A nova rodada da pesquisa Latam Pulse Brasil divulgada hoje (24) aponta que a aprovação do presidente Lula (PT) oscilou positivamente 0,4 ponto percentual em relação a setembro, registrando, pelo segundo mês consecutivo, um índice superior à desaprovação, que oscilou negativamente 0,2 ponto.
Neste momento, Lula possui um saldo positivo de popularidade de 3,1 pontos percentuais. No mês anterior, esse saldo era de 2,5 pontos. Apesar da melhora na popularidade do presidente, o país segue polarizado, já que temos um contingente expressivo da opinião pública que desaprova Lula. A margem de erro da pesquisa é de 1 ponto percentual para mais ou para menos.
AVALIAÇÃO DO PRESIDENTE LULA
| Mês | Jan | Fev | Mar | Abr | Mai | Jun | Jul | Ago | Set | Out |
|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
| Aprova | 45,9 | 45,7 | 44,9 | 46,1 | 45,4 | 47,3 | 50,2 | 47,9 | 50,8 | 51,2 |
| Desaprova | 51,4 | 53,0 | 53,6 | 50,1 | 53,7 | 51,8 | 49,7 | 51,0 | 48,3 | 48,1 |
Fonte: Latam Pulse Brasil/Atlas Bloomberg (15 a 19/10)
Em relação à avaliação do governo, pela primeira vez desde novembro de 2024, a avaliação positiva (ótimo/bom) está ligeiramente melhor que a negativa (ruim/péssima). Em relação a setembro, a avaliação positiva cresceu 1,8 pontos percentuais, enquanto a negativa oscilou negativamente 0,8 ponto.
AVALIAÇÃO DO GOVERNO LULA
| Mês | Jan | Fev | Mar | Abr | Mai | Jun | Jul | Ago | Set | Out |
|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
| Ótimo/Bom | 37,8 | 37,6 | 37,4 | 40,2 | 41,9 | 41,6 | 46,6 | 43,7 | 46,2 | 48,0 |
| Ruim/Péssimo | 46,5 | 50,8 | 49,6 | 47,7 | 52,1 | 51,2 | 48,2 | 51,2 | 48,0 | 47,2 |
| Regular | 15,6 | 11,3 | 12,5 | 9,6 | 6,0 | 7,2 | 5,1 | 5,1 | 5,8 | 4,8 |
Fonte: Latam Pulse Brasil/Atlas Bloomberg (15 a 19/10)
A melhora na popularidade de Lula – e também do governo – tem relação com a agenda positiva que o Palácio do Planalto conseguiu emplacar, especialmente o projeto que isenta do pagamento do imposto de renda quem ganha até R$ 5 mil.
A pesquisa apontou que os entrevistados avaliam positivamente medidas como a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil (84%), descontos na conta de luz de famílias de baixa renda (69%), o fim da obrigatoriedade de autoescola para emissão da CNH (65%) e a distribuição de gás de cozinha para famílias de baixa renda (62%).
Sobre a isenção do imposto de renda, 52,4% dos entrevistados consideram que a principal motivação do governo é reduzir a desigualdade. 39,6% mencionam interesse eleitoral. 58,5% concordam totalmente com compensar a perda de arrecadação cobrando mais impostos de pessoas com renda acima de R$ 50 mil. Apenas 19,8% discordam totalmente dessa medida.
Caso a isenção para quem ganha até R$ 5 mil seja aprovada, 44,7% afirmam que não mudariam sua inclinação de voto, 40,3% responderam que teriam mais vontade de votar em Lula, e apenas 10,6% afirmam que teriam menos vontade de votar. O fato de mais de 40% manifestarem que a isenção aumentaria a vontade de votar em Lula mostra o impacto eleitoral significativo da proposta para 2026.
Chama atenção que, mesmo que a percepção dos entrevistados em relação à economia siga negativa – 48% entendem que a situação da economia é ruim. 38% entendem que é boa – a imagem de Lula está melhorando.
Além do impacto da agenda positiva nos segmentos de menor renda e junto à classe média, joga a favor de Lula o fato da oposição estar desmobilizada. Desde a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – e de sua condenação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) – a direita está sem um candidato natural para antagonizar com Lula.
Mais do que isso, as divergências internas na oposição têm se acentuado. Soma-se a isso a ofensiva publicitária do governo, que domina os principais meios de comunicação. E a cobertura simpática dos principais veículos de imprensa ao governo.
Lula lidera sucessão
Diante da conjuntura política favorável ao governo, o presidente Lula (PT) segue liderando as simulações de primeiro e segundo turno para 2026 realizadas pela pesquisa Latam Pulse
Brasil/Atlas Bloomberg.
Na primeira simulação, que espelha o cenário de 2022, Lula tem uma vantagem de 7,5 pontos percentuais sobre Jair Bolsonaro.
