Além da pesquisa do instituto Atlasintel na última sexta-feira (31), três institutos – Quaest, Datafolha e Paraná – divulgaram pesquisas sobre a avaliação da população do Rio de Janeiro (RJ) sobre a megaoperação de combate ao crime organizado realizada nos complexos do Alemão e da Penha, na terça-feira passada (28).
A pesquisa Quaest apontou que a ampla maioria da população do Rio aprova a operação da polícia (ver tabela abaixo).
Aprovação da megaoperação policial
| Avaliação | Percentuais (%) |
| Aprova | 64 |
| Desaprova | 27 |
| Não aprova, nem desaprova | 6 |
*Fonte: Genial/Quaest (30 a 31/10)
Números similares foram trazidos pelo Datafolha no último sábado (1º). Segundo o Datafolha, 57% dos moradores do Rio consideraram que a megaoperação de combate ao crime organizado foi um sucesso. 39% entendem o contrário. Para 48% dos fluminenses ouvidos, a operação foi também bem executada. Já 21% viram uma ação com falhas e 24% reprovaram. Outros 7% disseram não saber.
O instituto Paraná também convergiu com a Quaest e o Datafolha. De acordo com o Paraná, 69,6% da população do Rio de Janeiro (RJ) aprova às operações policiais realizadas na cidade nos últimos dias. 25,8% são contrários. Questionados quanto a posição em relação a mais megaoperações policiais como as realizadas nos últimos dias na cidade, 67,9% são favoráveis. 26,6% se dizem contrários.
Na pesquisa Quaest, outro aspecto importante a ser observado é que a aprovação ultrapassou a bolha da direita. Quem se posicionou como independente, também aprovou a operação da polícia no RJ. Somente os eleitores lulistas e esquerda não lulista desaprovam a operação.
Avaliação da megaoperação policial por posicionamento político
| Avaliação | Lulista (%) | Esquerda não lulista (%) | Independente (%) | Direita não bolsonarista (%) | Bolsonarista (%) |
| Aprova | 35 | 27 | 61 | 92 | 93 |
| Desaprova | 59 | 70 | 24 | 6 | 3 |
*Fonte: Genial/Quaest (30 a 31/10)
Na Quaest, o apoio à megaoperação é maior entre que homens (79%), na faixa etária de 31 a 50 anos (68%) e quem possui renda mensal de mais de 2 a 5 salários (69%).
Avaliação da megaoperação policial
| Avaliação | Percentuais (%) |
| Um sucesso | 58 |
| Um fracasso | 32 |
| Não sabe | 10 |
*Fonte: Genial/Quaest (30 a 31/10)
A Quaest também revelou que 73% defendem que a polícia realize novas operações nas comunidades. 22% entendem que não. Questionados sobre qual deveria ser a reação de um policial que está trabalhando e se depara com uma pessoa com um fuzil na mão, 50% defendem “a prisão sem atirar”. 45% preferem que o policial “atire logo de cara”. Como a margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais para mais ou para menos, temos um quadro de empate técnico.
Em relação à situação da segurança pública no Rio, 87% afirmam que o Estado vive uma situação de guerra. 13% acreditam que não. De acordo com a Quaest, 52% afirmam que estão se sentindo menos seguros após a operação. 35% dizem que estão mais seguros. A pesquisa apontou também que 74% da população do Rio teme uma reação do tráfico. 25% dizem que não.
Na eventualidade de um conflito armado, 48% acreditam que as forças policiais estão mais preparadas. 44% dizem que as facções estão mais preparadas. A pesquisa também revela que 62% acham que o governo do Rio não tem capacidade sozinho de combater o crime organizado. 36% afirmam que o governo fluminense tem capacidade.
Sobre quem está melhor preparado para combater o crime organizado, temos uma divisão: 31% mencionam a força nacional do governo federal. Na sequência aparecem as forças policiais dos estados (30%); e o Exército (28%).
A Quaest aponta que a crise da segurança pública no Rio está desgastando o governo federal e também o presidente Lula (PT). Segundo a pesquisa, 53% afirmam que o governo federal não tem ajudado os estados no combate às organizações criminosas. 24% afirmam que o governo federal ajuda pouco. Apenas 14% entendem que o governo federal tem ajudado muito.
Apesar da desaprovação de Lula no RJ ser majoritária no Estado, a variação nos percentuais “desaprova” e “aprova” ficaram dentro da margem de erro.
