Após a grande repercussão da morte do ambulante senegalês Ngange Mbaye, no último dia 11 no bairro do Brás, em São Paulo, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) acionou o Ministério Público de São Paulo (MPSP), para que investigue a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Segundo Boulos, a tragédia foi resultado direto da repressão exercida pela prefeitura por meio da Operação Delegada. “A morte de Mbaye é uma tragédia anunciada. Não podemos aceitar que a gestão Ricardo Nunes trate à bala quem está lutando para levar o pão pra casa. A prefeitura é responsável pela repressão aos trabalhadores na região do Brás, e deve responder por esse episódio estarrecedor”, disse o deputado federal.
R$ 1 milhão por dia: os gastos da Operação Delegada
No documento Boulos, chama atenção para uma fala pública do prefeito Ricardo Nunes, em que ele admite que a prefeitura gasta R$ 1 milhão por dia para manter a Operação Delegada. O valor total, em cinco meses, “valor superior ao orçamento anual da Subprefeitura da Sé, que em 2024 foi de R$ 126 milhões”, destaca nota de Boulos.
A Operação Delegada é um convênio entre a Prefeitura de São Paulo e o Governo do Estado, que permite que policiais militares atuem em escalas extras durante suas folgas, reforçando o policiamento ostensivo em áreas comerciais da capital. De acordo com a prefeitura, o trabalho é voluntário, com os policiais atuando de farda e com os equipamentos da PM.
Na última segunda-feira (14), o STF manteve suspensa a mudança de nome da Guarda Civil Metropolitana para Polícia Municipal. A decisão reforçou a liminar do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), que já havia barrado a nova lei aprovada pela prefeitura da capital paulista. A mudança poderia mexer em atribuições da GCM.
A morte de Ngange Mbaye
O senegalês Ngange Mbaye, que trabalhava como ambulante no bairro do Brás, em São Paulo, foi baleado no abdome por um policial militar da Operação Delegada, durante uma abordagem. Segundo relatos, ele foi atingido enquanto tentava proteger as mercadorias de um colega.
Por meio de um comunicado à imprensa, a ministra de Integração Africana e Negócios Estrangeiros do Senegal, Yassine Fall, comunicou que cobrará explicações do Brasil sobre a morte de Ngange Mbaye. “Foi com grande tristeza e consternação que fui informada da morte trágica do nosso compatriota Ngagne Mbaye em São Paulo”, declarou.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) afirmou que um Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado, e que o policial militar teria sido afastado durante as investigações.