ocorreu um desalinhamento entre a massa polarizada e os partidos, este vínculo enfraqueceu-se.  É por isso que vemos o Trump na Univision e a Kamala na Fox News.  A aderência partidária está mudando e, por consequência, os próprios partidos não são mais os mesmos.

Uma consequência natural desta mudança e um elemento que poderá revolucionar a política americana é o aumento no número de eleitores que se identificam como independentes.  Em 2023 pesquisas da Gallup mostraram que 49% dos eleitores americanos se já se consideravam independentes, mais do que a soma dos dois principais partidos do país.  Em períodos de eleição os números ficam mais equilibrados, um terço de independentes e um terço para cada partido. Mas a volatilidade de apoios e a tendência de surgimento de alternativas são consequências diretas deste fenômeno.

A despartidarização é a principal tendência que irá moldar o futuro da política norteamericana.  A aceleração deste fenômeno é potencializado pela queda da confiança nas instituições partidárias, fruto de ataques e campanhas de desinformação que refletem o deslocamento da janela de Overton* na política moderna digital no mundo inteiro.  Esta despartidarização é ainda mais forte entre jovens, que tendem a ver a política como fãs de Fórmula 1: apoiam o piloto, e não importa se ele corre pela Lotus, McLaren ou Williams.  A pesquisa New York Times/Siena mostra corrobora esta tendência.  Entre jovens de 18-29 anos, 36% se consideram independentes, 32% democratas e 21% republicanos.  Para eleitores acima de 65 anos, os resultados são 22%, 38% e 36%, respectivamente.

O vínculo partidário é ainda mais tênue, pois mesmo os eleitores que tendem a apoiar e se identificam com as bandeiras e o programa de governo apresentado por um partido, não necessariamente acreditam que o partido poderá ajudá-los.  Neste cenário, independentemente do resultado desta eleição a despartidarização e a erosão dos vínculos partidários históricos será um fator que potencializará a volatilidade e poderá pavimentar um caminho viável para uma terceira via em eleições futuras.

*Trata-se da margem de tolerância para ideias políticas aceitas no debate público.

Entrevista: Datena quer ampliar monitoramento por câmeras com reconhecimento facial

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Candidato à prefeitura de São Paulo José Luiz Datena (PSDB). Foto: divulgação

1. O senhor disse em uma entrevista que, “como senador, era para ter sido eleito com o pé nas costas”. O senhor pretende continuar na política daqui para a frente?

Não pretendo disputar outra eleição. Essa campanha para a prefeitura de São Paulo está sendo uma experiência enriquecedora que me traz, a cada dia, novos aprendizados. As agendas me aproximaram do povo e esse contato me faz muito bem. Ser reconhecido e receber o carinho das pessoas tem sido valioso. Para mim, esse é o reconhecimento de uma vida inteira dedicada a um jornalismo que sempre buscou abordar os problemas da cidade e cobrar soluções – e, muitas vezes, obtê-las com minha atuação no rádio e na TV. Estou feliz com a trajetória até aqui.

2. O senhor já participou de 11 partidos, incluindo o atual, o PSDB. Qual foi o motivo da escolha para as eleições de São Paulo?

Tenho uma trajetória profissional consolidada e reconhecida. Falo a verdade. Pelas minhas posições sempre muito críticas e combativas no enfrentamento ao crime e à violência urbana, construí uma reputação que me aproximou da política. E, neste pleito de 2024, me senti preparado para ajudar a população de São Paulo e para implementar políticas públicas que melhorem as condições de vida do paulistano em aspectos como segurança, saúde e educação.

Tenho apresentado propostas voltadas para essas pessoas, para o povo mais pobre de nossa cidade. São propostas simples, factíveis e viáveis financeiramente. Acredito que elas estão alinhadas com a preocupação social que o PSDB sempre demonstrou nos seus governos, sobretudo quando administrou a nossa cidade. Minha candidatura também responde ao anseio da maioria dos paulistanos de escolher um prefeito que seja independente, distante da polarização extremista que, infelizmente, ainda domina a política brasileira.

