Os países que participarão da COP30 estudam apresentar propostas de como farão a transição energética, durante o Encontro Virtual de Líderes pelo Clima e Transição Justa, previsto para esta quarta-feira (23). Segundo o embaixador André Corrêa do Lago, presidente-designado da COP30, o uso de petróleo consta na estratégia de transição de alguns países.
“Sobre a transição, acredito que todos os participantes já sabem que isso é algo que já foi acordado entre todos nós. Chegamos a esse acordo em Dubai. No entanto, cada país apresentará sua própria resposta sobre como fará essa transição. Para alguns países o petróleo é o caminho mais fácil, porque têm grandes reservas; outros, porém, precisam importar muito petróleo”, avaliou André Corrêa do Lago, em conversa com jornalistas, na manhã desta terça-feira (22).
O presidente-designado da COP30 ainda disse que é muito importante mostrar à comunidade internacional que existe um compromisso com a pauta, apesar das diferentes estratégias e circunstâncias de cada país.
Marina Silva: “Se não nos planejarmos, seremos mudados”
Durante o simpósio “Conectando Clima e Natureza: Recomendações para Negociações Multilaterais”, realizado em Brasília no último dia 15, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, alertou para a necessidade urgente de uma transição energética planejada, justa e coordenada.
“Se não nos planejarmos para uma transição justa, seremos mudados. E já estamos sendo”, afirmou a ministra, ao se referir aos efeitos climáticos extremos como secas, enchentes, incêndios e perda de empregos.
Ela defendeu que os países entreguem suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) até a COP30, conforme previsto pelo Acordo de Paris. Essas metas nacionais de redução de emissões são consideradas fundamentais para guiar a ação climática global.
“Não é festa, é luta”
Marina Silva também chamou atenção para a seriedade da COP30, que será sediada em um dos biomas mais importantes do mundo, a Amazônia. Em tom enfático, a ministra afirmou:
“Não é festa, é luta. Não é a Copa do Mundo, nem a Olimpíada. É uma COP. E ela vem em um momento de luto, de dor e de ameaça ao multilateralismo e à solidariedade entre os povos.”
Ela ainda evocou a memória da ECO-92, evento histórico realizado há 32 anos no Rio de Janeiro, e alertou para a necessidade de reconectar o debate climático à natureza.
“O clima é parte da natureza, mas fizemos algo tão grave que agora temos que reconectar clima e natureza, como se fossem separados”, disse.