A nova rodada da pesquisa Genial/Quaest divulgada hoje (11) aponta uma interrupção na melhora da aprovação do governo Lula (PT), que havia começado em agosto. A aprovação, em novembro, oscilou negativamente 1 ponto percentual. A desaprovação, por outro lado, oscilou positivamente 1 ponto nesse mesmo período.
Com isso, piorou o saldo de popularidade de Lula. Em outubro, o saldo era negativo de 1 ponto. Agora, o saldo negativo é de 3 pontos. Como a margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, o quadro de empate técnico entre aprovação e desaprovação se mantém, mostrando que o país permanece muito polarizado.
| Avaliação | Jan (%) | Mar (%) | Mai (%) | Jul (%) | Ago (%) | Set (%) | Out (%) | Nov (%) |
|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
| Desaprova | 49 | 56 | 57 | 53 | 51 | 51 | 49 | 50 |
| Aprova | 47 | 41 | 40 | 43 | 46 | 46 | 48 | 47 |
Fonte: Genial/Quaest (06 a 09/11)
A interrupção na recuperação da popularidade tem relação com a megaoperação de combate ao crime organizado realizada pelo governo do Rio de Janeiro (RJ). Como a opinião pública respaldou a operação e Lula adotou um posicionamento crítico em relação à operação policial nos complexos do Alemão e da Penha, houve um desgaste para o presidente nesse episódio.
A megaoperação fez com que o debate da segurança pública dominasse o noticiário e deixasse em um plano secundário a repercussão positiva do encontro ocorrido entre Lula e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Malásia. Outro aspecto a ser observado é que ocorreu um expressivo crescimento da preocupação com a violência após a operação no Rio.
Em relação à megaoperação de combate ao crime organizado realizada no RJ, 67% aprovam a operação. 25% são contrários. De acordo com a Quaest, 67% acreditam que a força empregada pela polícia na operação não foi exagerada. No entanto, 55% não gostariam que uma operação igual a essa acontecesse em seu estado, enquanto 42% afirmam que gostariam. Para 84% dos entrevistados, a violência no Rio é maior que em seu estado, 11% acham parecida, e 4% consideram menor.
A pesquisa apontou também que 81% discordam da fala que “os traficantes são vítimas dos usuários”, feita por Lula e posteriormente corrigida durante evento na Malásia. No entanto, 51% dizem que a declaração do presidente foi sincera, e 39% consideraram um mal-entendido. Além disso, 57% discordam da fala do presidente que a operação policial foi desastrosa, enquanto 38% concordam. Para 73% dos entrevistados, as organizações criminosas devem ser consideradas terroristas, e apenas 20% dizem que não.
Em relação ao consórcio dos governadores de oposição criado na segurança pública, 47% entendem que foi mais uma ação política e 46% acreditam que a medida ajudará a reduzir a violência. Dos integrantes do consórcio, para 24% quem melhor saiu foi o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), seguido de Tarcísio de Freitas (SP, 13%), Ronaldo Caiado (GO, 11%), Romeu Zema (MG, 5%) e Jorginho Mello (SC, 3%).
Questionados sobre o encontro com Donald Trump, 45% avaliam que Lula saiu mais forte e 30% entendem que Lula saiu mais fraco. Segundo a Quaest, 51% consideram que os presidentes chegarão a um acordo para reduzir o tarifaço, enquanto 39% dizem que não.
Quanto ao desempenho do governo federal na segurança pública, 36% consideram regular, 34% afirmam que é negativo e 26% acham positivo. A avaliação dos governos estaduais é melhor: 35% regular, 35% positivo e 27% negativo.
Outros dados negativos para Lula trazidos pela Quaest são que 63% dos entrevistados acham que o presidente não está cumprindo as promessas de campanha; 43% consideram que a economia piorou nos últimos 12 meses, enquanto apenas 24% enxergam uma melhora; 58% entendem que o preço dos alimentos nos mercados subiu; 72% dizem que o poder de compra é menor que no ano passado; 50% afirmam que está mais difícil conseguir emprego; 58% acreditam que o país está na direção errada; e a preocupação com a violência disparou 8 pontos, atingindo 38%, ficando bem acima da economia, mencionada com 15% como a segunda maior preocupação.
