O novo presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Gilberto Waller Júnior, afirmou nesta terça-feira (6) que o ressarcimento de aposentados e pensionistas vítimas de descontos indevidos será feito exclusivamente via folha suplementar, na mesma conta bancária onde o benefício é depositado atualmente.
“Será feito via benefício, via conta do benefício. Nada de Pix, nada de depósito em conta e nada de sacar em banco”, declarou Waller em entrevista à Rádio CBN.
O objetivo da medida é garantir segurança no processo de devolução e evitar que vítimas da fraude sejam novamente enganadas por criminosos. Segundo o presidente, os valores serão pagos em folha suplementar, uma forma de pagamento adicional à folha principal.
Alerta contra novos golpes
Diante da repercussão do caso, criminosos estão tentando aplicar novos golpes, se passando por funcionários do INSS em ligações telefônicas e mensagens de WhatsApp. Eles prometem a devolução do dinheiro e solicitam dados ou ações dos aposentados, como cliques em links e transferências bancárias.
“Peço para todos: não caiam em outros golpes, não assinem nada, não abram links e não acreditem em quem oferece facilidade”, alertou Waller.
Investigação revela fraude bilionária
A investigação conduzida pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU) identificou um esquema de propina envolvendo entidades sindicais e servidores públicos. As entidades cadastravam beneficiários sem autorização e aplicavam descontos mensais indevidos nos pagamentos previdenciários.
Segundo estimativas do INSS, cerca de 4,1 milhões de beneficiários foram afetados, com prejuízo potencial de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.
Foram encontrados casos em que o aposentado era filiado a mais de uma entidade no mesmo dia, e também liberações de descontos em lote sem autorização individual dos segurados — um fator que impulsionou o aumento das fraudes.
Mudança no comando do INSS
No dia 24 de abril, após a divulgação do escândalo, o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi demitido por ordem do presidente Lula. A Justiça já havia determinado o afastamento do gestor, que foi indicado pelo até então ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT).
Para substituí-lo, Lula nomeou Gilberto Waller Júnior, procurador federal com longa trajetória no próprio INSS. Waller é especialista em combate à corrupção e lavagem de dinheiro, e já ocupou os cargos de corregedor-geral e subprocurador-geral da autarquia.
Ele afirmou que o plano de ressarcimento está em fase final e deverá ser entregue na próxima semana, mas ainda não há data oficial para o início dos pagamentos.