O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que a humanidade não conseguiu conter o aquecimento global ao limite de 1,5 grau Celsius, meta do Acordo de Paris há dez anos. Em entrevista, Guterres reconheceu que a temperatura do planeta deve ultrapassar esse limite nos próximos anos, provocando consequências devastadoras, incluindo pontos de inflexão críticos na Amazônia, Groenlândia, Antártida ocidental e recifes de coral.
“Vamos reconhecer o nosso fracasso […] Ultrapassar 1,5°C tem consequências devastadoras”, alertou.
Compromissos insuficientes
Apesar da gravidade, apenas 62 dos 197 países enviaram seus planos de ação climática (NDCs). Os Estados Unidos, sob o atual governo Donald Trump, abandonaram o processo, enquanto Europa e China não cumpriram adequadamente seus compromissos. Guterres ressaltou a necessidade de planos ousados e financiamento anual estimado em 1,3 trilhão de dólares para países em desenvolvimento até 2035, a fim de evitar maiores danos climáticos.
“Não queremos ver a Amazônia como uma savana. Mas este é um verdadeiro risco se não mudarmos de rumo e se não reduzirmos drasticamente as emissões [de gases de efeito estufa] o mais rápido possível”, afirma.
Inclusão e protagonismo indígena
Guterres defendeu maior influência das comunidades indígenas nas discussões da COP30, ressaltando que são os melhores guardiões da natureza.
“É fundamental investir naqueles que são os melhores guardiões da natureza. E os melhores guardiões da natureza são precisamente as comunidades indígenas”, defendeu.
O ano de 2026 será o último de Guterres à frente da ONU. Ele expressou desejo de ter dado mais atenção a clima e natureza mais cedo, mas afirmou que essas causas são prioridades máximas atualmente. O apelo final foi para que líderes mundiais não adiem mais a redução das emissões que causam o efeito estufa.

