A pesquisa CNT/MDA divulgada hoje (17) mostra uma queda de quatro pontos percentuais na avaliação negativa (ruim/péssima) do governo Lula (PT) em relação a fevereiro. No entanto, o saldo de popularidade segue negativo para Lula, pois a avaliação positiva (ótimo/bom) ficou estável nesse mesmo período. Nos últimos quatro meses, o índice regular cresceu quatro pontos (ver tabela abaixo).
Mesmo que a distância entre as avaliações negativa e positiva tenha caído de 15 para 11 pontos percentuais, vale observar que apenas 8,3% dos entrevistados consideram o governo Lula “ótimo”. No extremo oposto, 30,1% classificam a gestão do presidente como “péssima”.
Outro aspecto a ser observado é a segmentação da avaliação do governo por faixas de renda. Como a margem de erro é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos, hoje, a avaliação positiva de Lula não supera a negativa nem mesmo entre a faixa de renda com renda mensal de até 2 salários mínimos. Nesse segmento, 35% aprovam Lula. 33% desaprovam.
No segmento com renda mensal de mais de 2 a 5 salários, 44% desaprovam o presidente. Apenas 23%. Entre quem ganha mais de 5 salários, 53% desaprovam Lula. 23% o aprovam.
Na divisão por regiões, a avaliação positiva de Lula supera a negativa apenas no Nordeste: 41% a 26%. Nas demais regiões, a avaliação negativa supera a positiva: Sudeste (47% a 23%); Sul (41% a 24%); e Norte/Centro-Oeste (44% a 28%). Chama atenção a elevada desaprovação de Lula no Sudeste, a maior região do país. Por ora, mesmo tendo aprovado no Nordeste, Lula não consegue compensar entre os nordestinos o cenário desfavorável no Sudeste, que abrange estados estratégicos como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, os três maiores colégios eleitorais do país.
Segundo a CNT/MDA, nesse mesmo período de mandato, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tinha uma avaliação positiva de 28%, praticamente a mesma que Lula tem hoje (29%). A avaliação negativa de Bolsonaro (48%) era maior que a de Lula (40%).
Porém, a avaliação positiva de Lula (29%) é bem inferior à registrada pelo presidente em seu primeiro mandato (40%) e também no segundo mandato (70%). O índice também é mais baixo que o registrado no governo Dilma 1 (54%) nesse mesmo período de gestão.
Outro dado negativo para Lula é o fato da maioria dos brasileiros desaprovarem seu governo (52,9%). Por outro lado, 40,7% aprovam o presidente.
O saldo negativo de popularidade de Lula traz importantes desafios para o presidente em 2026, quando deverá disputar a reeleição. Apesar de Lula ainda ser competitivo, os números indicam que existe uma insatisfação importante na opinião pública com o governo e o presidente. Além disso, os nomes da oposição crescem na preferência dos eleitores.
Sucessão de 2026 em aberto
A CNT/MDA também simulou cenários de primeiro turno para a sucessão de 2026. Em uma hipotética disputa entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível, e o presidente Lula (PT), o cenário é de empate técnico. Nas demais simulações, Lula está em vantagem nas disputas (ver tabela abaixo).
Na simulação em que Lula e Bolsonaro não figuram como candidatos, Fernando Haddad (PT) aparece tecnicamente empatado com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL). No entanto, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) também está em situação de empate técnico.
Chama atenção nas simulações o desempenho do governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), que mesmo sendo pouco conhecido nacionalmente, atinge mais de 10% das intenções de voto em dois cenários simulados.
Nas simulações de segundo turno, Lula, apesar da desvantagem numérica em um embate com Jair Bolsonaro, está em situação de empate técnico. Lula também empata tecnicamente com Tarcísio. Jair Bolsonaro venceria Fernando Haddad. Em uma eventual disputa entre Haddad e Tarcísio, o governador paulista está numericamente à frente, mas o quadro também é de empate técnico.
Apesar da desaprovação do governo Lula superar a aprovação, os cenários estimulados de 2026 apontam uma disputa acirrada entre o lulismo e o bolsonarismo. Mesmo que Lula e Jair Bolsonaro não sejam candidatos, dificilmente haverá espaço para uma alternativa sem vínculos políticos com uma dessas duas narrativas.
Apesar de Lula ainda ser competitivo, em que pese os importantes obstáculos que seu governo enfrenta, pesa contra o presidente o fato de:
1) 43,7% dos entrevistados consideraram seu governo pior que o de Bolsonaro – 34,4% acham a gestão Lula melhor;
2) 35,3% entendem que a decisões de Lula são ruins – 24,5% consideram boas; e
3) 40,2% entendem que o governo está pior do que no início do mandato, em 2023.
Conforme podemos observar, Lula teria hoje uma eleição difícil pela frente, pois a maioria dos brasileiros está insatisfeita com o governo. A oposição, por sua vez, segue com o desafio de construir um nome que unifique o campo da direita contra o presidente, pois, como Jair Bolsonaro está inelegível, ainda não há um candidato anti-Lula constituído como opção eleitoral.