A complexidade do cenário eleitoral esperado para 2026 no estado do Rio de Janeiro, vem sendo objeto de diferentes análises. Ingrediente especial foi cedido pelo próprio governador Cláudio Castro (PL), ainda no início de 2025, em ocasião que antecipou seu apoio ao atual presidente da Assembleia Legislativa (Alerj), Rodrigo Bacellar (União), sem combinar com seus líderes, a família Bolsonaro.
Não cabe reviver todo o imbróglio decorrente do movimento de Castro, já explorado detalhadamente em outras análises publicadas no Política Brasileira, mas é importante sinalizar que essa ação serviu de gatilho para disparar reações que culminaram em certas rupturas na coligação que se fez presente no palanque do governador, e, ilustra que os “fatos novos” que pretendo abordar aqui, não estão descolados de outros que, acumulados, vêm influenciando a dinâmica do cenário eleitoral.
Quais seriam estes fatos novos? Elenco três: i) megaoperação policial que aconteceu no Rio de Janeiro (28/out), ii) julgamento no TSE do caso que envolve, especialmente, Cláudio Castro e Rodrigo Bacellar (04/nov) e, iii) prisão preventiva de Rodrigo Bacellar (03/dez).
A repercussão social destes não necessariamente foi objeto central de pesquisas de mensuração. Digo, não necessariamente, porque dentre os três, somente o fato da megaoperação foi submetido a avaliação de sua repercussão direta entre os eleitores.
É importante registrar que esse fato teve repercussão para além das fronteiras fluminense, e, vem sendo considerado como determinante para reverter a avaliação do governo Castro – até então, a maioria desaprovava – que, em ato contínuo, também pôde observar um aumento das intenções de votos para uma possível vaga no Senado – antes oscilando entre 2º e 3º lugar, agora empatado em 1º com Flávio Bolsonaro (PL), segundo pesquisa Real Time Big Data divulgada no dia 03/dez.
Num primeiro momento, a megaoperação “neutralizou” Eduardo Paes (PSD). Isso porque o prefeito da capital fluminense viu, especialmente, a nacionalização do fato e, portanto, ficou entre a cruz e a espada, uma vez que apoiar Castro poderia interferir na sua relação com o seu apoiador nacional, o presidente Lula (PT). Ao mesmo tempo, viu a especulação de nomes, até então outsiders (ex.: Felipe Curi, Marcelo de Menezes e, Rodrigo Pimentel), ganharem espaço por suas participações ativas no combate ao crime organizado.
A questão central é: Paes avançou uma casa no tabuleiro, nesse contexto? Entendo que sim – recuar ou mesmo ficar inerte, pode representar avanço. Afinal, embora tenha submergido inicialmente, observou a reação pública e adotou a estratégia de evitar se envolver em polêmicas sobre a forma da megaoperação e, ao mesmo tempo de defender que o estado deve retomar os territórios que estão sob a égide do crime organizado.
Tal postura, além de não o afastar da opinião pública majoritária, o aproximou de políticos do centro, que vinham especulando uma terceira via, base essencial que Paes precisa avançar para superar sua defasagem histórica de apoio no interior do estado, que já lhe custou caro em tentativas anteriores ao cargo de governador.
O tema é complexo o suficiente para embasar uma longa tese, mas exercitarei o poder da síntese de forma cuidadosa. Quem tinha dúvidas, assumo o risco arrisco em dizer que não tem mais. A pauta da segurança (combate ao crime organizado) será, de longe, o tema central dos debates. Ela traz repercussão tanto sobre a liberdade social de ir e vir, quanto sobre a soberania do Estado, a saúde econômica e, sobretudo, a vida.
Entendo que os outros dois fatos novos elencados também fazem Paes avançar mais casas no tabuleiro.
No caso do processo do TSE, Castro e Bacellar já contam com voto pela cassação e inelegibilidade, proferido pela relatora – o processo está suspenso em virtude de pedido de vista, com expectativa de ser retomado em fev/2026. O cenário é de composição de maioria acompanhando o voto da relatora.
No caso da prisão preventiva de Bacellar, a tendência é que a Alerj vote pela soltura, mas, ainda assim, agrava a situação do atual presidente da Alerj e, além de não o absolver do prosseguimento da investigação, na percepção popular tende a repercutir negativamente sobre sua legitimidade para combater o crime organizado em seus diferentes campos de atuação.
Em face de todo o exposto, volto a dizer: a política é dinâmica e muita água ainda passará embaixo da ponte. No entanto, na fotografia atual, o brilho do, até então, principal adversário de Paes, Rodrigo Bacellar, está ofuscado.
A posição segue patinando em acordar sobre um nome competitivo. Washington Reis (MDB), que era considerado uma alternativa natural, segue com futuro incerto – também está inelegível e, o processo que pode resultar numa possível reversão do quadro, segue parado no STF desde 01/out.











