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Maioria desaprova o governo; recuperação da popularidade de Lula é interrompida e Tarcísio mostra competitividade para 2026

Levantamento Latam Pulse Brasil coloca o governador de São Paulo numericamente à frente em simulação de segundo turno

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A nova rodada da pesquisa Latam Pulse Brasil divulgada em 28 de agosto aponta que a recuperação da popularidade do presidente Lula (PT), verificada nos levantamentos de junho e julho, foi interrompida. No levantamento realizado em agosto, a desaprovação do presidente cresceu 1,3 ponto percentual enquanto a aprovação caiu 2,3 pontos. Neste momento, Lula tem um saldo negativo de popularidade de 3,1 pontos. No levantamento anterior, o saldo de popularidade era ligeiramente favorável ao presidente em 0,5 ponto percentual. A margem de erro da pesquisa é de um ponto percentual para mais ou para menos.

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A piora na avaliação de Lula pode ser atribuída ao fato do tarifaço imposto pelos Estados Unidos contra o Brasil ter deixado de ser uma novidade para a opinião pública. Embora o governo tenha se beneficiado da narrativa da defesa da soberania, alterando o slogan de “União e Reconstrução” para “Governo do Brasil, do lado do povo brasileiro”, a falta de ações concretas limita uma recuperação mais expressiva.

Apesar do desgaste do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ajudar Lula, a percepção negativa em relação à economia também representa um obstáculo à recuperação do capital político do presidente.

AVALIAÇÃO DO PRESIDENTE LULA

Avaliação Jan (%) Fev (%) Mar (%) Abr (%) Mai (%) Jun (%) Jul (%) Ago (%)
Desaprova 51,4 53,0 53,6 50,1 53,7 51,8 49,7 51,0
Aprova 45,9 45,7 44,9 46,1 45,4 47,3 50,2 47,9
Fonte: Latam Pulse Brasil/Atlas Bloomberg (20 a 25/08)
A avaliação negativa (ruim/péssima) supera a positiva (ótimo/bom) em 7,5 pontos percentuais. Em relação a julho, a avaliação negativa cresceu 3 pontos enquanto a avaliação positiva caiu 2,9 pontos.
AVALIAÇÃO DO GOVERNO LULA
Avaliação Jan (%) Fev (%) Mar (%) Abr (%) Mai (%) Jun (%) Jul (%) Ago (%)
Ruim/Péssimo 46,5 50,8 49,6 47,7 52,1 51,2 48,2 51,2
Ótimo/Bom 37,8 37,6 37,4 40,2 41,9 41,6 46,6 43,7
Regular 15,6 11,3 12,5 9,6 6,0 7,2 5,1 5,1

Fonte: Latam Pulse Brasil/Atlas Bloomberg (20 a 25/08)

Quanto à economia, 53% dos entrevistados entendem que a situação é ruim. 29% entendem que é boa. Outros 18% consideram normal. Esses números indicam que os resultados celebrados pelo governo em relação ao emprego e a inflação têm uma percepção distinta na opinião pública.

Os números da avaliação de Lula e do governo indicam que o país continua polarizado. Lula segue como um candidato forte para 2026. No entanto, o fato da desaprovação do presidente e de seu governo superarem a aprovação sinaliza dificuldades pela frente.

Conforme veremos a seguir, mesmo que Lula lidere os cenários estimulados de primeiro turno e vença a maioria das simulações de segundo turno, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que vem angariando apoios importantes para ser o sucessor de Jair Bolsonaro desde que o ex-presidente está em prisão domiciliar, já figura numericamente à frente de Lula no cenário estimulado de segundo turno.

Tarcísio mostra força e aparece numericamente à frente de Lula em um eventual segundo turno

As simulações de primeiro e segundo turno para 2026 realizadas pela pesquisa Latam Pulse Brasil/Atlas Bloomberg apontam que o presidente Lula (PT) lidera os cenários de primeiro turno e seis das sete simulações de segundo turno. No entanto, Lula aparece numericamente atrás do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Na primeira simulação, que espelha o cenário de 2022, Jair Bolsonaro e Lula aparecem tecnicamente empatados. Vale destacar que, em relação à pesquisa de julho, Bolsonaro cresceu de 44,2% para 45,4% enquanto Lula caiu de 47,8% para 44,6%.

CENÁRIO DE INTENÇÃO DE VOTO – 1º TURNO

Candidatos Intenção de voto (%)
Jair Bolsonaro (PL) 45,4
Lula (PT) 44,6
Ciro Gomes (PDT) 3,7
Simone Tebet (MDB) 1,8
Branco/Nulo 1,9
Indecisos 1,0

Fonte: Latam Pulse Brasil/Atlas Bloomberg (20 a 25/08)

Nos demais cenários estimulados, Lula, apesar de liderar as simulações, é superado quando somamos intenções de voto dos possíveis candidatos da centro-direita nas duas simulações em que o presidente aparece como o candidato do PT.