CENÁRIO DE INTENÇÃO DE VOTO – 1º TURNO
| Candidatos | Percentual |
|---|---|
| Lula (PT) | 48,8 |
| Jair Bolsonaro (PL) | 41,3 |
| Ciro Gomes (PSDB) | 3,1 |
| Simone Tebet (MDB) | 2,3 |
| Branco/Nulo | 2,7 |
| Indecisos | 0,4 |
Fonte: Latam Pulse Brasil/Atlas Bloomberg (15 a 19/10)
Nos demais cenários estimulados, a intenção de voto em Lula supera a soma das intenções de voto dos possíveis candidatos da centro-direita nas duas simulações em que o presidente aparece como o candidato do PT.
No cenário 1, Lula teria 51,32% das intenções de voto contra 41,9% das alternativas de oposição – Tarcísio de Freitas (Republicanos); Ronaldo Caiado (União Brasil); Ratinho Júnior (PSD); e Romeu Zema (Novo). No cenário 2, o presidente teria 51,0 % contra 45,0% dos demais candidatos de oposição – Michelle Bolsonaro (PL); Caiado; Ratinho; e Zema. No cenário 3, Lula aparece com 51,0% contra 36,3% dos demais adversários – Zema, Ratinho e Caiado.
Sem Lula na disputa e o PT sendo representado por Fernando Haddad, o ministro da Fazenda registra 43,1% contra 43,2% dos demais adversários – Tarcísio, Caiado, Ratinho e Zema.
Chama atenção nas simulações realizadas que a pulverização da direita favorece Lula hoje. Matematicamente, o presidente poderia até mesmo vencer em primeiro turno, embora isso seja improvável diante da polarização existente no país. Também merece destaque a perda de tração da pré-candidatura do governador de São Paulo (SP), Tarcísio de Freitas (Republicanos), que hoje seria derrotado por Lula tanto no primeiro como no segundo turno. No campo da direita, merece menção o desempenho do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), que ultrapassou os dois dígitos.
CENÁRIOS DE INTENÇÃO DE VOTO – 1º TURNO
| Candidatos | Cenário 1 | Cenário 2 | Cenário 3 | Cenário 4 |
|---|---|---|---|---|
| Lula (PT) | 51,3 | 51,0 | 51,0 | — |
| Fernando Haddad (PT) | — | — | — | 43,1 |
| Tarcísio de Freitas | 30,4 | — | — | 30,1 |
| Michelle Bolsonaro (PL) | — | 26,2 | — | — |
| Romeu Zema (Novo) | 2,5 | 4,6 | 10,6 | 2,6 |
| Ratinho Júnior (PSD) | 3,0 | 5,1 | 10,4 | 3,5 |
| Ronaldo Caiado (União) | 6,0 | 9,1 | 15,3 | 7,0 |
| Branco/Nulo/Indecisos | 6,9 | 4,0 | 12,8 | 13,7 |
Fonte: Latam Pulse Brasil/Atlas Bloomberg (15 a 19/10)
Nas simulações de segundo turno, Lula venceria todos os possíveis adversários. Interessante observar que o presidente tem hoje uma intenção de voto nos cenários de primeiro e segundo turno muito similares. Os nomes da oposição mais bem posicionados são Tarcísio de Freitas e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL).
CENÁRIOS DE INTENÇÃO DE VOTO – 2º TURNO
| Candidatos | Cenário 1 | Cenário 2 | Cenário 3 | Cenário 4 | Cenário 5 | Cenário 6 |
|---|---|---|---|---|---|---|
| Lula (PT) | 52,0 | 52,0 | 52,0 | 52,0 | 52,0 | 51,0 |
| Jair Bolsonaro (PL) | — | — | 44,0 | — | — | — |
| Tarcísio de Freitas | 44,0 | — | — | — | — | — |
| Michelle Bolsonaro (PL) | — | 43,0 | — | — | — | — |
| Ratinho Júnior (PSD) | — | — | — | — | — | 37,0 |
| Romeu Zema (Novo) | — | — | — | 35,0 | — | — |
| Ronaldo Caiado (União Brasil) | — | — | — | — | 36,0 | — |
| Branco/Nulo/Indecisos | 5,0 | 5,0 | 4,0 | 14,0 | 12,0 | 12,0 |
Fonte: Latam Pulse Brasil/Atlas Bloomberg (15 a 19/10)
Apesar da vantagem registrada por Lula, que melhorou sua aprovação e também a posição nas simulações de primeiro e segundo turno, a sucessão de 2026 está em aberto. Além de o país seguir polarizado, a oposição ainda não definiu seu candidato. A tendência é que, quando isso ocorrer, a vantagem de Lula seja reduzida. Assim como ocorreu em 2022, novamente teremos um pleito bastante acirrado, que deve ser decidido por uma pequena margem de votos.
Outro aspecto importante é que as últimas eleições têm sido caracterizadas por uma elevada abstenção, que tem girado em torno de 20%. A abstenção tem sido maior entre os segmentos de menor renda e escolaridade, o que potencialmente pode tirar votos de Lula.
Apesar do jogo não estar definido para Lula, a oposição precisará correr contra o tempo, pois além do desafio de construir seu candidato, necessita evitar ir dividida para o pleito de 2026. Soma-se a isso o desafio de construir um projeto alternativo ao lulismo.

