A pesquisa Genial/Quaest divulgada hoje (13) sobre a sucessão de 2026 aponta que o presidente Lula (PT) lidera os cenários de primeiro turno. No segundo turno, Lula supera seus adversários em 9 dos 10 cenários estimulados. Apenas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é que temos um quadro de empate técnico em função da margem de erro, que é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. No entanto, a vantagem numérica é de Lula.
Apesar da liderança de Lula, houve uma mudança, principalmente nas simulações de segundo turno, em relação ao mês passado. Como consequência do impacto provocado pelo tema da segurança pública na conjuntura, o presidente reduziu sua distância em relação aos concorrentes em todas as simulações de segundo turno.
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Nos cenários de primeiro turno, a soma das intenções de voto dos candidatos de oposição supera Lula nos cenários 1 (50% a 32%) , 2 (48% a 31%) e 4 (46% a 32%). Nos cenários 3 (37% a 35%) e 6 (40% a 36%), a vantagem numérica é da oposição. No entanto, em função da margem de erro, Lula empata com todos os possíveis adversários. Nas simulações 7 (38% a 36%), 8 (39% a 35%), 9 (39% a 33%) , e 10 (39% a 31%) , a intenção de voto em Lula supera a de todos possíveis adversários somados. No cenário 5 (38% a 38%), temos um empate técnico entre Lula e as alternativas da oposição.
Lula supera todas as alternativas da direita mais bem postadas na pesquisa (ver tabela abaixo). Lula tem 5 pontos percentuais de vantagem sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – no mês passado, eram 9 pontos.
O presidente aparece com 13 pontos de vantagem sobre a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) – em outubro, eram de 18 pontos; 19 pontos em relação ao governador de São Paulo (SP), Tarcísio de Freitas (Republicanos) – no mês passado, a distância era de 21 pontos; e 17 pontos em relação ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) – no mês passado, eram 20 pontos.
Lula livra também 18 pontos de vantagem sobre o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD); e 27 pontos dos governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil).
Mesmo estando inelegível e em prisão domiciliar, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) permanece como o nome da direita mais forte contra Lula. Outro aspecto a ser observado é que nas simulações em que temos menos nomes de oposição como pré-candidatos – cenários 5, 6, 7, 8, 9 e 10 – Lula aumenta a vantagem, podendo até vencer em primeiro turno. Ou seja, neste momento, ter menos candidatos de oposição no tabuleiro pode beneficiar Lula.
| Candidatos |
Cenário 1 |
Cenário 2 |
Cenário 3 |
Cenário 4 |
Cenário 5 |
Cenário 6 |
Cenário 7 |
Cenário 8 |
Cenário 9 |
Cenário 10 |
| Lula (PT) |
32 |
31 |
35 |
32 |
38 |
36 |
38 |
39 |
39 |
39 |
| Jair Bolsonaro (PL) |
27 |
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| Michelle Bolsonaro (PL) |
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18 |
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| Tarcísio de Freitas (Republicanos) |
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16 |
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20 |
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21 |
| Eduardo Bolsonaro (PL) |
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15 |
18 |
22 |
24 |
24 |
27 |
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| Ratinho Júnior (PSD) |
7 |
10 |
|
10 |
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18 |
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| Ciro Gomes (PSDB) |
8 |
9 |
12 |
10 |
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| Romeu Zema (Novo) |
3 |
5 |
5 |
5 |
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|
12 |
11 |
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7 |
| Ronaldo Caiado (União Brasil) |
4 |
5 |
4 |
5 |
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| Renan Santos (Missão) |
1 |
1 |
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1 |
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6 |
3 |
| Indecisos |
6 |
5 |
6 |
6 |
5 |
5 |
5 |
5 |
6 |
6 |
| Branco/Nulo |
12 |
16 |
22 |
16 |
19 |
19 |
21 |
21 |
22 |
24 |
*Fonte: Genial/Quaest (02 a 05/10)
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Nas simulações de segundo turno, Lula venceria seus adversários em 9 das 10 simulações. O único cenário em que temos um quadro de empate técnico é quando Jair Bolsonaro figura como adversário de Lula. Nesse cenário, embora a vantagem de Lula seja de três pontos percentuais, o cenário é de empate técnico por conta da margem de erro. Vale mencionar que em outubro a distância entre Lula e Bolsonaro era de 10 pontos.
