Cinco dos seis biomas brasileiros tiveram queda no desmatamento em 2024, segundo o Relatório Anual do Desmatamento (RAD) divulgado pelo MapBiomas nesta quarta-feira (14). A única exceção foi a Mata Atlântica, que registrou aumento de 2% em comparação com 2023, devido principalmente a eventos climáticos extremos, mas com número considerado estável.
No total, o país desmatou 1.242.079 hectares no ano, com 60.983 alertas registrados — uma queda de 32,4% na área e 26,9% nos alertas, em relação ao ano de 2023.
Redução por bioma
Veja os percentuais de redução do desmatamento por bioma em 2024:
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Pantanal: -58,6%
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Pampa: -42,1%
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Cerrado: -41,2%
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Amazônia: -16,8%
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Caatinga: -13,4%
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Mata Atlântica: +2%
Apesar da queda, Cerrado e Amazônia continuam sendo os biomas mais atingidos, concentrando 89% da área desmatada. O Cerrado liderou pelo segundo ano consecutivo, com 652 mil hectares perdidos, o que representa 52,4% do total de vegetação suprimida no país.
Motivos para a redução
Segundo os pesquisadores, três fatores principais explicam a queda do desmatamento:
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Planos específicos de enfrentamento para todos os biomas.
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Maior atuação dos estados na fiscalização e nos embargos ambientais.
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Uso crescente dos dados de desmatamento na concessão de crédito rural.
Destaques regionais e estaduais
A região Amacro (Amazonas, Acre e Rondônia) teve queda de 13%, com 89 mil hectares desmatados. Já o Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) concentrou 42% da perda de vegetação nativa no país, com destaque para o Cerrado, onde 75% da destruição ocorreu nessa região.
Entre os estados que mais desmataram, destacam-se:
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Maranhão: 17,6%
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Pará: 12,6%
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Tocantins: 12,3%
Os estados que mais reduziram o desmatamento foram Goiás, Paraná e Espírito Santo, com queda superior a 60%. Por outro lado, Rio de Janeiro, Acre e Rio Grande do Sul tiveram aumento nas perdas — neste último, por conta de eventos extremos na Mata Atlântica.
Municípios e terras indígenas
Mais da metade dos municípios brasileiros tiveram pelo menos um registro de desmatamento em 2024. Os maiores aumentos proporcionais ocorreram nos municípios piauienses de Canto do Buriti, Jerumenha, Currais e Sebastião Leal.
Nas terras indígenas, o desmatamento caiu 24%, totalizando 15.938 hectares. A TI Porquinhos dos Canela-Apãnjekra (MA) liderou as perdas, com aumento de 125% em relação a 2023.
Nas Unidades de Conservação, a perda foi de 57.930 hectares — 42,5% a menos que no ano anterior. A APA Triunfo do Xingu (PA), na Amazônia, foi a mais afetada.
Transparência
Em 2024, 43% do desmatamento no país ocorreu com autorização, sendo o Cerrado o bioma com maior volume autorizado (66%). Já na Amazônia, apenas 14% da área desmatada foi liberada legalmente.
O Maranhão, além de liderar o ranking de desmatamento, foi o estado com menos transparência nos dados ambientais.
Vetores de desmatamento e série histórica
Desde 2019, o Brasil perdeu 9,88 milhões de hectares de vegetação nativa, sendo 67% apenas na Amazônia Legal, área que engloba nove estados do Brasil. A agropecuária é responsável por mais de 97% do desmatamento registrado no país nos últimos seis anos, de acordo com o MapBiomas.