O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal, senador Nelsinho Trad (PSD-MS), que liderou a missão oficial de senadores aos Estados Unidos, disse em entrevista à Arko Advice que nesta semana ocorrerá uma reunião para documentar os saldos da viagem. ” Já combinamos uma reunião para o início da primeira semana legislativa em Brasília. O assunto será levado a essa reunião, quando será anunciado o prazo necessário para a elaboração do relatório” disse.
O presidente ainda alertou que quem será a relatora é a senadora Tereza Cristina (PP-MS): “A relatora desta comissão será a senadora Tereza Cristina. Eu tenho o poder de nomeá-la e já a nomeei para apresentar um relatório público sobre a missão. Com isso, todos poderão conhecer o saldo dessa situação e o trabalho que realizamos”.
“Eu digo a você que valeu a pena. Imagine se a gente não tivesse feito nada. Será que teríamos alcançado o resultado que tivemos? Conseguimos tirar quase 700 produtos do tarifaço, cerca de 41% do total. Não sei se isso seria possível sem essa ação. O importante é que, quando há algo a ser feito, é melhor agir. Caso contrário, você corre o risco de se arrepender por não ter feito. E nós agimos”, acrescentou Nelsinho Trad.
Veja a entrevista completa:
O senhor liderou a comitiva brasileira que viajou aos Estados Unidos na semana passada para interlocução com parlamentares americanos sobre o tarifaço imposto ao Brasil por Donald Trump. Em sua visão, quais foram os saldos dessa viagem?
Eu digo a você que valeu a pena. Imagine se a gente não tivesse feito nada. Será que teríamos alcançado o resultado que tivemos? Conseguimos tirar quase 700 produtos do tarifaço, cerca de 41% do total. Não sei se isso seria possível sem essa ação. O importante é que, quando há algo a ser feito, é melhor agir. Caso contrário, você corre o risco de se arrepender por não ter feito. E nós agimos. A relatora desta comissão será a senadora Tereza Cristina. Eu tenho o poder de nomeá-la e já a nomeei para apresentar um relatório público sobre a missão. Com isso, todos poderão conhecer o saldo dessa situação e o trabalho que realizamos. Já combinamos uma reunião para o início da primeira semana legislativa em Brasília. O assunto será levado a essa reunião, quando será anunciado o prazo necessário para a elaboração do relatório. Durante a viagem aos Estados Unidos, o tema da compra de óleo e fertilizantes da Rússia foi sensível. Como essa questão foi recebida e como foram as tratativas? É importante salientar que nós, senadores, por meio dessa comitiva, não temos poder de negociação. O que fizemos lá foi abrir caminhos para o diálogo. Mas ouvimos muitas coisas. E aquilo que ouvimos será levado para o lado brasileiro que tem poder de negociação. O que foi dito? Tanto parlamentares democratas quanto republicanos afirmaram que o Congresso americano pretende aprovar uma lei para sobretaxar os países que compram petróleo da Rússia. Isso nós ouvimos com clareza. Trata-se de uma possível tarifa ainda maior do que a já aplicada. Eles entendem que esse tipo de comércio contribui para a manutenção da guerra entre Rússia e Ucrânia, já que o dinheiro obtido com a venda do petróleo pode ser investido em armamento. Com relação a outras tratativas comerciais com a Rússia, como a compra de fertilizantes, é possível que isso também venha a ser afetado, mas nada foi dito de forma clara. O que ouvi foi, especificamente, sobre o petróleo. O que os senhores pretendem fazer agora, com o fim do recesso parlamentar? O Senado criou a comissão externa para interlocução sobre o tarifaço. Haverá continuidade? Essa comissão tem o dever de passar informações para os órgãos competentes para que possam agir, para dar previsibilidade a eventuais situações que poderão advir ou consertar alguns rumos que, porventura, possam criar problemas. Então, essa vai ser a nossa tratativa. Essa comissão foi instituída e tem essa legitimidade. Nós devemos levar o assunto para as autoridades competentes do Brasil que estão negociando. Durante essa conversa, foi informado algo sobre a investigação dos Estados Unidos em relação ao PIX? Nenhum parlamentar mencionou isso. Nós conversamos com parlamentares. Não nos reunimos com órgãos do governo americano, tampouco batemos à porta deles, como andaram dizendo. Fomos conversar exclusivamente com parlamentares e nenhum deles falou sobre essa questão do PIX. A decisão sobre o tarifaço é do Executivo americano. Como essa viagem foi útil? Há alguma estratégia que o Parlamento possa adotar para minimizar essas taxações? O que a gente quis fazer foi estreitar, ajustar uma ponte de diálogo que estava fria e arranhada. Isso nós conseguimos. Pegamos os contatos deles e eles já mandaram mensagens para a gente. Isso vai ser visto daqui para a frente, até porque essa situação está apenas começando. Você pode ter certeza, está longe do fim. E cada um de nós tem de ter isso claro na cabeça. |