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Setor de ferro-gusa teme demissões em massa com tarifa de 50% dos EUA

Produtores acompanham paralisia das negociações e já sentem impacto

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A proximidade do início das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos, a partir da próxima sexta-feira (1º), provoca apreensão e sinalizações de crise no setor brasileiro de ferro-gusa, matéria-prima essencial para a produção de aço. Importadores norte-americanos já anunciaram a suspensão de contratos com fornecedores do Brasil, segundo Fernando Varela, presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico do Espírito Santo (Sindifer).

Embora ainda não haja cancelamento dos pedidos em andamento, o clima é de temor crescente diante da ausência de um acordo diplomático e da falta de perspectiva para reversão rápida das tarifas.

Diálogo travado

A principal preocupação do setor é o congelamento das conversas bilaterais: desde a comunicação do tarifaço por Donald Trump em 9 de julho, houve pouco avanço no estabelecimento de diálogo direto entre Brasília e Washington. O único contato de alto escalão foi entre o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, no último dia 19.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), admite dificuldades para dialogar com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, ficando as tratativas restritas a níveis técnicos, sem perspectiva de solução política ou flexibilidade.

Perspectiva de demissões

O setor de ferro-gusa, que viu o Brasil alcançar uma participação recorde de 14,9% no mercado estadunidense de aço e ferro em 2024, enfrenta um cenário especialmente delicado. Segundo Varela, buscar novos mercados é “praticamente impossível” no curto prazo e “difícil” até mesmo em horizontes mais longos, dada a alta dependência dos EUA como destino de exportação. Com o tarifaço e a suspensão dos contratos de importação, indústrias já projetam paralisações, férias coletivas e demissões em massa. O presidente do Sindifer prevê que, sem alternativas viáveis, a maioria das empresas “irá demitir” caso as tarifas sejam efetivadas.

O quadro se agrava pelo fato de o aço brasileiro já estar sujeito à tarifa de 50% desde junho, atingindo pesadamente o segundo maior fornecedor do mercado norte-americano, atrás apenas do Canadá.

Autor

  • Jornalista formado pela Universidade Católica de Brasília (UCB). Com experiência em Política, Economia, Meio Ambiente, Tecnologia e Cultura, tem passagens pelas áreas de reportagem, redação, produção e direção audiovisual.

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