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Câmara discute entraves da energia solar e eólica no sistema elétrico nacional

Geração distribuída enfrenta resistência de distribuidoras, enquanto especialistas cobram soluções técnicas e regulatórias

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A Comissão de Desenvolvimento Econômico (CDE) da Câmara dos Deputados promoveu, nesta terça-feira (6), uma audiência pública para discutir os impactos da geração distribuída de energia, especialmente a partir de fontes solar e eólica, no sistema elétrico brasileiro. O encontro foi solicitado pelo deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG).

O foco do debate foi o impasse entre consumidores e distribuidoras. De um lado, usuários da geração distribuída denunciam que empresas estão negando novas conexões, alegando riscos técnicos relacionados ao chamado fluxo reverso — a injeção de energia excedente na rede elétrica. Por outro lado, as distribuidoras afirmam que recusas são preventivas, com o objetivo de evitar sobrecargas e instabilidade no sistema.

Falta de comprovação técnica e posicionamento da Aneel

Durante a audiência, o deputado Lafayette criticou a ausência de estudos técnicos consistentes que comprovem os riscos associados à geração distribuída.

“Não foi apresentado qualquer estudo técnico que comprove a existência ou extensão do fenômeno”, afirmou o parlamentar.

O presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Pedro Lombardi, reconheceu que o tema é global e que reguladores de outros países já adotam medidas intervencionistas para lidar com o avanço da geração distribuída, especialmente nos sistemas elétricos mais frágeis.

O Ministério de Minas e Energia (MME) também participou da discussão, representado por Frederico Teles, diretor do Departamento de Políticas Setoriais. Ele destacou que o governo está atento ao conflito e que ações conjuntas com a Aneel estão em curso para analisar e propor soluções.

Marco legal e regulação tarifária

A geração distribuída teve grande impulso no Brasil após a aprovação do Marco Legal da Microgeração e Minigeração Distribuída (MMGD), em 2022. A legislação permite que consumidores instalem painéis solares ou turbinas eólicas para gerar sua própria energia e compensem créditos na conta de luz.

Em 2023, a Aneel publicou uma resolução normativa com novas regras tarifárias para o setor, o que reacendeu o debate sobre sustentabilidade financeira das distribuidoras frente ao crescimento da geração própria.

Lafayette concluiu a audiência reforçando que os entraves devem ser enfrentados com base em critérios técnicos e regulatórios, e que o objetivo final deve ser garantir energia limpa, barata e acessível para todos os brasileiros.

Autores

  • Luiza Melo*

    Graduanda de Jornalismo pela Universidade de Brasília. Teve passagem pela Agência Senado e Poder360. Encantada pelo jornalismo político e internacional. Atualmente, auxilia na cobertura de política no site Política Brasileira. *Estagiária sob a supervisão da reportagem.

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  • Jornalista formado pela Universidade Católica de Brasília (UCB). Com experiência em Política, Economia, Meio Ambiente, Tecnologia e Cultura, tem passagens pelas áreas de reportagem, redação, produção e direção audiovisual.

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