Aprovação de Lula
| Avaliação | Fevereiro (%) | Agosto (%) | Outubro (%) |
| Desaprova | 64 | 62 | 64 |
| Aprova | 35 | 37 | 34 |
| Não sabe | 1 | 1 | 2 |
*Fonte: Genial/Quaest (30 a 31/10)
No entanto, de acordo com a Quaest, 60% dos entrevistados avaliam negativamente a atuação de Lula na segurança pública. Apenas 18% acham positiva. 22% consideram regular.
Outro dado negativo para o presidente é que 60% dos entrevistados consideram que o presidente foi sincero ao afirmar que “traficantes são vítimas dos usuários”, frase cunhada por Lula antes da megaoperação de combate ao crime organizado. 33% consideraram a frase um mal entendido. De acordo com a Quaest, 84% discordam da fala de Lula. Apenas 13% concordam.
O trabalho do presidente Lula (PT) no combate ao tráfico é avaliado negativamente por 56,1% da população do Rio. Apenas 14,2% têm uma avaliação positiva. O índice regular é de 26,5%.
A megaoperação, por outro lado, fortaleceu politicamente o governo Cláudio Castro. Em relação ao mês de agosto, a aprovação de Castro cresceu 10 pontos percentuais enquanto a desaprovação ficou estável.
Aprovação de Cláudio Castro
| Avaliação | Fevereiro (%) | Agosto (%) | Outubro (%) |
| Aprova | 42 | 43 | 53 |
| Desaprova | 48 | 41 | 40 |
| Não sabe | 10 | 16 | 7 |
*Fonte: Genial/Quaest (30 a 31/10)
No instituto Paraná, o trabalho de Cláudio Castro no combate ao tráfico de drogas é avaliado positivamente (ótimo/bom) por 33,4% dos entrevistados. A avaliação negativa (ruim/péssima), por outro lado, registra 32,5%. O índice regular é de 30,6%.
De acordo com o Datafolha, comparado a setembro de 2022, quando ocorreu o último levantamento do instituto na capital fluminense, a avaliação positiva (ótimo/bom) de Castro cresceu nove pontos percentuais, atingindo 40%. A negativa (ruim/péssima), por outro lado, também subiu nove pontos, ficando 34%.
A Quaest, por sua vez, também apontou que o desempenho positivo do governo Cláudio Castro na segurança pública em relação a agosto cresceu 17 pontos, chegando aos 39%. A negativa, por outro lado, caiu 9 pontos, ficando em 34%. O índice regular baixou seis pontos, ficando em 27%.
Outro dado que fortalece Castro é que 54% acreditam que a principal motivação do governador para ordenar a operação é o combate ao crime organizado. 40% avaliam que o objetivo de Castro foi fazer uma ação para ganhar popularidade.
As pesquisas dos institutos Quaest, Datafolha e Paraná confirmam que a megaoperação de combate ao crime organizado teve expressivo apoio popular, principalmente no Rio. A popularidade da ação policial, oferecendo uma resposta na segurança pública, a principal preocupação dos eleitores, fortaleceu o governador Cláudio Castro e trouxe desgaste para o presidente Lula (PT), que ainda segue sem discurso na área de segurança.
O fato de maioria da população do Rio avaliar que o governo federal não estar ajudando nos estados na segurança pública, avaliar negativamente a atuação de Lula na segurança e ter uma postura crítica em relação a recente manifestação do presidente, posteriormente corrigida, de que “os traficantes seriam vítimas dos usuários de drogas”, colocam o Palácio do Planalto na defensiva.
Mesmo que as pesquisas do Quaest, Datafolha e Paraná sejam restritas ao Rio, a repercussão da megaoperação policial, invertendo a pauta do debate político, por envolver um tema de preocupação nacional, sugere que a popularidade de Lula poderá ser afetada nas próximas pesquisas nacionais. Outro aspecto a ser considerado é que o Rio é um colégio eleitoral estratégico para 2026. Assim, o desgaste do presidente, se não revertido, poderá trazer consequências sobre sua votação na disputa do próximo ano ao Planalto.
Em relação a Cláudio Castro, o respaldo da sociedade fluminense à operação, e a percepção de que sua principal motivação com a operação policial é combater o crime organizado, muda a conjuntura estadual. Com a melhora de sua popularidade, Castro é um dos favoritos para a conquista de uma das vagas ao Senado em 2026. Além disso, sua aprovação pode afetar o favoritismo do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), na disputa pelo Palácio Guanabara.