3. Uma de suas principais propostas é melhorar a segurança. Como pretende fazer isso?

Nossa candidatura é a que tem melhores condições de melhorar a segurança na cidade de São Paulo. É a própria população que reconhece, conforme pesquisa recente do Datafolha, na qual 21% me mostram como o mais preparado para combater a violência na cidade. Disso eu entendo, pois combato o crime diariamente há quase 30 anos com o trabalho de jornalista. Sou quem tem mais coragem e autoridade para tratar desse tema.

Vamos dobrar o efetivo da GCM [Guarda Civil Municipal], que tem atualmente cerca de 7 mil homens e mulheres, reforçaremos o policiamento da GCM no entorno das escolas, nos locais com maior incidência de crimes, e ampliaremos as Patrulhas Guardiã Maria da Penha, para proteger as mulheres.

A Guarda será mais bem equipada, os policiais serão mais bem remunerados. Vamos somar forças, agindo de forma articulada com as polícias, o Ministério Público, o Tribunal de Contas e o Poder Judiciário na repressão, investigação e punição dos traficantes para evitar que as drogas e as armas cheguem às cidades e, assim, buscar resolver o problema das cracolândias.

Também ampliaremos o monitoramento por câmeras com reconhecimento facial por toda a cidade, e não apenas no Centro, como é hoje, e expandiremos o uso de câmeras corporais para todo o efetivo. Além disso, vamos reforçar a parceria com a Polícia Militar por meio da Operação Delegada, a fim de ampliar o combate aos criminosos.

Outro alvo importante na minha gestão será o combate a furtos e roubos de celular, contravenção que alimenta o crime organizado. As operadoras serão convocadas a atuar mais fortemente. E polícias equipadas com motocicletas ou bicicletas vão agir para reduzir esses delitos, além de empreendermos um cerco rigoroso à rede de receptadores, com repressão e punição para inibir a ação dos bandidos.

O PCC ganha milhões operando milícias dentro da GCM. Isso não vai continuar assim. Vamos passar a GCM a limpo para combater a infiltração do crime organizado dentro da corporação. Os maus elementos são exceção e não regra. Mas, uma vez identificados e julgados, vamos expulsar os criminosos que existam na Guarda.

Para combater o crime organizado, utilizaremos modernas tecnologias para rastrear o caminho da droga e do dinheiro, desbaratando os esquemas de lavagem e identificando os bandidos.

4. Como o senhor enxerga esta eleição?

Desde o início da campanha, os adversários se excederam em desrespeitos, fake news, agressões pessoais e ataques à nossa democracia, buscando ocupar – e muitas vezes ocupando – o espaço do debate com lacrações, cortes para redes sociais e um verdadeiro show de desrespeito com o eleitor. Lamentável. Fui contra isso e jamais pautei minha campanha nesse tipo de desvirtuamento. Faço uma campanha limpa, falando a verdade, sem esconder do eleitor a realidade e as minhas condições. Sou transparente nas minhas atitudes, sempre fui, e nem sempre isso é bem compreendido na política. Mas sei que as pessoas veem como um valor. Estou na disputa pela prefeitura para realizar meu sonho de fazer de São Paulo uma cidade melhor, que ofereça vida digna aos que mais precisam, propostas simples, factíveis e viáveis financeiramente voltadas para o povo mais pobre de nossa cidade.

