Faltando cerca de seis meses para a COP30, o presidente da conferência, André Corrêa do Lago, divulgou uma carta em que afirma haver uma “perigosa tendência rumo a colapsos sistêmicos sucessivos” no meio ambiente, provocados por um “efeito dominó” das mudanças climáticas.
O documento reforça a necessidade de uma resposta multilateral urgente, conclamando os países a agirem em conjunto para evitar consequências “potencialmente devastadoras” para o planeta.
A COP30 acontecerá em novembro deste ano em Belém (PA) ,e deve reunir representantes de mais de 190 países, especialistas, ONGs, e membros da sociedade civil para avaliar o progresso do Acordo de Paris e definir ações mais eficazes.
Acordo de Paris: foco na implementação e financiamento climático
O Acordo de Paris, assinado em 2015, prevê limitar o aquecimento global a no máximo 2°C até o final do século, com esforços para conter o aumento a 1,5°C. No entanto, poucos países entregaram suas novas metas climáticas (NDCs) no prazo estabelecido (fevereiro de 2025), o que levou a Organização das Nações Unidas (ONU) a estender o prazo até setembro.
Corrêa do Lago defende a aceleração na implementação do acordo, com estímulo a mudanças estruturais e uma conexão mais clara entre a crise climática e a vida real da população.
Financiamento climático e metas são desafios
Um dos grandes entraves enfrentados é o financiamento climático. Segundo estudo apresentado na COP29, seria necessário um aporte de US$ 1,3 trilhão até 2035 para garantir ações de mitigação, adaptação e prevenção climática. Porém, os países comprometeram-se com apenas US$ 300 bilhões, valor criticado pelo Brasil e especialistas por ser insuficiente.
Outro ponto crítico são as metas de descarbonização. Apenas cerca de 10% dos países signatários apresentaram suas NDCs atualizadas para 2035. A baixa adesão é vista como um risco para o cumprimento dos objetivos climáticos globais.
Lula reforça cobrança por compromissos
O presidente Lula (PT) tem usado fóruns internacionais para denunciar o descumprimento de promessas climáticas feitas por países desenvolvidos. Segundo ele, a COP30 precisa marcar uma nova fase de compromissos efetivos, saindo do discurso para a prática.
Em consonância com essa visão, o negociador-chefe do Brasil no BRICS, Maurício Lyrio, está articulando uma posição conjunta entre os países líderes do bloco (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) para apresentar propostas robustas de financiamento na conferência.
Dependência por combustíveis fósseis é entrave para a transição energética
Outro desafio destacado pelo governo brasileiro é a alta dependência mundial dos combustíveis fósseis. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), já declarou ser “inadiável” debater globalmente estratégias para reduzir e eliminar o uso de petróleo, gás e carvão.
Expectativas para a COP30 em Belém
O Brasil, como anfitrião, espera que a COP30 seja um marco para a retomada da ambição climática, com foco em resultados concretos. Além da organização logística — que envolve desafios com infraestrutura, segurança e rede hoteleira —, o país quer liderar o debate climático e cobrar dos demais uma postura mais comprometida.
“É mais que hora de refletirmos sobre como fortalecer a governança global e acelerar exponencialmente a implementação do Acordo de Paris”, concluiu Corrêa do Lago em sua carta.