26.5 C
Brasília

Lula preserva vantagem para 2026, mas cenário não é definitivo

Pesquisa mostra presidente com 35% a 43% das intenções de voto no primeiro turno

Data:

A pesquisa Genial/Quaest divulgada hoje (9) sobre a sucessão de 2026 aponta que o presidente Lula (PT) segue em vantagem sobre seus concorrentes e hoje venceria todos os possíveis adversários.

Nos cenários de primeiro turno, Lula supera todas as alternativas da direita mais bem postadas na pesquisa. Lula tem 9 pontos percentuais de vantagem sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O presidente aparece com 15 pontos de vantagem sobre a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL); 21 pontos em relação ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); e 20 pontos em relação ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Lula livra também 15 pontos de vantagem sobre o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD); e 30 pontos dos governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil). Entre os governadores, quando temos cenários de intenção de voto com menos candidatos, Tarcísio e Ratinho teriam um desempenho muito parecido. Apesar do desgaste, Eduardo Bolsonaro também tem desempenho similar.

Esta matéria foi publicada primeiro no Arko Alerta, exclusivo para clientes Arko Advice. Para saber como receber, CLIQUE AQUI.

Nas simulações de primeiro turno, mesmo tendo sido condenado pelo STF, o ex-presidente Jair Bolsonaro preserva seu capital político, sendo o nome da direita mais forte neste momento, apesar de não poder ser candidato.

Outro aspecto a ser observado é que nas simulações em que temos menos nomes de oposição como pré-candidatos – cenários 5, 6, 7 e 8 – Lula aumenta vantagem podendo, matematicamente, até vencer em primeiro turno. Ou seja, hoje, ter menos candidatos no tabuleiro é desvantajoso para a oposição.

Candidatos Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3 Cenário 4 Cenário 5 Cenário 6 Cenário 7 Cenário 8
Lula (PT) 35 36 39 35 42 41 43 43
Jair Bolsonaro (PL) 26
Michelle Bolsonaro (PL) 21
Tarcísio de Freitas 18 19
Eduardo Bolsonaro (PL) 15 17 20 22 23
Ratinho Júnior (PSD) 10 10 12 17
Ciro Gomes (PDT) 9 9 12 11
Romeu Zema (Novo) 3 4 4 5
Ronaldo Caiado 3 3 4 4 11 10
Indecisos 4 4 5 4 4 4 4 4
Branco/Nulo 10 12 18 14 18 18 20 20

*Fonte: Genial/Quaest (02 a 05/10)

Se somarmos as intenções de voto dos candidatos da direita nas simulações, os nomes da
oposição superam Lula apenas no cenário 1 (41% a 35%). Nos cenários 2 (38% a 36%) e 4 (36% a 35%) ocorre em empate técnico entre a soma das intenções de voto das opções de direita e Lula em função da margem de erro da pesquisa, que é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Nos cenários 3 (39% a 26%), 5 (42% a 36%), 6 (41% a 37%), 7 (43% a 33%) e 8 (43% a 33%), Lula tem mais intenção de voto que a soma das alternativas de direita.

Nas simulações de segundo turno, Lula venceria todos os possíveis adversários. A menor
distância de Lula em relação aos seus possíveis adversários seria contra Ciro Gomes (9 pontos percentuais), o que pode ser atribuído ao recall que Ciro possui, já que ele concorreu três vezes candidato ao Palácio do Planalto.

Contra os demais possíveis adversários, Lula possui uma vantagem superior aos dois dígitos. O presidente livra 10 pontos sobre Jair Bolsonaro; 12 pontos em relação a Tarcísio e Michelle Bolsonaro; 13 pontos de Ratinho; 15 pontos de Caiado, Zema e Eduardo Bolsonaro; e 23 pontos de Eduardo Leite.

Candidatos Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3 Cenário 4 Cenário 5 Cenário 6 Cenário 7 Cenário 8 Cenário 9
Lula (PT) 41 46 45 46 44 47 46 46 45
Jair Bolsonaro (PL) 36
Tarcísio de Freitas 33
Michelle Bolsonaro (PL) 34
Ratinho Júnior (PSD) 31
Eduardo Leite (PSD) 22
Ciro Gomes (PDT) 32
Eduardo Bolsonaro (PL) 31
Romeu Zema (Novo) 32
Ronaldo Caiado 31
Indecisos 3 2 3 2 3 3 3 3 4
Branco/Nulo 24 16 19 18 22 18 20 20 29

*Fonte: Genial/Quaest (02 a 05/10)

A pesquisa também aponta um desgaste com a polarização do lulismo contra o bolsonarismo. De acordo com o Quaest, 56% dos entrevistados entendem que Lula não deveria disputar à reeleição. 42% defendem que o presidente dispute à reeleição. No entanto, em relação a setembro, caiu três pontos o percentual dos que entendem que Lula não deve concorrer à reeleição. Por outro lado, cresceu três pontos o índice dos que entendem que o presidente deve buscar um novo mandato.