Entrevista: Tabata Amaral quer manter tarifa zero nas passagens de ônibus

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Tabata Amaral (PSB-SP), candidata à prefeitura de São Paulo. Créditos: Redes sociais/Divulgação

1. Esta semana um candidato agrediu outro durante o debate. Como a senhora enxerga essa conduta?

Lamento profundamente o que aconteceu no debate da TV Cultura. Além de ser um desrespeito com os eleitores, essas provocações e ações violentas demonstram falta de preparo para gerir uma cidade com a escala e com os desafios de São Paulo. Esse tipo de comportamento pode até gerar likes e cliques nas redes sociais, mas está bem longe de ajudar a resolver os problemas reais da nossa cidade. São Paulo precisa de alguém sério e comprometido na prefeitura. A campanha é um momento importante para a discussão das propostas dos candidatos, isso é direito dos eleitores. Ninguém ganha nada com agressões e baixarias. É vergonhoso ver isso acontecendo e eu espero, sinceramente, que o que ocorreu no debate leve meus adversários a uma reflexão, mas já não tenho a menor esperança. Mas eu tenho certeza de que, no dia 6 de outubro, as pessoas não vão votar em quem gerou o maior espetáculo, mas em quem mostrou mais seriedade e preparo.

2. A principal bandeira da senhora é a educação. Quais serão as metas para a educação na sua gestão?

Em primeiro lugar, vamos alfabetizar 100% das crianças da rede municipal em idade certa até o último ano do primeiro mandato. Em 2023, apenas 38% das crianças eram alfabetizadas na idade certa. Vamos, também, garantir que 50% das matrículas de Pré-Escola e de Ensino Fundamental sejam em tempo integral em quatro anos. Hoje, são menos de 6%. A ideia é construir um plano que universalize as matrículas em tempo integral na rede municipal em oito anos. Outra proposta é ampliar para as 19h o horário de funcionamento de todas as creches da rede municipal, que hoje operam das 7h às 17h. Isso garantirá maior segurança para as crianças e, ao mesmo tempo, maior tranquilidade para pais, mães e cuidadores. Entendemos que, com esses movimentos, seremos capazes de entregar resultados melhores no Ideb tanto para os anos iniciais do Ensino Fundamental quanto para os anos finais.

3. Muito tem se falado sobre tarifa zero nas passagens de ônibus. A senhora considera possível?

É possível mantermos a tarifa zero aos domingos, como tem ocorrido. Não planejamos ampliar a medida para os demais dias da semana. Segundo cálculos da SPTrans (2022), expandir a tarifa zero para todos os dias da semana custaria por volta de R$ 10 bilhões. O investimento em toda a cidade é de R$ 15 bilhões. Nosso compromisso é melhorar a qualidade do serviço e recuperar a confiança do paulistano no transporte público. Queremos manter as contas públicas em ordem, repensar o modelo de remuneração das concessionárias e preparar terreno para, num futuro, aumentar os dias da tarifa zero na cidade de São Paulo.

Entrevista: Marina Helena sugere uso de IPTU para melhorias na Cracolândia

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Marina Helena (Novo), candidata à prefeitura de São Paulo. Créditos: Redes sociais/Divulgação.

1. O que a senhora vai fazer para chamar a atenção dos eleitores de direita? Os votos do candidato Ricardo Nunes [MDB] estão migrando para o candidato Pablo Marçal [PRTB].

Eu sou a candidata hoje mais desconhecida, disparado. Acredito que a partir do momento que as pessoas comecem a me conhecer, a conhecer os meus valores e as minhas propostas, a gente vai mudar esse jogo. E aí vou dar um exemplo: surgiu no Twitter espontaneamente, entre os nomes de direita mais importantes, o meu nome como a melhor candidata. Inclusive já pareço bem na frente do Nunes e ali, disputando a primeira posição com o Marçal. Isso é um fenômeno que claramente ainda não está nas pesquisas. Então, costumo dizer que esse fenômeno mostra que quem me conhece vota. São pessoas que já acompanham meu trabalho há mais tempo, e o que eu mais escuto é o seguinte: “A Marina é a mais preparada e a mais corajosa.” Tenho certeza de que isso vai se refletir nas pesquisas, mas ainda não aconteceu. Eu vejo o crescimento do Marçal mostrando também isso. Ele não era conhecido como um dos nomes à prefeitura, mas, após os debates, ele se colocou na disputa acirrada com Nunes. Tudo isso porque o Nunes é o centrão. Acho que tudo isso está mostrando também uma coisa interessante: a gente sempre escutou que a gente tem uma direita, bolsonarista, gado; mas agora a direita vota em quem ela vê valores. Então eu vejo que é um cenário que está muito aberto e vai ser emocionante do início ao fim. E as pesquisas não vão capturar a velocidade como as coisas vão se transformar aqui na cidade de São Paulo.