Segundo a Quaest, a aprovação de Lula continua sendo sustentada pela parcela do eleitorado lulista (91%) e a esquerda não lulista (81%). A desaprovação, por outro lado, é preponderante entre a direita não bolsonarista (86%) e os bolsonaristas (83%). Já entre os independentes, 52% desaprovam Lula e 43% aprovam. A piora da aprovação do presidente entre os independentes acabou anulando a queda da desaprovação de três pontos obtida entre a direita não bolsonarista e de seis pontos entre os bolsonaristas.
Na divisão por regiões, a desaprovação supera a aprovação no Sudeste (53% a 43%), no Sul (61% a 38%) e no Centro-Oeste/Norte (51% a 45%). A aprovação continua superando a desaprovação apenas no Nordeste (59% a 38%). O dado negativo para Lula é que entre os nordestinos, base política do presidente, a aprovação caiu três pontos enquanto a desaprovação cresceu três pontos nos últimos 30 dias.
No recorte por faixas de renda, a aprovação do governo supera a desaprovação entre quem ganha até 2 salários mínimos (54% a 40%). Nas demais faixas de renda, a desaprovação prevalece sobre a aprovação: mais de 2 a 5 salários (53% a 45%) e mais de 5 salários (56% a 42%).
Comparado a outubro, merece destaque a queda na desaprovação de três pontos entre quem ganha até dois salários mínimos e o crescimento de quatro pontos da desaprovação entre quem recebe mais de 5 salários. Outro aspecto importante é que no segmento com renda de mais de 2 a 5 salários, que irá se beneficiar com a aprovação do projeto que isenta do pagamento do imposto de renda para quem ganha até 5 salários, a maioria continua desaprovando Lula.
Quanto à avaliação do governo Lula, também observamos uma interrupção na recuperação da avaliação positiva (ótimo/bom) ocorrida entre agosto e outubro. Em novembro, esse índice oscilou dois pontos para baixo. A avaliação negativa (ruim/péssima), por outro lado, oscilou um ponto para cima. Com isso, a diferença entre as avaliações negativa e positiva que era de 4 pontos em outubro cresceu para 7 pontos em novembro.
| Avaliação | Jan (%) | Mar (%) | Mai (%) | Jul (%) | Ago (%) | Set (%) | Out (%) | Nov (%) |
|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
| Ruim/Péssimo | 37 | 41 | 43 | 40 | 39 | 38 | 37 | 38 |
| Ótimo/Bom | 31 | 27 | 26 | 28 | 31 | 31 | 33 | 31 |
| Regular | 29 | 29 | 28 | 28 | 27 | 28 | 27 | 28 |
Fonte: Genial/Quaest (06 a 09/11)
Os números da pesquisa Genial/Quaest foram adversos para o Palácio do Planalto. Apesar das variações na aprovação e desaprovação de Lula terem ficado dentro da margem de erro, a recuperação da popularidade do presidente foi interrompida. Mais do que isso, houve uma piora no saldo de popularidade, que segue negativo.
Esse resultado tem forte relação com o tema da segurança pública. O crescimento da preocupação com a segurança colocou Lula e o governo na defensiva, anulando, por exemplo, o impacto positivo do encontro entre Lula e Donald Trump, ocorrido antes da megaoperação de combate ao crime organizado no Rio.
Mais do que isso, a operação trouxe para o centro do debate nacional a segurança pública, agenda em que a direita tem posições mais próximas da maioria da opinião pública que a esquerda. Um claro exemplo disso pode ser observado em declarações equivocadas de Lula, como a de que “o traficante seria vítima do usuário” e também sobre a megaoperação ter sido “um fracasso”.
A repercussão em relação à economia, apesar do governo comemorar os resultados do emprego, também é negativa, visto que a maioria dos entrevistados considera que a economia piorou nos últimos meses; que o preço dos alimentos nos mercados segue elevado. Além disso, a maioria dos brasileiros avalia que o Brasil está na direção errada e Lula não está conseguindo cumprir as promessas de campanha.

