O presidente Lula (PT) participou na quarta-feira (10) do início dos testes de energização da linha de transmissão Manaus-Boa Vista, marcando a integração de Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN), único estado da federação até então isolado.
“Estamos devolvendo a Boa Vista a cidadania que merece. Agora, os empresários que querem fazer investimento, Roraima tem uma possibilidade extraordinária de comércio exterior com o Suriname, Guiana, Trinidad e Tobago e com o Caribe”, disse, em evento na sede do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
A linha de transmissão, chamada Linhão do Tucuruí, foi licitada em 2011, enfrentou atrasos e dificuldades ambientais por passar pela Terra Indígena Waimiri-Atroari, e a obra começou em 2021, sob responsabilidade da concessionária Transnorte Energia.
A interligação significa mais segurança no fornecimento de energia elétrica, com redução de interrupções e potencial para triplicar a oferta atual no estado, de acordo com Lula.
Impactos econômicos e comerciais
O presidente ressaltou a possibilidade de o estado atrair investimentos industriais para produção destinada tanto ao mercado interno quanto à exportação para a região e para o centro-sul do Brasil.
“Roraima tem essa possibilidade de ter um comércio forte com o Caribe, não apenas na venda de produtos de alimentação, mas também de produtos industrializados […]. Significa que o empresário que quiser fazer uma fábrica em Roraima para produzir coisas e exportar para o Caribe ou exportar mesmo para o centro-sul do país, estão dadas as condições”, acrescentou Lula.
Redução de custos e emissão de poluentes
A obra, com investimento de R$ 2,6 bilhões e extensão de 724 km, permite desligar as usinas termelétricas a gás e óleo diesel que abasteciam Roraima, reduzindo os custos anuais em mais de R$ 600 milhões e cortando mais de 1 milhão de toneladas de emissões de gases do efeito estufa por ano.
Em 2001, Roraima começou a ser abastecida pela energia elétrica gerada na Venezuela, em uma linha inaugurada pelos então presidentes Fernando Henrique Cardoso e Hugo Chávez. O fornecimento foi interrompido em 2019 e, desde então, o estado era abastecido exclusivamente por usinas termelétricas a gás e óleo diesel, que eram transportados diariamente entre Manaus e Boa Vista por 120 caminhões-tanque.
Integração na América do Sul
Lula ressaltou a capacidade do Brasil em liderar a integração eletroenergética regional, acreditando que o sistema interligado possa ser um exemplo para o mundo.
“O dia em que os presidentes da América do Sul tiverem consciência da importância de um sistema como esse, a gente pode interligar todo o potencial hídrico da América do Sul e a gente pode ser uma potência muito maior, fazendo com que nenhum país mais tenha problema de falta de energia porque a gente pode fazer transmissão de um para o outro na hora em que a gente quiser”, disse.
O ministro Alexandre Silveira complementou informando que a linha Manaus-Boa Vista permite não só o envio de energia ao estado, mas também a recepção de energia de usinas na Venezuela e futura conexão com a Guiana, além de ressaltar ligações já existentes com outros países da América do Sul.
“Nós já somos interligados ao Paraguai através da maior usina de integração da América Latina, que é Itaipu Nacional. Nós somos interligados à Argentina e somos interligados ao Uruguai”, disse.