Os números das pesquisas Quaest e instituto Paraná mostrando a interrupção da melhora na aprovação do presidente Lula (PT), consequência dos erros de posicionamento do governo federal na megaoperação de combate ao crime organizado ocorrida no Rio de Janeiro (RJ), há cerca de 15 dias, indicam que o tema da segurança pública mantém o governo na defensiva.
A pauta da segurança que, de acordo com a pesquisa Quaest é a principal preocupação da opinião pública, com 38%, segue desafiando o governo. Mais do que isso, faz com que a oposição, mesmo fragmentada, paute a agenda política.
Ontem (12), o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), anunciou a transferência de sete chefes da facção criminosa Comando Vermelho para presídios federais. Além disso, em São Paulo, um caminhão ficou atravessado na pista do Rodoanel Mario Covas, em Itapecerica da Serra, bloqueando o trânsito por cinco horas. Embora o fato tenha ocorrido por uma suspeita de bomba na cabine, a versão inicial era que o motorista do caminhão teria sido sequestrado. Soma-se a isso o debate do PL Antifacção, que domina as atenções do Congresso Nacional.
Esses eventos mostram que a segurança pública continua dominando o noticiário. Os dois episódios, mais do que fortalecer a narrativa da oposição no combate à criminalidade, mexem em sentimentos como a insegurança que, por sua vez, ativam o medo. Como a segurança é uma pauta em que a esquerda tem dificuldade de enfrentar, a oposição acaba sendo beneficiada.
Se, entre junho e outubro, o tarifaço imposto pelos Estados Unidos contra o Brasil havia marcado uma virada no clima da opinião pública em favor de Lula, após a megaoperação no Rio, temos uma nova inflexão, desta vez favorável à oposição.

