O Senado Federal instalará, nesta terça-feira (4), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado. O início dos trabalhos ocorre em meio a um ambiente político tenso, marcado, sobretudo, pela repercussão da operação conduzida pelo governo do Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho (CV) nos Complexos da Penha e do Alemão.
Diante da repercussão da operação e da crescente pressão da opinião pública, governo e oposição decidiram indicar senadores de destaque para compor a comissão. Em seguida, o grupo pretende investigar detalhadamente o modus operandi de facções como o PCC e o CV, além de analisar a atuação das milícias.
Nesse contexto, o colegiado terá como principal objetivo apurar a estrutura, a expansão e o funcionamento dessas organizações criminosas. Como resultado, espera-se que a comissão produza diagnósticos e recomendações concretas para o enfrentamento do crime organizado.
O relator deverá ser o senador Alessandro Vieira (MDB-SE), que propôs a criação do colegiado.
Por que a segurança voltou ao centro do debate?
A operação no Rio de Janeiro, o debate sobre a Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e a narrativa bolsonarista centrada em “lei e ordem” reacenderam o debate público sobre segurança. Nesse contexto, a oposição aproveita a oportunidade para se aproximar de eleitores de centro, e pretende usar a CPI para reforçar sua ideia de enfrentamento ao crime.
Enquanto isso, o governo atua para impedir que a pauta seja politicamente capturada e busca oferecer uma resposta institucional, enviando o PL Antifacção e articulando-se com governadores.
Titulares e suplentes
A CPI contará com 11 titulares e sete suplentes. Entre os nomes indicados, destacam-se quadros experientes e figuras centrais na disputa entre governo e oposição.
Oposição:
- Flávio Bolsonaro (PL-RJ)
- Sergio Moro (União-PR)
- Marcos do Val (Podemos-ES)
- Magno Malta (PL-ES)
Governo e aliados:
- Jaques Wagner (PT-BA)
- Otto Alencar (PSD-BA)
- Rogério Carvalho (PT-SE)
- Fabiano Contarato (PT-ES) – suplente
- Randolfe Rodrigues (AP) – suplente
Nesse cenário, a composição da comissão evidencia o equilíbrio político e reflete a estratégia de cada lado para influenciar os trabalhos e o debate público.