Nas demais simulações, apesar de Lula superar seus adversários, a vantagem do presidente caiu em relação ao mês passado. A distância em relação ao ex-ministro Ciro Gomes (PSDB), que era de 9 pontos, caiu para 5 pontos.
Contra Tarcísio de Freitas, a distância de Lula baixou de 12 pontos percentuais para 5 pontos. Em relação a Michelle Bolsonaro, a distância em relação a Lula caiu de 13 para 9 pontos. Quanto a Ratinho Júnior, a vantagem de Lula baixou de 13 para 5 pontos.
Em relação a Caiado e Zema, a distância de Lula baixou de 15 pontos para 7 pontos. O presidente viu a distância sobre Eduardo Bolsonaro cair de 15 para 10 pontos, e contra Eduardo Leite cair de 23 para 13 pontos. A maior vantagem de Lula é contra Renan Santos, do recém-criado partido Missão: 17 pontos.
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Apesar da liderança de Lula nos cenários de segundo turno, a sucessão de 2026 promete ser muito disputada. Nota-se que em 8 das 10 simulações realizadas pela Quaest, a vantagem de Lula é de 10 pontos percentuais.
Se considerarmos que temos cerca 20% a 30% de eleitores “sem candidato” (brancos, nulos e indecisos) e que haverá elevada abstenção, podemos esperar um acirramento da disputa. Vale pontuar que, nos últimos anos, o não comparecimento às urnas girou em torno de 20% o que potencialmente pode prejudicar o presidente, já que o índice é maior entre os eleitores de menor renda e escolaridade.
| Candidatos |
Cenário 1 |
Cenário 2 |
Cenário 3 |
Cenário 4 |
Cenário 5 |
Cenário 6 |
Cenário 7 |
Cenário 8 |
Cenário 9 |
Cenário 10 |
| Lula (PT) |
42 |
38 |
41 |
40 |
43 |
42 |
44 |
43 |
41 |
42 |
| Jair Bolsonaro (PL) |
39 |
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| Tarcísio de Freitas (Republicanos) |
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36 |
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| Michelle Bolsonaro (PL) |
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35 |
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| Ratinho Júnior (PSD) |
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|
35 |
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| Eduardo Leite (PSD) |
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28 |
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| Ciro Gomes (PSDB) |
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33 |
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| Eduardo Bolsonaro (PL) |
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|
33 |
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| Romeu Zema (Novo) |
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36 |
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| Ronaldo Caiado (União Brasil) |
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35 |
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| Renan Santos (Missão) |
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25 |
| Indecisos |
2 |
3 |
3 |
3 |
3 |
4 |
3 |
3 |
4 |
4 |
| Branco/Nulo |
17 |
26 |
20 |
22 |
18 |
19 |
18 |
21 |
27 |
29 |
*Fonte: Genial/Quaest (02 a 05/10)
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A pesquisa também aponta um desgaste com a polarização do lulismo contra o bolsonarismo. De acordo com o Quaest, 59% dos entrevistados entendem que Lula não deveria disputar à reeleição. 38% defendem que o presidente dispute à reeleição. Em relação a outubro, cresceu três pontos o percentual dos que entendem que Lula não deve concorrer à reeleição. Por outro lado, caiu quatro pontos o índice dos que entendem que o presidente deve buscar um novo mandato.
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Quanto a Jair Bolsonaro, 67% entendem que o ex-presidente deve abrir mão de concorrer e apoiar outro candidato. 26% querem que Bolsonaro seja novamente candidato. Outro sintoma do “cansaço” da polarização é o fato de a menção espontânea, 72% disseram que ainda estão indecisos.
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Outro dado importante nessa direção é que 24% dos entrevistados acreditam que o melhor resultado para o Brasil em 2026 seria a vitória de um nome que não seja ligado a Lula, nem a Bolsonaro. 23% afirmam que o melhor é Lula ganhar de novo. 17% preferem alguém de fora da política. Apenas 15% defendem que o melhor para o país seria Bolsonaro voltar a ser elegível e vencer.
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O desgaste de Lula após a emergência da segurança pública como tema central do debate público pode também ser observado nos índices de rejeição. Em relação a outubro, a rejeição do presidente oscilou positivamente dois pontos, atingindo 53%. Jair Bolsonaro segue com elevada rejeição (60%), perdendo apenas para Eduardo Bolsonaro (67%). Na sequência aparecem Michelle Bolsonaro (61%); Ciro Gomes (57%); Tarcísio de Freitas (40%); Ratinho Júnior (37%); Romeu Zema (35%); Ronaldo Caiado (34%); Renan Santos (23%).