2. Em uma entrevista a senhora disse que “o emprego é o melhor programa social que existe”. Como pretende diminuir o nível de desemprego?

Acredito que o mercado resolve. Então, essa mãozona do Estado que vai atrás, que sabe o que é o melhor para o cidadão, não dá certo. Por exemplo, o que leva as pessoas para a rua? Quatro fatores: dependência química, transtornos psicológicos, perda de emprego e rompimento de laços familiares. Não é possível que a gente venha de 5 mil para 80 mil moradores de rua porque todo mundo teria se transformado em dependente químico. Então, normalmente, os fatores estão ligados à pandemia, que gerou perda de emprego. A gente precisa que as organizações sociais devolvam essas pessoas para o mercado de trabalho. E não é isso o que acontece hoje. Essas organizações são mais remuneradas quando mais pessoas vão morar nas ruas. Eu quero redesenhar os incentivos. E aí é fundamental a capacitação profissional.

3. No programa de governo da senhora está prevista a criação do “Procon do Empreendedor”. Como vai funcionar? 

A gente precisa ajudar quem trabalha e produz na cidade. Só para dar um contexto, a nossa economia em São Paulo encolheu 16% em termos reais nos últimos dez anos. Ou seja, a gente perdeu duas cidades de Porto Alegre. E o que está acontecendo é que a maior parte dos empreendedores e dos jovens fala que tem planos concretos de deixar a cidade, seja para o interior, seja para outros lugares. Então, toda essa decadência a que a gente está assistindo vai piorar. A minha proposta é ter um lugar para ajudar o empreendedor. Vamos evitar a fiscalização abusiva que acontece hoje. Queremos transparência, receber denúncias, ajudar a implementar um ambiente muito mais fácil para se empreender aqui na cidade, sem tributações abusivas. Acredito que o empreendedor é quem traz riqueza e acaba com a pobreza.

4. Qual o impacto da Cracolândia no Centro da cidade, nos imóveis e no comércio?

Primeiro, se a gente não resolver a segurança, de nada vai funcionar. Não é à toa que eu tenho falado de intolerância zero em relação à segurança. Quanto ao bandido, ou muda de profissão ou muda de cidade. É superimportante a gente devolver essa sensação de segurança para a população e para essa região, senão o resto não prospera. Esse é o primeiro ponto. Eu fui a Santa Ifigênia esta semana e levei uma proposta que chamamos de Bairro no Capricho. Funciona assim: você pode devolver parte do IPTU para os moradores e comerciantes e eles vão decidir as melhorias que devem ser feitas no bairro. Se eles querem investir na calçada ou na iluminação, eles podem. Os moradores e os comerciantes sabem o que é melhor para o seu bairro. O problema é que eles pagam um IPTU altíssimo que vai para a prefeitura e ninguém sabe o que é feito do dinheiro. Então, por que eles mesmos não fazem essas melhorias e a gente começa a ter uma boa competição entre os bairros? Com certeza vai melhorar o comércio, porque eles vão fazer com que a região tenha segurança, vão investir nisso.

Análise: Disputa permanece acirrada, mas 2º turno entre Nunes e Boulos é o mais provável

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Foto: Reprodução

As pesquisas dos institutos Datafolha e Quaest sobre a disputa pela Prefeitura de São Paulo (SP), divulgadas na semana passada, mostraram tendências similares e uma diferença. Os dois levantamentos mostraram que o horário eleitoral alavancou as intenções de voto do prefeito Ricardo Nunes (MDB). O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), apesar de ter oscilado negativamente no Quaest e positivamente no Datafolha, apresenta uma estabilidade nas duas pesquisas.

