O governador do Rio de Janeiro (RJ), Cláudio Castro (PL), e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, anunciaram a criação de um Escritório Emergencial de Enfrentamento ao Crime Organizado no Estado, após a megaoperação realizada pelo governo fluminense ter deixado mais de 130 mortos.
O anúncio ocorreu na tarde de hoje (29), após a entrevista coletiva do diretor-geral Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, e Ricardo Lewandowski ter sido marcada por uma contradição nas declarações sobre a megaoperação. A contradição ocorreu após Andrei ter reconhecido que a inteligência da Polícia Militar do Rio fez contato prévio com a unidade local da PF para avaliar uma possível participação na operação.
A participação do governo federal no Escritório Emergencial de Enfrentamento ao Crime Organizado marca uma mudança de posicionamento, já que inicialmente o governo buscou um certo afastamento da crise na segurança do Rio, deixando o assunto com Cláudio Castro.
Como os governos costumam dispor de pesquisas – levantamentos períodos nas redes sociais e pesquisas qualitativas que aferem o comportamento da opinião pública – um eventual apoio da população a megaoperação pode ter sido constatado, contrastando com a cobertura midiática contra o governo fluminense.
Não por acaso, o presidente Lula (PT) optou por submergir, deixando o gerenciamento da crise a cargo de Lewandowski. A atuação do governo federal tem sido marcada pela dualidade. Ao mesmo tempo em que participará do Escritório Emergencial, a Procuradoria Geral da República (PGR) pediu ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, para cobrar explicações do governo de Cláudio Castro sobre a megaoperação. Paralelamente, o Tribunal Superior Eleitoral acabou de noticiar que agendou, para a próxima 3ª feira (4), o julgamento de caso que pode levar à cassação e inelegibilidade de Cláudio Castro.
Apesar de ter os principais meios de comunicação contra a operação, Cláudio Castro teve uma vitória política parcial, já que o governo Lula, sem reação na crise, teve que ceder. Outro aspecto a ser observado é que Castro consegue impor sua agenda, que é integrar os governos e contar com maior apoio financeiro federal contra o crime organizado.
Lula, ao submergir, pode ter cometido um erro político, já que o presidente da República precisa manifestar-se em crises desta magnitude. Além disso, até o momento, o Palácio do Planalto está sem capacidade de construir um discurso uniforme. Castro, embora tenha saído das cordas, também enfrenta desgastes, consequência da alta letalidade da operação.

