O IBGE divulgará na próxima quinta-feira (31) a taxa de desemprego do trimestre encerrado em junho, trazendo um ajuste técnico: a revisão da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) com base nos dados do Censo Demográfico de 2022. Isso significa que, a partir de agora, o perfil populacional real do país, coletado mais recentemente pelos recenseadores, passa a ser incorporado à amostra representativa dos lares visitados pelos pesquisadores da Pnad.
Toda a série histórica da pesquisa, iniciada em 2012, será atualizada, e os dados dos meses anteriores poderão apresentar pequenas variações.
Ajuste é rotineiro
A cada novo Censo, o IBGE ajusta suas pesquisas amostrais para incorporar as mudanças na estrutura populacional, como proporções de gênero, idade, domicílio urbano ou rural. Sem isso, a precisão dos indicadores seria afetada, como por exemplo a descoberta de que, segundo o Censo, a população era de 212,6 milhões em 2024, enquanto a projeção antiga da Pnad chegava a estimar mais de 216 milhões de brasileiros.
Este procedimento faz parte da rotina, adotado por institutos de estatística em todo o mundo após a divulgação de seus censos demográficos, e pode acontecer também em situações excepcionais, como na pandemia da covid-19, em que a coleta de informações foi feita por telefone.
O que esperar
O IBGE informa que, historicamente, reponderações da Pnad e da Pnad Contínua não resultaram em mudanças relevantes nos indicadores. As variações costumam ser marginais, limitadas à segunda ou terceira casa decimal dos percentuais. Números absolutos de população podem diferir um pouco, mas não devem ocorrer alterações expressivas nos principais indicadores (como taxa de desocupação).
O dado de desemprego mais recente, divulgado em 27 de junho, trouxe uma taxa de desocupação de 6,2% para o trimestre encerrado em maio, o menor nível para o período desde o início da série histórica. Com a revisão, esse percentual pode ser ajustado, mas não se espera mudança significativa da tendência de melhora do mercado de trabalho.
Como é feita a coleta
A Pnad Contínua visita 211 mil domicílios em 3,5 mil municípios brasileiros, a cada trimestre. Pelos critérios adotados pelo IBGE, só é considerada desocupada a pessoa de 14 anos ou mais que procurou emprego efetivamente, e leva em consideração todas as formas de trabalho.
É diferente do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), elaborado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que informa apenas dados relacionados a trabalhadores com carteira assinada.