A diferença entre o Datafolha e o Quaest envolve as intenções de voto no ex-coach Pablo Marçal (PRTB). O Datafolha apontou uma queda de Marçal. O Quaest, por sua vez, apontou uma oscilação positiva de Marçal, que manteve a trajetória ascendente.

A diferença entre os percentuais de Marçal nos dois institutos pode ser explicada pelo período diferente de coleta das entrevistas. O Quaest foi a campo entre os dias 8 a 10 de setembro.

Já o Datafolha, aplicou os questionários entre os dias 10 a 12 de setembro. Assim, uma hipótese possível é que o Datafolha tenha captado melhor os embates entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o pastor Silas Malafaia após o ato bolsonarista realizado na Avenida Paulista, no último sábado (7).

Na pesquisa Datafolha, Ricardo Nunes cresceu oito pontos percentuais desde o início do horário eleitoral, assumindo a liderança numérica da disputa em São Paulo. Nunes está tecnicamente empatado com Guilherme Boulos, que oscilou positivamente dois pontos em relação aos dois últimos levantamentos, ficando estável. Pablo Marçal, que vinha em uma trajetória ascendente desde o final de agosto, caiu três pontos.

A deputada federal Tabata Amaral (PSB) permanece estável. O apresentador José Luiz Datena (PSDB) oscilou um ponto para baixo, mantendo sua trajetória de queda, iniciada no final de agosto.

CANDIDATOS

06 a 07/08 (%)

20 a 21/08 (%)

03 a 04/09 (%)

10 a 12/09 (%)

Ricardo Nunes (MDB)

23

19

22

27

Guilherme Boulos (PSOL)

22

23

23

25

Pablo Marçal (PRTB)

14

21

22

19

Tabata Amaral (PSB)

7

8

9

8

José Luiz Datena (PSDB)

14

10

7

6

Marina Helena (Novo)

4

4

3

3

Outros

3

2

2

2

Indecisos

3

4

4

4

Branco/Nulo

11

8

8

7

*Fonte: Datafolha

Na pesquisa Quaest, temos um cenário parecido. Ricardo Nunes cresceu cinco pontos desde o início da propaganda eleitoral na televisão, assumindo a liderança numérica. Pablo Marçal oscilou positivamente dois pontos, mantendo a trajetória de ascensão iniciada em julho. Guilherme Boulos, embora tenha ficado estável, apresenta um viés de baixa. Tabata Amaral ficou estável e José Luiz Datena permanece em queda.

CANDIDATOS

JUNHO (%)

JULHO (%)

AGOSTO (%)

SETEMBRO (%)

Ricardo Nunes (MDB)

22

21

19

24

Pablo Marçal (PRTB)

10

13

19

23

Guilherme Boulos (PSOL)

21

19

22

21

José Luiz Datena (PSDB)

17

19

12

8

Tabata Amaral (PSB)

6

6

8

8

Marina Helena (Novo)

4

4

3

2

Outros

5

5

2

1

Indecisos

7

8

8

5

Branco/Nulo

8

9

7

8

*Fonte: Instituto Quaest

A acirrada disputa pela liderança também se reproduz na menção espontânea. De acordo com o Datafolha, Boulos aparece com 20% das preferências. Nunes e Marçal aparecem com 14% cada um. O percentual de indecisos é de 34%. No Quaest, o cenário na menção espontânea é similar. Marçal aparece com 15% das preferências. Boulos registra 14%. Nunes tem 13%. O percentual de indecisos é mais elevado: 49%.

Pablo Marçal é o candidato mais rejeitado (44%). Em relação a pesquisa Datafolha da semana passada, a rejeição de Marçal cresceu seis pontos. Guilherme Boulos é o segundo mais rejeitado (37%). Na sequência aparecem Datena (32%), Nunes (19%) e Tabata (16%). No Quaest, Datena (60%) é o candidato mais rejeitado. Na sequência aparecem Boulos (48%), Marçal (41%), Nunes (34%) e Tabata (33%).

