A retomada das obras da usina nuclear Angra 3 foi o tema central da audiência pública realizada pela Comissão de Minas e Energia (CME) nesta terça-feira (27), na Câmara dos Deputados. Representantes do setor de energia nuclear ponderaram os custos fiscais para o abandono ou a retomada da construção.
Até agora, já foram investidos R$ 12 bilhões na usina. Na avaliação do presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo, a discussão da retomada ou não das obras precisa ser definida o quanto antes.
“Discutir Angra 3 é muito claro, precisa ser feito. Pior investimento em infraestrutura é o que está paralisado, pois não teve retorno, só gasto”, declarou.
De acordo com o presidente, enquanto o futuro da usina não for discutido pelo governo, o custo da manutenção chega a R$ 1 bilhão por ano. Para a conclusão da obra, são estimados R$ 23 bilhões em investimento.
CNPE adiou decisão
Em fevereiro, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) adiou a decisão sobre a continuidade da construção da usina. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que a pauta deve ser discutida nas próximas reuniões do colegiado.
A posição do ministério foi de que a obra só avançaria quando encontrassem uma gestão eficiente. A próxima reunião do conselho está marcada para o início de dezembro deste ano.
Obra paralisada há 10 anos
A usina nuclear de Angra 3 foi idealizada em meados dos anos 1980 e iniciou a construção em 2010. No entanto, foi interrompida em 2015 motivada por questões orçamentárias.
A instalação faz parte do projeto de complexo nuclear onde estão localizadas as usinas de Angra 1 e Angra 2. A primeira, opera comercialmente desde 1985, a segunda desde 2001.
Angra 3 está com 67% da obra pronta, parcela que representa principalmente a construção civil. Caso seja concluída, a instalação poderá gerar mais de 12 milhões de megawatts-hora por ano, o suficiente para atender 4,5 milhões de pessoas.

