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Governo mapeia 49 locais usados para tortura durante a ditadura militar

Publicação preserva memória de espaços de repressão e resistência, 61 anos após o golpe de 1964

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Na semana em que o golpe militar de 1964 completa 61 anos, o Ministério dos Direitos Humanos (MDH) lançou a publicação “Lugares de Memória da Ditadura Militar”, que mapeia 49 locais usados para tortura, repressão e resistência política durante o regime militar no Brasil, entre 1964 e 1985. A iniciativa faz parte da seção Memória e Verdade do Observatório Nacional dos Direitos Humanos, plataforma que reúne dados e informações sobre os direitos humanos no país.

A publicação identifica locais distribuídos em todas as regiões do Brasil:

  • Sudeste: 17 locais
  • Nordeste: 15
  • Sul: 7
  • Norte: 6
  • Centro-Oeste: 4

Os estados com maior número de pontos mapeados são São Paulo (7), Pernambuco (6) e Rio de Janeiro (5). Os locais variam entre quartéis, prisões, hospitais, universidades, cemitérios, parques e centros de detenção clandestinos.

Entre a repressão e a resistência

Dentre os espaços destacados, está o Departamento de Ordem Política e Social (Dops) de São Paulo, um dos principais órgãos de repressão política do regime. Hoje, abriga o Memorial da Resistência, espaço de homenagem à luta contra a ditadura. Outro local emblemático é a Casa da Morte, em Petrópolis (RJ), usada como centro clandestino de tortura nos anos 1970. Apenas uma das cerca de 20 pessoas que passaram por lá sobreviveu: Inês Etienne Romeu, ex-dirigente da VAR-Palmares.

Em Recife (PE), o antigo prédio do Dops também foi mapeado, lembrado como um dos mais ativos centros de repressão do Nordeste. Já no rio Paraná, em Foz do Iguaçu (PR), houve registros de desaparecimentos forçados durante a Operação Condor, pacto entre ditaduras sul-americanas para perseguir opositores políticos entre fronteiras.

Memória como ferramenta de democracia

Segundo Paula Franco, coordenadora-geral de Políticas de Memória e Verdade do Ministério dos Direitos Humanos, o objetivo do mapeamento é preservar a memória coletiva do país e fortalecer os valores democráticos. “São locais que guardam memórias sensíveis, de feitos traumáticos e violentos, mas também de experiências resistentes”, afirmou.

A proposta inclui a transformação de alguns desses locais em memoriais, como é o caso da Casa da Morte, que será reconfigurada como espaço de valorização da democracia.

Autor

  • Jornalista formado pela Universidade Católica de Brasília (UCB). Com experiência em Política, Economia, Meio Ambiente, Tecnologia e Cultura, tem passagens pelas áreas de reportagem, redação, produção e direção audiovisual.

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