As simulações de segundo turno dos dois institutos mostram um cenário muito parecido. Tanto no Datafolha quanto no Quaest, Ricardo Nunes venceria Guilherme Boulos e Pablo Marçal. No hipotético embate entre Boulos e Marçal, o quadro é de empate técnico no Quaest. Já no Datafolha, Boulos está na frente.

No Datafolha, Nunes venceria Boulos por uma vantagem de 15 pontos percentuais (ver tabela abaixo). Em relação ao levantamento da semana passada, Nunes cresceu quatro pontos. Boulos oscilou positivamente um ponto.

CANDIDATOS

03 a 04/09 (%)

10 a 12/09 (%)

Ricardo Nunes (MDB)

49

53

Guilherme Boulos (PSOL)

37

38

Indecisos

11

8

Branco/Nulo

2

1

*Fonte: Datafolha

No Quaest, a distância entre Nunes e Boulos também é de 15 pontos em favor do prefeito. Em relação à pesquisa de agosto, Nunes oscilou positivamente dois pontos. Boulos ficou estável.

CANDIDATOS

AGOSTO (%)

SETEMBRO (%)

Ricardo Nunes (MDB)

46

48

Guilherme Boulos (PSOL)

33

33

Indecisos

4

6

Branco/Nulo

17

13

*Fonte: Instituto Quaest

No Datafolha, Nunes tem 32 pontos de vantagem sobre Marçal. Comparado ao levantamento da semana passada, Nunes cresceu seis pontos. Marçal caiu quatro pontos.

CANDIDATOS

03 a 04/09 (%)

10 a 12/09 (%)

Ricardo Nunes (MDB)

53

59

Pablo Marçal (PRTB)

31

27

Indecisos

15

13

Branco/Nulo

2

1

*Fonte: Datafolha

No Quaest, a vantagem de Nunes sobre Marçal é um ponto menor: 20 pontos. Em relação ao levantamento de agosto, Nunes cresceu três pontos. Marçal aumentou sua intenção de voto em quatro pontos.

CANDIDATOS

AGOSTO (%)

SETEMBRO (%)

Ricardo Nunes (MDB)

47

50

Pablo Marçal (PRTB)

26

30

Indecisos

6

5

Branco/Nulo

21

15

*Fonte: Instituto Quaest

No Datafolha, em uma hipotética disputa entre Boulos e Nunes, o candidato do PSOL tem uma vantagem sobre o candidato do PRTB de nove pontos. Em relação a pesquisa da semana passada, Boulos oscilou positivamente dois pontos. Marçal oscilou um ponto para baixo.

CANDIDATOS

03 a 04/09 (%)

10 a 12/09 (%)

Guilherme Boulos (PSOL)

45

47

Pablo Marçal (PRTB)

39

38

Indecisos

12

14

Branco/Nulo

3

2

*Fonte: Datafolha

No Quaest, o cenário é de empate técnico. A distância entre Boulos e Marçal é de apenas um ponto a favor do candidato do PSOL. Em relação ao levantamento anterior, Boulos oscilou positivamente dois pontos. Marçal oscilou um ponto para cima.

CANDIDATOS

AGOSTO (%)

SETEMBRO (%)

Guilherme Boulos (PSOL)

38

40

Pablo Marçal (PRTB)

38

39

Indecisos

5

5

Branco/Nulo

19

16

*Fonte: Instituto Quaest

Apesar da acirrada disputa, neste momento, existe uma possibilidade maior do segundo turno em São Paulo ser realizado entre Ricardo Nunes e Guilherme Boulos. Nunes, ancorado no seu robusto tempo de televisão, tem conseguido se tornar mais conhecido, melhorar a avaliação de sua administração, e transformar isso em intenção de voto.

