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Mauro Vieira defende atuação do BRICS pela paz e reforma da ONU

Em reunião no Rio, chanceler brasileiro destaca papel do bloco pela paz e critica erosão do multilateralismo

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Durante a abertura do encontro de ministros de Relações Exteriores do BRICS, realizado nesta segunda-feira (28) no Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro, o chanceler brasileiro Mauro Vieira pediu que o grupo atue de forma mais incisiva para buscar soluções diplomáticas para conflitos regionais e guerras em curso, como na Ucrânia e na Faixa de Gaza.

No discurso, Vieira evitou mencionar diretamente a Rússia — representada no evento pelo ministro Sergey Lavrov — mas destacou que o conflito ucraniano “continua a causar pesado impacto humanitário”, e reforçou a necessidade de uma solução baseada nos princípios da Carta das Nações Unidas.

Vieira lembrou ainda os esforços do Brasil junto à China na criação do Grupo de Amigos da Paz, formado em setembro passado em Nova Iorque, e reiterou o compromisso brasileiro com a busca de soluções políticas e diplomáticas para crises internacionais.

Defesa do multilateralismo e reforma da governança global

O ministro ressaltou que o encontro acontece em um momento de erosão do multilateralismo, marcado por emergências humanitárias, conflitos armados e instabilidade política. Para Vieira, o BRICS, agora com 11 países membros, representa uma força única por reunir quase metade da população mundial e grande diversidade cultural e geográfica.

Ele defendeu que o BRICS deve atuar como uma “coalizão de cooperação” e não de confronto, promovendo um mundo multipolar onde a segurança seja um direito de todos. Vieira reiterou a prioridade da presidência brasileira no BRICS em buscar a reforma do Conselho de Segurança da ONU, para que a governança global reflita “as realidades geopolíticas contemporâneas”.

Conflitos também são pauta

Vieira condenou veementemente a retomada dos bombardeios israelenses em Gaza e a obstrução de ajuda humanitária, reafirmando o apoio do Brasil à solução de dois Estados, com a Palestina independente nas fronteiras de 1967 e Jerusalém Oriental como capital.

O chanceler também citou a situação crítica no Haiti, as tensões no Sudão, na região dos Grandes Lagos e no Chifre da África, defendendo acesso humanitário incondicional e imparcial. Segundo ele, “o sofrimento humano jamais deve ser instrumentalizado”.

Entenda o BRICS

Fundado em 2006, o BRICS inicialmente reunia Brasil, Rússia, Índia e China, recebendo a África do Sul em 2011. Em 2023, o bloco passou por uma ampliação, com a entrada de Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, enquanto alguns outros processos de adesão de países ainda estejam em formalização.

Hoje, o grupo responde por 39% da economia global, 48,5% da população mundial e concentra 72% das reservas de terras raras do planeta. O Brasil será sede da próxima cúpula do bloco, em 6 e 7 de julho, também no Rio de Janeiro.

Autor

  • Jornalista formado pela Universidade Católica de Brasília (UCB). Com experiência em Política, Economia, Meio Ambiente, Tecnologia e Cultura, tem passagens pelas áreas de reportagem, redação, produção e direção audiovisual.

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