A Embraer ficou entre os 694 produtos considerados exceções da taxação de 50% imposta sobre os produtos brasileiros. Aeronaves, motores, peças e componentes de aviação apareceram na lista.
Considerada como a terceira maior fabricante de aeronaves do mundo, a empresa entende a liberação como um reconhecimento da importância das atividades da empresa para os Estados Unidos.
Com a inclusão das aeronaves na lista de exceções, o mercado reagiu positivamente: as ações da Embraer registraram alta de 10,93% nesta quarta-feira (30).
Em nota, a Embraer afirma estar confiante e defende firmemente o retorno à regra de tarifa zero para a indústria aeroespacial global.
“Mais importante ainda, apoiamos o diálogo contínuo entre os governos brasileiro e norte-americano e permanecemos confiantes em um resultado positivo para os dois países”, complementa.
Impactos bilionários
Na semana passada, a empresa alertou que o tarifaço de 50% aumentaria em cerca de R$ 50 milhões o preço de cada avião exportado para os Estados Unidos, o que, segundo a companhia, comprometeria a viabilidade das vendas. Considerando os impactos até 2030, o custo total com tarifas poderia atingir R$ 20 bilhões.
O impacto esperado era semelhante ao ocorrido durante a pandemia da covid-19. Naquele período, a companhia teve uma queda de 30% na receita e precisou reduzir o quadro de funcionários em torno de 20%.
Em resposta à medida, a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) divulgou uma nota em que estima que os 694 produtos excluídos da Ordem Executiva somaram US$ 18,4 bilhões em exportações brasileiras em 2024.
Esse valor representa 43,4% dos US$ 42,3 bilhões que o Brasil exportou aos Estados Unidos no mesmo período, conforme análise da entidade.
O setor aeronáutico contribuiu com US$ 2 bilhões em exportações no ano passado, sendo que metade desse valor veio da venda de aeronaves leves, principal produto da Embraer. Apenas o setor de combustíveis superou esse desempenho, com US$ 18,4 bilhões em vendas em 2024.
Desde o dia 2 de abril, os produtos da Embraer estão sujeitos a uma tarifa de 10%, que, conforme o previsto, permanecerá em vigor ao longo de agosto.
Tarifaço
Na ordem executiva que elevou em 50% as tarifas sobre produtos brasileiros, Donald Trump alega que o Brasil representa uma “ameaça incomum e extraordinária” à segurança nacional dos Estados Unidos, uma classificação semelhante à aplicada a países considerados hostis por Washington, como Cuba, Venezuela e Irã.
Segundo o documento, o governo brasileiro estaria “perseguindo, intimidando e censurando” o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores, o que, na visão norte-americana, configurariam violações graves de direitos humanos e comprometesse o Estado de Direito no Brasil.
Além do julgamento de Bolsonaro, a Casa Branca menciona como justificativas para a medida as ações do governo brasileiro em relação às plataformas digitais, bem como decisões tomadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
“A perseguição política, por meio de processos forjados, ameaça o desenvolvimento ordenado das instituições políticas, administrativas e econômicas do Brasil, inclusive minando a capacidade do Brasil de realizar uma eleição presidencial livre e justa em 2026. O tratamento dado pelo governo do Brasil ao ex-presidente Bolsonaro também contribui para o colapso deliberado do Estado de Direito no Brasil, para a intimidação politicamente motivada naquele país e para abusos de direitos humanos”, diz o texto.
Ainda de acordo com o documento, o governo Trump acusa o ministro Alexandre de Moraes de “exceder sua autoridade judicial ao perseguir opositores políticos, proteger aliados e reprimir vozes dissidentes”. Ele também o acusa de confiscar passaportes, prender pessoas sem julgamento e multar empresas que se recusaram a cumprir “suas exigências ilegais de censura”.