O prefeito também se beneficiou da entrada do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em sua campanha. Joga ainda a favor de Ricardo Nunes o apoio manifestado na última sexta-feira (13) pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Pablo Marçal, embora se mantenha como um candidato competitivo, está perdendo o apoio de parte dos simpatizantes de Bolsonaro para Nunes. Também prejudica Marçal sua ausência no horário eleitoral gratuito. Embora siga muito atuante nas redes sociais, o candidato do PRTB deixou de ser novidade. Mais do que isso, a campanha negativa adotada contra ele parece estar funcionando.

Guilherme Boulos, por sua vez, apesar de ter se desgastado nos embates com Pablo Marçal, que conseguiu colocar em contradição a estratégia de Boulos em se construir como um candidato moderado, similar ao modelo “Lulinha paz e amor” de 2002, ainda concentra a preferência de parcela expressiva dos eleitores de esquerda.

Porém, o candidato do PSOL não tem conseguido avançar sobre os segmentos de menor renda, que em sua maioria são habitantes da periferia de São Paulo, e representam a base social do presidente Lula (PT). Para se garantir no segundo turno, Boulos apostará na entrada mais efetiva de Lula em sua campanha.

Novo Estatuto Da Segurança Privada: Modernização e Desafios no Setor

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O recente Estatuto da Segurança Privada, sancionado pelo presidente Lula, marca uma etapa crucial na regulamentação de um setor essencial para a segurança no Brasil. Após décadas de demandas por atualizações, o estatuto traz mudanças significativas que modernizam as normas, adaptando-as aos avanços tecnológicos e às novas práticas de segurança. No entanto, vetos presidenciais sobre alguns pontos delicados abriram espaço para debates acalorados entre especialistas, empresas e sindicatos do setor.

Entre as inovações mais relevantes, destaca-se a regulamentação do uso de tecnologias avançadas, como drones e câmeras corporais. Essas ferramentas são vistas como essenciais para aumentar a eficiência na vigilância e no monitoramento, permitindo uma atuação mais robusta das empresas de segurança privada.

Além disso, o estatuto reforça a necessidade de capacitação contínua dos profissionais do setor, exigindo novos parâmetros de formação para garantir que os trabalhadores estejam aptos a enfrentar os desafios contemporâneos da segurança física e cibernética. Outra mudança importante é a possibilidade de expansão dos serviços oferecidos por empresas de segurança, permitindo que atuem em áreas antes restritas, como eventos e proteção de patrimônios públicos sob contratos específicos.

Apesar dos avanços, a sanção do estatuto foi acompanhada por vetos presidenciais a algumas propostas controversas. Um dos vetos mais discutidos foi a ampliação do porte de armas para profissionais de segurança privada. O governo, comprometido com uma política de desarmamento, justificou o veto alegando a necessidade de manter o controle sobre armamentos em mãos privadas.

Outro ponto de veto foi a permissão para que empresas de segurança privada atuassem em áreas públicas ou de interesse coletivo sem regulação específica. O governo temia que tal medida pudesse gerar conflitos com as forças de segurança pública, uma vez que a segurança pública é um dever constitucional do Estado. Por fim, o veto à atuação de empresas privadas no campo da inteligência foi justificado pela necessidade de manter esse tipo de atividade sob controle exclusivo de órgãos públicos, evitando a criação de mercados paralelos de dados sensíveis.

A modernização das normas foi bem recebida por muitas empresas, que veem no novo estatuto uma maior segurança jurídica e oportunidades para expandir seus serviços. Contudo, as restrições ao porte de armas e à atuação em áreas públicas geraram preocupações, especialmente entre as empresas de transporte de valores e escolta armada, que consideram o armamento um recurso crucial para sua segurança.

Além disso, a necessidade de adaptação às novas exigências de compliance e capacitação contínua pode pesar no orçamento de pequenas e médias empresas, criando barreiras financeiras que precisam ser superadas para a correta implementação do estatuto.