Quanto a Jair Bolsonaro, 76% entendem que o ex-presidente deve abrir mão de concorrer e apoiar outro candidato. Apenas 18% querem que Bolsonaro seja novamente candidato. Outro sintoma do “cansaço” da polarização é o fato de a menção espontânea, 69% disseram que ainda estão indecisos.

Faltando pouco mais de um ano para a sucessão de 2026, Lula está em vantagem, já que lidera todas as simulações de primeiro e segundo turno testadas pelo Quaest. Outro aspecto que ajuda Lula neste momento é o desgaste do clã Bolsonaro. Eduardo Bolsonaro é o candidato mais rejeitado (68%). Na sequência aparecem Jair Bolsonaro (63%), Michelle Bolsonaro (61%), Ciro Gomes (60%), Lula (51%), Tarcísio (41%), Ratinho (40%), Zema (34%) e Caiado (32%). Conforme podemos observar, os três com maior índice de rejeição são do clã Bolsonaro.

Sobre os governadores com maior potencial eleitoral hoje – Tarcísio de Freitas e Ratinho Júnior – vale registrar o aumento de seus índices de rejeição. De maio a outubro, a rejeição de Tarcísio cresceu de 33% para 41%. A rejeição de Ratinho subiu de 29% para 40%. Nesse mesmo período, a rejeição de Lula caiu de 57% a 51%. Embora Tarcísio e Ratinho sejam desconhecidos de cerca de 1/3 do eleitorado, à medida que eles se tornam mais conhecidos, suas rejeições estão crescendo.

Faltando cerca de um ano para as eleições, a vantagem de Lula para 2026 pode ser explicada pela mudança na conjuntura ocorrida após o tarifaço. Desde então, o presidente saiu das cordas e, através da defesa da soberania, retomou o controle da agenda e a iniciativa política.

Paralelamente a isso, Lula foi favorecido pelos erros da oposição, principalmente do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que apostou nas sanções impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil para colher dividendos políticos. Soma-se a isso a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), elevando o desgaste do bolsonarismo, como mostram os índices de rejeição dos nomes ligados ao clã Bolsonaro.

O Palácio do Planalto também foi favorecido pela leve melhora na percepção da economia,
principalmente em relação ao preço dos alimentos, apesar da maioria dos entrevistados ainda considerarem que a economia piorou nos últimos meses.

O posicionamento do governo contra a PEC da Blindagem, mobilizando expressivos protestos nas ruas, e da anistia aos condenados nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, principal item da agenda bolsonarista, também repercutiu positivamente na opinião pública.

Soma-se a isso a agenda em favor da justiça tributária, que tem como principal projeto a
aprovação da isenção de renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil. Lula também tem conseguido criar notícias positivas através do lançamento de programas sociais como o gás do povo e a isenção do pagamento da conta de luz.

Lula também foi beneficiado pelo impacto positivo da conversa aberta com Donald Trump e a repercussão positiva do presidente na ONU. Após Trump falar em “química boa” com Lula, foi colocado em xeque a posição de Eduardo Bolsonaro.

Não bastasse o desgaste do bolsonarismo, o principal nome da direita para 2026, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), perdeu tração, consequência dos erros políticos que vem cometendo desde o tarifaço. No entanto, Tarcísio segue como um nome forte para a sucessão. Porém, a direita segue dividida, sem candidato natural para enfrentar e sem agenda.

A recuperação de Lula coloca o presidente em vantagem na sucessão. No entanto, os percentuais de desaprovação (49%) e aprovação (48%) do governo mostram um país polarizado. Mesmo com a melhora da posição de Lula nos últimos meses, a oposição ao presidente também é consistente. Além disso, a maioria dos entrevistados acredita que Lula não tem conseguido cumprir as promessas de campanha, e o país está no rumo errado.

Assim como ocorreu em 2022, a disputa de 2026 deve ser decidida por estreita margem de
votos. Com a oposição ainda sem candidato e a eleição ainda distante das prioridades de parcela importante da população, a vantagem de Lula existe, mas não é definitiva.

Autor

Compartilhe

Inscreva-se

Receba as notícias do Política Brasileira no Whatsapp

Leia Mais
Relacionado

CMN aprova mudanças para simplificar crédito rural a comunidades tradicionais

Alterações simplificam exigências para comunidades extrativistas, pescadores e indígenas em unidades de conservação

Ministério de Minas e Energia autoriza edital para primeiro Leilão de Áreas Não Contratadas do pré-sal

Leilão marca venda de participação da União em campos de alta produção, previsto para 4 de dezembro na B3

Cerca de 2,5 milhões de pessoas inscritas no CadÚnico se tornaram MEI

Estudo do Sebrae e MDS revela impacto da inclusão produtiva para famílias de baixa renda

Lula sobre encontro com Trump: “Não existe veto a nenhum assunto. Será uma reunião livre”

Agenda inclui materiais críticos, minerais e terras raras, além de sanções e relação diplomática