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Sirius e Petrobras criam estação experimental para analisar rochas do pré-sal

Nova tecnologia permitirá estudar rochas em condições reais do fundo do mar e impulsionar exploração de petróleo

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Pesquisadores do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), parte do complexo Sirius, em parceria com a Petrobras, desenvolveram uma nova estação experimental na linha de luz Mogno para análise de amostras de rochas reservatório de petróleo. As rochas, extraídas por sondas do fundo do oceano, são analisadas em detalhes por técnicas avançadas de tomografia tridimensional, permitindo simulações da interação entre rochas e fluidos como óleo e gás.

Com a nova estação, o tempo de análise das amostras diminuiu significativamente, apoiando a definição de cenários mais promissores de prospecção. Essa é apenas a primeira fase da parceria entre o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) e a Petrobras, que agora busca novos métodos para o pós-processamento dos dados gerados.

Como funciona a estação Mogno

O Sirius é um dos mais avançados aceleradores de elétrons do mundo, produzindo uma luz especial que revela a microestrutura de materiais em escalas minúsculas — a linha de luz Mogno, dedicada a pesquisas como essa, pode alcançar resoluções de até 200 nanômetros, cerca de mil vezes menor que um grão de areia.

A nova microestação permitirá a simulação das mesmas condições a que as rochas estão submetidas na camada do pré-sal brasileiro, feito inédito mundialmente. Ela conseguirá analisar até 88 amostras de uma vez, cada uma com cerca de 38 mm de diâmetro.

A primeira rodada de medições ocorreu em novembro de 2024, com a presença de técnicos da Petrobras, e o projeto foi finalizado em março de 2025. Apesar de ainda estar em fase de comissionamento, a previsão é que a estação esteja aberta à comunidade científica e a empresas a partir de 2026.

Estudos futuros

O objetivo principal da Petrobras é construir um banco de dados digital de rochas, que permitirá, com o uso de inteligência artificial, caracterizar as estruturas geológicas e simular o processo de recuperação do óleo.

A estação também servirá a novos projetos industriais: quatro novos contratos já foram firmados — dois com a Petrobras e dois com a Equinor — para pesquisas de tomografia 4D, tecnologia capaz de observar o fluxo de fluidos em meios porosos em condições que imitam o pré-sal.

Como acessar o Sirius

O acesso às linhas de luz do Sirius, como a Mogno, está disponível para pesquisadores de universidades, centros de pesquisa e empresas mediante a apresentação de projetos. O uso é gratuito para quem se comprometer a tornar os dados públicos, geralmente por meio de publicações científicas. Para pesquisas confidenciais, o acesso é pago.

Os editais para submissão de propostas são publicados duas vezes por ano e são abertos a pesquisadores do mundo todo. Informações detalhadas estão no site do LNLS.

Autor

  • Jornalista formado pela Universidade Católica de Brasília (UCB). Com experiência em Política, Economia, Meio Ambiente, Tecnologia e Cultura, tem passagens pelas áreas de reportagem, redação, produção e direção audiovisual.

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