Entraram em vigor nesta quarta-feira (6) as tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre parte das exportações brasileiras, conforme decisão assinada pelo presidente Donald Trump na semana passada. A medida atinge 35,9% das mercadorias enviadas ao mercado norte-americano — o equivalente a cerca de 4% do total das exportações brasileiras.
Quais produtos foram taxados — e quais ficaram de fora
Entre os setores mais impactados estão o café, frutas e carnes, que passam a pagar a sobretaxa. Por outro lado, aproximadamente 700 produtos foram excluídos do tarifaço, como suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes, aeronaves civis (incluindo peças e motores), polpa de madeira, celulose, metais preciosos, energia e produtos energéticos. O governo estadunidense acabou por excluir das tarifas os itens que não possuem produção relevante em seu território.
A decisão reflete uma nova política comercial adotada por Trump para tentar proteger o setor industrial norte-americano frente à força crescente da China, elevando tarifas conforme o saldo da balança comercial de cada parceiro.
Para buscar justificar tais medidas, Trump usou para o Brasil argumentos que vão além do comércio, como ameaçar punir o Judiciário brasileiro por investigações e julgamentos que envolvam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu por supostamente liderar uma tentativa de golpe de Estado após sua derrota nas eleições de 2022, e empresas de tecnologia e redes sociais.
Plano de contingência
O presidente Lula afirmou que o Brasil não adotará retaliação imediata, mas também rejeita ser tratado como “republiqueta”. Lula declarou que o país não abre mão de buscar alternativas ao dólar nas trocas internacionais, mantendo sua posição no BRICS e defendendo a soberania nacional.
O governo prepara um plano de auxílio para os setores afetados, incluindo linhas de crédito especiais e a possibilidade de compras públicas federais para amenizar perdas. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou que medidas sobre o tarifaço serão apresentadas ainda hoje.
Haddad afirmou que minerais críticos e terras raras — insumos estratégicos para tecnologia e baterias, pouco presentes nos EUA — podem entrar como moeda de negociação, buscando flexibilizar as tarifas para produtos agrícolas. O setor do café, um dos mais prejudicados, aposta em acordo para ser retirado da lista de tarifas. Ao mesmo tempo, a China fortaleceu relações comerciais com o Brasil, ao autorizar 183 empresas brasileiras a exportarem café ao mercado chinês.