Após quase duas semanas de espera, o deputado Pedro Lucas Fernandes (União-MA), indicado ao Ministério das Comunicações, decidiu recusar o cargo. Em nota oficial divulgada na noite desta terça-feira (22), ele justificou que, no papel de líder partidário do União, pode “dialogar com diferentes forças políticas e construir consensos”, ajudando mais o governo neste cargo do que como ministro.
“Minhas mais sinceras desculpas ao presidente Lula por não poder atender a esse convite. Recebo seu gesto com gratidão e reafirmo minha disposição para o diálogo institucional, sempre em favor do Brasil”, publicou o deputado em nota.
O União Brasil ainda não se posicionou sobre uma nova indicação para assumir a pasta.
A vaga foi aberta já que Juscelino Filho (União-MA) pediu demissão do Ministério das Comunicações, após a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciá-lo por suspeita de desvio de emendas parlamentares. Se, inicialmente, a queda do ministro causava pouco danos ao Planalto, a recusa passa a representar um constrangimento ao governo.
Nos bastidores, alguns elementos são elencados como sendo a real justificativa para a recusa. Primeiro, há a indisposição da bancada do União de se aproximar do governo Lula sendo que o partido pode acabar alinhado à direita nas próximas eleições.
Porém, uma disputa interna na legenda também pode explicar o constrangimento. O União nasceu pela fusão de dois partidos, os antigos DEM e PSL. Desse modo, o partido é marcado por uma disputa entre as alas provenientes das siglas extintas. Se Pedro Lucas aceitasse o ministério, a liderança do partido na Câmara seria novamente definida por eleição. Assim, a ala de Pedro Lucas e do atual presidente Antônio Rueda temia perder a liderança para o outro grupo, mais oposicionista.