O ano de 2024 se destacou pelo desempenho positivo na criação de empregos formais, com a geração de 1,6 milhão de novas vagas no Brasil, representando um crescimento de 16,5% em relação ao ano anterior. Segundo os dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), sistema que monitora os vínculos de trabalho com carteira assinada no país, o saldo de empregos superou o registrado em 2023, que havia sido de 1,4 milhão postos.
Apesar desse crescimento robusto, o mês de dezembro trouxe um revés no mercado de trabalho, com uma queda de 535 mil vagas formais, resultando em uma retração de 1,12% no saldo de empregos. Esse resultado decorreu de 1,5 milhão de admissões e de 2 milhões de desligamentos.
Taxa de juros e emprego
O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho (PT), ao comentar os dados do Caged, apontou que a política de juros, implementada pelo Banco Central, pode ter influenciado a desaceleração no saldo de empregos registrado em dezembro. Contudo, ele destacou que a responsabilidade por essa análise recai sobre a autoridade monetária. Marinho chegou a criticar a visão de que um mercado de trabalho aquecido justifica a elevação da taxa de juros, em coletiva que expôs os dados do Caged. Durante a apresentação, ele afirmou ser uma “aberração” especialistas defenderem que a geração de empregos contribua para a inflação.
“Tudo que se espera é que tenha emprego e que se aqueça os postos de trabalho com ganho salarial para a classe trabalhadora”, declarou.
Segundo o ministro, o mais importante é garantir que o mercado de trabalho continue aquecido, com foco na valorização dos postos de trabalho e na melhoria das condições salariais para a classe trabalhadora. Ele reiterou ainda que a prioridade deve ser estimular a produção e aumentar a confiança dos empresários para investir, ao invés de depender unicamente da elevação dos juros como mecanismo para controlar a inflação.
Qual setor que mais contratou?
Em termos setoriais, o setor de serviços foi o maior responsável pela geração de postos em 2024, criando 929 mil novas vagas, representando um aumento de 4,20%, ainda que tenha sido o setor com maior saldo negativo, de 257 mil. Ou seja, mais pessoas se desligaram do que foram admitidas.
O comércio também se destacou, com 336 mil postos de trabalho a mais (+3,28%), seguidos pela indústria (+3,56%), que gerou 306 mil novas vagas, sendo puxada pela indústria de transformação, que registrou um aumento de 282 mil postos. A construção civil e a agropecuária também colaboraram positivamente para o saldo geral, com a primeira gerando 110,9 mil postos (+4,04%) e a segunda 10,8 mil postos (+0,61%).
No mês de dezembro, quando houve retração no final do ano, setor de serviços foi o mais afetado, como apresentado anteriormente, uma perda de 257 mil postos de trabalho, atingindo o maior saldo negativo entre outras atividades econômicas, seguido pela indústria, que perdeu 116 mil vagas. O mercado de trabalho sofreu uma desaceleração generalizada, atingindo diferentes tipos de vínculo empregatício, tanto os típicos quanto os não típicos. Em particular, a redução foi notável entre trabalhadores com jornadas de até 30 horas, temporários e aprendizes.
Quais estados mais contrataram?
O saldo positivo de 2024 foi registrado em todas as 27 Unidades Federativas do Brasil. O destaque foi São Paulo, que gerou 459 mil novos postos de trabalho, seguido por Rio de Janeiro (+145 mil) e Minas Gerais (+139 mil). Regionalmente, a maior geração de empregos ocorreu no Sudeste (+3,35%), que foi responsável pela criação de 779 mil novas vagas. O Nordeste também teve um bom desempenho (+4,34%), com 330 mil postos a mais, enquanto o Sul, recuperando-se dos efeitos das enchentes em alguns estados, gerou 297 mil novos postos (+3,58%).
Perfil dos novos empregos
Em relação ao perfil dos trabalhadores, o saldo de empregos foi positivo para ambos os gêneros, com destaque para a criação de 898.680 postos para mulheres, enquanto os homens geraram 794 mil vagas. Além disso, os grupos raciais também mostraram resultados positivos: os pardos foram os mais beneficiados, com 1,9 milhão de postos criados, seguidos pelos brancos (+908.732) e pretos (+373.501). No entanto, o número de postos gerados para indígenas foi negativo, com uma perda de 1,5 mil vagas.
Apesar dos desafios enfrentados no último mês de 2024, uma boa notícia veio do salário médio real de admissão, que aumentou 2,59% em comparação a 2023, atingindo R$ 2.177,96. Para os trabalhadores típicos, o valor foi ainda maior, com R$ 2.211,13, enquanto para os trabalhadores não típicos, o salário médio foi de R$ 1.941,72, um valor 10,8% menor que o valor médio.