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Quanto à rejeição, vale destacar que o índice negativo de Tarcísio, que estava em alta desde agosto, parou de subir. Ratinho Júnior, por sua vez, viu sua rejeição cair três pontos – assim como Tarcísio, a rejeição de Ratinho estava subindo desde agosto.
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Quando olhamos a variável rejeição, merece também destaque o comportamento dos eleitores independentes, que devem ser decisivos em 2026. Nesse público, o mais rejeitado é Eduardo Bolsonaro (80%). Na sequência aparecem Jair Bolsonaro (73%); Michelle Bolsonaro (70%); Lula (64%); Ciro Gomes (53%); Tarcísio de Freitas (41%); Ratinho Júnior (35%); Ronaldo Caiado (31%); Romeu Zema (30%); e Renan Santos (21%). Nesse segmento, os nomes mais desconhecidos são Renan (77%); Zema (53%); Ratinho (45%); Caiado (51%); e Tarcísio (35%).
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Apesar da vantagem de Lula nos cenários estimulados, a sucessão de 2026 está em aberto, principalmente por conta da mudança observada na conjuntura, consequência da megaoperação de combate ao crime organizado no Rio de Janeiro (RJ), que teve expressivo respaldo na opinião pública, deixando em um segundo plano a discussão em torno do tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao Brasil. Lula, por conta dos equívocos cometidos em comentários sobre a operação no Rio, viu sua força na corrida sucessória diminuir.
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Também devemos observar outros dados trazidos pela pesquisa e que sugerem a existência de um desejo de mudança. De acordo com a Quaest, a desaprovação ao presidente (50%) é numericamente maior que a aprovação (47%). Mais do que isso, a maioria dos brasileiros entende que o país está no rumo errado ; que Lula não está conseguindo cumprir as promessas de campanha ; e que a economia piorou nos últimos 12 meses. Soma-se a isso o aumento da rejeição ao presidente e a queda da distância em relação aos adversários, principalmente nas simulações de segundo turno.
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A oposição, por sua vez, tem o desafio de encontrar um líder que a represente, já que desde que Jair Bolsonaro está em prisão domiciliar, as divergências na direita têm sido maiores que a convergência. Além disso, existe uma dificuldade de pactuar uma agenda. Até mesmo o tema da segurança pública existe uma falta de consenso, como indicado nas discussões em torno do PL Antifacção.
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Outro desafio para a oposição é o gerenciamento do apoio de Jair Bolsonaro. Embora a atração dos eleitores bolsonaristas seja fundamental para a direita, o (s) candidatos (s) não podem simplesmente reproduzir a narrativa do ex-presidente, já que ele e seu clã possuem elevados índices de rejeição, o que potencialmente poderia beneficiar Lula.
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A oposição precisará ainda definir sua estratégia para o enfrentamento com Lula. Hoje, optar por menos opositores como candidatos, eleva o risco para a direita, pois matematicamente existe a possibilidade até mesmo do presidente vencer em primeiro turno. Assim, ter mais de uma candidatura pode ser benéfica para a oposição, postergando a união contra Lula no segundo turno.
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No entanto, a divisão da direita, principalmente se o clã Bolsonaro lançar um nome ligado à família, pode levar essa alternativa ao segundo turno. E um segundo turno entre Lula e alguém ligado à família é o cenário desejado pelo presidente diante da rejeição dos Bolsonaros.
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Conforme podemos observar, temos uma disputa cercada de indefinições. Se, de um lado, a pauta da segurança pública é adversa ao governo, de outro, o impacto da entrada em vigor da isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil, pode ser eleitoralmente benéfica para Lula.
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Faltando cerca de um ano para o pleito, mais uma vez podemos esperar uma eleição equilibrada. Após ter sido considerado “derrotado” na chamada crise do PIX, em dezembro de 2024, Lula recuperou-se com o episódio com tarifaço, mas voltou a ter dificuldades por conta de erros de posicionamento no tema da segurança pública. A oposição, por outro lado, foi recuperada naquela crise do PIX, passou por desgastes na questão do tarifaço, e agora volta a ganhar força no debate da segurança.
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Ou seja, existe um segmento reduzido do eleitorado que será decisivo, sobretudo porque o lulismo e o bolsonarismo concentram cerca de 60% das preferências. Como os polos dificilmente se moverão, o eleitor independente – ou de centro é que será fundamental. E a característica desse eleitor tem sido a volatilidade.