A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) iniciou, na última quinta-feira (21), consulta pública para debater uma versão prévia do edital do Leilão de Transmissão previsto para ser realizado em 27 de março do ano que vem.
O leilão tem previsão de R$ 3,31 bilhões em investimentos. Serão cinco lotes a serem ofertados para a construção e manutenção de 661 quilômetros em linhas de transmissão novas e seccionamentos e de 2.400 mega-volt-ampères (MVA) em capacidade de transformação, além de cinco compensações síncronas.
Os empreendimentos serão instalados em 12 estados: Bahia, Ceará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe. As empresas vencedoras terão entre 42 e 60 meses para a conclusão das obras. Segundo cálculos da Aneel, serão criados 9.027 novos empregos diretos e indiretos durante as obras.
Dois lotes superam a expectativa de investimento de R$ 1 bilhão: o Lote 03, para a construção de compensações síncronas em quatro subestações no Rio Grande do Sul e no Ceará; e o Lote 05, para a construção de 505 quilômetros em linhas de transmissão e de três subestações em Mato Grosso e no Pará.
A consulta pública está disponível para contribuições até 19 de setembro, pelo e-mail cp028_2025@aneel.gov.br.
Baterias
Também na quinta-feira da semana passada, a Aneel tratou da possibilidade de realizar leilões de sistemas de armazenamento como parte integrante das concessões de transmissão.
Segundo o diretor-geral da agência reguladora, Sandoval Feitosa, a inclusão de baterias entre os empreendimentos licitados garantiria flexibilidade e continuidade ao suprimento de energias renováveis e variáveis no Sistema Interligado Nacional (SIN), reduzindo o risco de problemas de corte de geração por indisponibilidade de escoamento do SIN – o chamado curtailment.
O Plano Decenal de Expansão de Energia/2025 sinaliza a instalação de 800 MW de baterias no SIN, sendo que as primeiras estariam previstas para 2031.
Leilão de pequenas usinas
O Leilão de Energia Nova A-5 (início de geração daqui a cinco anos), realizado na sexta-feira passada (22), marcou a retomada da contratação de usinas hidrelétricas. No evento foram contratados 815,6 MW de 65 novos projetos, com investimento estimado de R$ 8 bilhões. O certame foi destinado a Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs) e Usinas Hidrelétricas (até 50 megawatts – MW).
“As Pequenas Centrais Hidrelétricas causam menor impacto ambiental e complementam fontes intermitentes, como a solar e a eólica. Além disso, as PCHs estão espalhadas pelo território nacional, reduzindo a necessidade de investimentos em grandes corredores de transmissão”, afirmou após o leilão o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
O preço médio alcançado no leilão foi de R$ 392,84 por megawatts-hora (MWh) e deságio de 3,16%. As novas hidrelétricas, a serem construídas em 13 estados, têm previsão de operação em 2030, com contratos de 20 anos.
O ministro destacou a importância do evento para a indústria e a siderurgia: cada 1 GW contratado equivale à demanda de 120 toneladas de aço. Lembrando o momento vivido pela indústria nacional, diante da aplicação de novas tarifas pelo governo dos Estados Unidos, Silveira firmou: “É alternativa para a nossa indústria siderúrgica, que atravessa um delicado momento em virtude das nefastas tarifas impostas pelos norte-americanos.”
Brasil-Bolívia
O ministro Alexandre Silveira informou que tem discutido com o presidente Lula (PT) a necessidade de retomar a construção de grandes usinas hidrelétricas. Mencionou o avanço da cooperação técnica com a Bolívia, voltada para uma usina no rio Madeira, e sugeriu a retomada do Complexo de Tapajós, na Amazônia.
“Falei com o presidente Lula sobre a importância de enfrentar esse debate. E a ideia é avançar. Quem sabe [com] uma nova binacional, repetindo o sucesso de Itaipu”, afirmou, referindo-se ao projeto binacional com a Bolívia.
O Complexo de Tapajós inclui grandes usinas, como São Luiz do Tapajós e Jatobá, com potencial total superior a 10 GW (gigawatts). “A retomada das hidrelétricas impulsiona a indústria brasileira. Dominamos todas as etapas da cadeia de produção, desde a engenharia até a operação”, disse Alexandre Silveira.