No cenário 1, a direita superaria Lula (44% a 34,8%) contra o presidente. No cenário 2, Lula teria 44,2% contra 49,2% dos demais candidatos de oposição – Michelle Bolsonaro (PL); Caiado; Marçal; Ratinho; Leite e Zema.

É interessante observar que a intenção de voto em Lula – cerca de 44 – é um pouco mais baixa que sua aprovação (47,9%) e muito parecida com a avaliação positiva do governo (43,7%). Por outro lado, a soma dos percentuais da oposição, que varia de 48% a 49%, é similar à desaprovação de Lula (51%) e do governo (51,2%).

Sem Lula na disputa e o PT sendo representado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), teríamos um quadro de empate técnico entre ele e Tarcísio. Nesse hipotético cenário, a oposição também leva vantagem, pois a soma das intenções de voto de seus candidatos atinge 48,2% contra 36,2% de Haddad.

CENÁRIOS DE INTENÇÃO DE VOTO – 1º TURNO

Candidatos Cenário 1 (%) Cenário 2 (%) Cenário 3 (%)
Lula (PT) 44 44,2
Fernando Haddad (PT) 36,2
Tarcísio de Freitas (Republicanos) 31,8 32,2
Michelle Bolsonaro (PL) 29,7
Romeu Zema (Novo) 4,4 7,1 4,1
Ratinho Júnior (PSD) 4,0 5,2 4,3
Ronaldo Caiado (União Brasil) 3,2 4,3 3,1
Ciro Gomes (PDT) 3,4 4,5 7,5
Pablo Marçal (PRTB) 3,6 1,8 3,0
Eduardo Leite (PSD) 1,4 1,1 1,5
Branco/Nulo/Indecisos 4,2 2,2 8,1

Fonte: Latam Pulse Brasil/Atlas Bloomberg (20 a 25/08)

O acirramento da disputa entre Lula e as alternativas de oposição também é observado nas simulações de segundo turno. Embora o presidente apareça em vantagem na maioria dos cenários estimulados, ele já figura numericamente atrás de Tarcísio de Freitas, que nos últimos dias ganhou força como pré-candidato ao Palácio do Planalto. Hoje, Tarcísio está 1,8 ponto percentual à frente de Lula.

O presidente aparece tecnicamente empatado com Jair Bolsonaro e Michelle Bolsonaro. Contra Zema, Caiado e Ratinho, Lula aparece na liderança, com vantagem pequena, variando de 5 a 7 pontos percentuais. Apenas contra Eduardo Leite é que Lula possui uma vantagem mais expressiva em um hipotético segundo turno.

CENÁRIOS DE INTENÇÃO DE VOTO – 2º TURNO

Candidatos Cenário 1 (%) Cenário 2 (%) Cenário 3 (%) Cenário 4 (%) Cenário 5 (%) Cenário 6 (%) Cenário 7 (%)
Lula (PT) 46,6 48,8 48,3 47,1 46,7 46,9 47,2
Jair Bolsonaro (PL) 48,3
Tarcísio de Freitas (Republicanos) 48,4
Michelle Bolsonaro (PL) 47,9
Ratinho Júnior (PSD) 41,1
Romeu Zema (Novo) 40,9
Ronaldo Caiado (União Brasil) 40,3
Eduardo Leite (PSD) 24,9
Branco/Nulo/Indecisos 5,0 3,3 3,4 12,0 13,0 11,9 27,9

Fonte: Latam Pulse Brasil/Atlas Bloomberg (20 a 25/08)

Embora o tarifaço dos Estados Unidos contra o Brasil, o desgaste do bolsonarismo e a divisão da direita ajudem Lula, o presidente figura em situação de empate técnico com Jair Bolsonaro, Tarcísio e Michelle.

Como a narrativa em defesa da soberania enfrenta limites diante da falta de ações concretas por parte do Brasil, Lula, mesmo demonstrando força para 2026, terá uma campanha de reeleição difícil. Não por acaso, Tarcísio de Freitas já apresenta uma vantagem numérica contra Lula num eventual segundo turno. Durante a reunião ministerial desta semana, Tarcísio virou alvo de Lula e seus ministros.

Apesar de Tarcísio demonstrar competitividade e ganhar apoios, a relação com o bolsonarismo segue desafiando o governador paulista, pois para viabilizar seu projeto nacional, depende do apoio a Jair Bolsonaro. Ao mesmo tempo, precisa construir uma estratégia para atrair o voto bolsonarista e não ser atingido pela rejeição do ex-presidente.

Faltando mais de um ano para a sucessão, o governo e oposição têm desafios importantes pela frente. Embora o antibolsonarismo ajude Lula, o fato de sua desaprovação superar a aprovação, a percepção da economia ser negativa e Tarcísio mostrar-se competitivo indicam uma eleição difícil para o governo. A oposição, por sua vez, além de construir seu candidato – neste momento, Tarcísio é a alternativa mais competitiva – e não se dividir, tem o desafio de encontrar uma narrativa que supere os limites do discurso tradicional bolsonarista, ancorado essencialmente no antipetismo.

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