O Estatuto da Segurança Privada representa um avanço importante para a modernização do setor, promovendo a inclusão de novas tecnologias e estabelecendo padrões mais rígidos de capacitação profissional. Entretanto, os vetos presidenciais evidenciam a complexidade de equilibrar a atuação da segurança privada com a necessidade de manter o controle estatal sobre o uso da força e a coleta de informações sensíveis.

A implementação adequada das novas regras será crucial para que o setor continue contribuindo de forma eficaz à segurança pública, sem comprometer direitos fundamentais. Empresas e sindicatos precisarão se adaptar rapidamente ao novo cenário, enquanto a sociedade civil e os órgãos reguladores devem acompanhar de perto essa transição.

Análise: Tropeços diplomáticos

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Há tempos a diplomacia brasileira não vive bons momentos. Dentro do Itamaraty, persiste um clima de cizânia que vem desde o início do século. Nos tempos de Bolsonaro, padecemos com a gestão confusa de Ernesto Araújo, que, em seus delírios, propôs uma aliança cristã com os Estados Unidos e a Rússia. Criticou, ainda, o globalismo e afirmou que “fascismo e nazismo são fenômenos de esquerda”.

No ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou uma série de viagens internacionais, visitando 24 países em todos os continentes, exceto a Oceania. Enquanto conseguiu reposicionar a diplomacia brasileira no cenário global após o turbulento período bolsonarista, também acumulou declarações controversas e discursos ambíguos, que geraram desgastes tanto nas relações internacionais quanto no plano doméstico.

Mais recentemente, tivemos erros e acertos que caracterizam tempos de tropeços e sinais confusos. O Brasil tem sido leniente com o Hamas, que é um grupo terrorista, em sua cruzada contra Israel, assim como foi com a Venezuela em sua marcha rumo a uma ditadura populista. Ao mesmo tempo, adotou medidas pragmáticas e coerentes com nossa tradição ao criticar a perseguição aos bispos católicos na Nicarágua, governo sandinista que guarda algumas semelhanças ideológicas com o petismo.

No entanto, tanto no bolsonarismo quanto no lulismo vimos as políticas ideológicas contaminando as políticas de Estado. Quando as políticas de governo interferem nas políticas de Estado, diversos efeitos negativos podem comprometer a estabilidade, a eficiência e a continuidade das ações de um país. A situação é ainda agravada pelo fato inédito de que a Associação e Sindicato dos Diplomatas Brasileiros (ADB) aprovou, pela primeira vez na história da entidade, um indicativo de greve, devido a questões salariais e de carreira. Seria vergonhoso para o país termos uma greve de diplomatas às vésperas da Cúpula do G20.

Como abordei em minha coluna passada, os sinais dos tempos não são bons. O mundo está sendo desafiado pela profusão de conflitos e potenciais confrontos que se anunciam. Nossa diplomacia ajudou o Brasil a navegar por três guerras de dimensões imensas no século passado: as duas guerras mundiais e a Guerra Fria, entre Estados Unidos e União Soviética.

O pragmatismo sempre esteve no cerne da diplomacia brasileira, pautando-se por uma postura equilibrada e focada na obtenção de resultados que atendam aos interesses nacionais. Essa abordagem, ao longo da história, permitiu ao Brasil manter relações diplomáticas construtivas com países de diferentes orientações ideológicas e econômicas, priorizando o diálogo, a cooperação mútua e o respeito à soberania dos Estados.

É nesse pragmatismo que devemos ancorar nossas agendas internacionais, buscando consolidar o Brasil como um ator relevante no cenário global. O pragmatismo diplomático, no entanto, exige também a capacidade de adaptação às dinâmicas globais em constante transformação, sem jamais perder de vista os princípios fundamentais que regem nossa política externa: a defesa da paz, o respeito à soberania dos povos e a promoção dos direitos humanos.

Publicado em VEJA de 16 de agosto de 2024, edição nº 2906 e no site