A Polícia Federal (PF) indiciou ontem (20) o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por coação na ação penal da tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Além deles, o pastor Silas Malafaia foi alvo de busca e apreensão e teve a detenção do passaporte. Malafaia também está proibido de manter contato com Jair Bolsonaro.
Durante a investigação, com a restauração de dados salvos em backup, a PF constatou intensa atividade de Jair Bolsonaro na produção e propagação de mensagens destinadas às redes sociais, contrariando à medida cautelar anteriormente imposta. A PF informou que foram extraídos do celular de Jair Bolsonaro áudios e conversas com Malafaia e Eduardo Bolsonaro que haviam sido apagados.
Nas mensagens, a PF encontrou mensagens de Jair Bolsonaro planejando um pedido de asilo político na Argentina, presidido por Javier Milei, aliado político de Bolsonaro.
O indiciamento de Jair e Eduardo Bolsonaro por coação agrava a situação jurídica de ambos. No campo político, as rejeições de ambos seguirão elevadas. Além disso, o processo da cassação do mandato de Eduardo Bolsonaro poderá avançar na Comissão de Ética da Câmara.
Silas Malafaia também fica com a situação jurídica agravada. Em um primeiro momento, Malafaia deverá utilizar sua capacidade de mobilização nas redes sociais junto ao público evangélico para reforçar a narrativa sobre perseguição à direita por parte do STF, tendo como alvo o ministro Alexandre de Moraes.
Na base social bolsonarista também deverá ser reforçada a narrativa da suposta “perseguição política” contra Jair Bolsonaro. Nos Estados Unidos, como tem indicado sua movimentação e a narrativa construída em lives, Eduardo Bolsonaro continuará insistindo em mais sanções contra o Brasil, principalmente contra ministros do STF.
O presidente Lula (PT) não deve melhorar sua popularidade com o episódio. No entanto, Lula poderá beneficiar-se do aumento do desgaste de Jair Bolsonaro, seu principal antagonista. Entre os partidos do centrão, tende a haver um maior distanciamento de Jair e Eduardo Bolsonaro. Além disso, as articulações dos governadores de direita que são pré-candidatos ao Palácio do Planalto tendem a crescer.
O indiciamento de Jair e Eduardo Bolsonaro também divide os holofotes do noticiário com a polêmica decisão tomada pelo ministro do STF, Flávio Dino, de que empresas podem ser punidas no Brasil caso apliquem sanções contra Moraes, consequência de sua inclusão na Lei Magnitsky. A decisão de Dino provocou o aumento da insegurança jurídica, gerando uma perda de R$ 41 bilhões nas ações dos bancos.