O setor de Transporte Rodoviário de Cargas e Logística já registra os primeiros impactos do aumento de tarifas de importação imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, em vigor desde 6 de agosto de 2025. Um levantamento da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) aponta que 82% das empresas consultadas relataram queda na demanda por fretes de exportação.
O estudo, conduzido pelo Departamento de Custos Operacionais e Pesquisas Econômicas (DECOPE) da NTC&Logística, revela que os efeitos da medida tarifária foram sentidos antes mesmo de sua vigência oficial. De acordo com a pesquisa, 65% das transportadoras indicaram que clientes anteciparam ou cancelaram embarques devido à instabilidade gerada pela nova taxação.
O cenário de preços do frete se mostrou dividido: 41% das empresas não notaram alteração, enquanto 29% registraram aumento e outros 29% apontaram redução nos valores. Segundo a assessoria técnica da NTC&Logística, as companhias precisaram adaptar operações e renegociar contratos para se ajustar ao novo contexto.
Perspectivas futuras para o setor
Caso as tarifas norte-americanas sejam mantidas, as empresas do setor preveem um cenário de insegurança econômica, com risco de recessão, necessidade de ajustes operacionais e possível desemprego. A busca por novos mercados para exportação, fora dos Estados Unidos, também foi citada como uma consequência direta. A NTC&Logística informou que continuará monitorando a situação para orientar as empresas do setor.
Para mitigar os impactos negativos, o governo federal publicou uma Medida Provisória com um conjunto de ações de apoio às empresas exportadoras. As medidas incluem suporte financeiro, alívio tributário e incentivos comerciais.
Liberação de linha de crédito
Em resposta ao cenário, o governo federal editou, no mês passado, uma Medida Provisória com um pacote de auxílio aos setores afetados. Foi anunciada uma linha de crédito de R$ 30 bilhões para empréstimos a empresas afetadas, com recursos do Fundo de Garantia à Exportação (FGE). A medida prevê um aporte adicional de R$ 4,5 bilhões a outros fundos (FGCE, FGI e FGO) para facilitar o acesso de pequenos e médios exportadores ao crédito, que terá como contrapartida a manutenção de empregos.
A Medida Provisória autoriza a Receita Federal a adiar o pagamento de tributos federais das empresas afetadas referentes aos meses de setembro e outubro. Além disso, o texto permite que, por 180 dias, União, estados e municípios realizem compras simplificadas de produtos perecíveis de empresas impactadas pelas sobretaxas, como para programas de alimentação escolar e hospitais. Por fim, o governo ampliou o programa Reintegra, que desonera a atividade exportadora, com alíquotas que podem chegar a 3,1% para grandes empresas e 6% para micro e pequenas, com validade até dezembro de 2026.