Menos de uma semana após o encerramento da 5ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Conapir), a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, destacou a importância do apoio dos governos estaduais e municipais para efetivar as cerca de 500 propostas aprovadas durante o evento em Brasília. A fala foi feita em entrevista para o programa Bom Dia, Ministra nesta terça-feira (23).
Segundo a ministra, a falta de alinhamento político e demora na execução dos entes federativos são grandes obstáculos para que as políticas cheguem à população.
“Muita coisa aconteceu nesses últimos três anos à frente do Ministério da Igualdade Racial, onde nós fazíamos como o nosso dever deve ser feito, enviar recursos e tudo o mais e, muitas vezes, estados e municípios, por terem posicionamentos diferentes do nosso, ou demoravam muito, ou atrasavam ou não queriam fazer acontecer”, disse.
Importância da articulação federativa
Anielle frisou que a efetividade das políticas públicas depende da articulação entre diferentes níveis de governo e que é essencial lembrar que a política deve cuidar das pessoas, independente de posicionamento eleitoral.
“É um grande desafio. A gente vive uma fase no nosso país onde a gente precisa, cada vez mais, lembrar que não é sobre onde eu voto, em quem eu voto, mas sim sobre cuidar do povo”, afirmou.
A ministra destacou que o desafio do próximo ano eleitoral será superar disputas partidárias para garantir continuidade das políticas de Estado, que devem perdurar para além dos ciclos políticos.
“Não pode ser apenas uma política de governo. Passados dois, quatro, seis anos, é outro [governo], não vamos fazer? Não, temos que fazer sim. Tem que ser uma política de Estado. Essa é a maneira, a vontade política. Você pode chegar a qualquer cargo que queira, mas, se você não tiver a vontade de fazer, a vontade política de fazer com que isso caminhe e dê certo, não vai sair do papel”, pontuou.
Conapir
A 5ª Conapir reuniu cerca de 2 mil pessoas, incluindo delegados eleitos, convidados e observadores, e sistematizou mais de 740 propostas que serão encaminhadas ao governo federal.
O evento reforçou o compromisso com a democracia, reparação histórica e justiça racial, trazendo demandas cruciais como avanço na titulação quilombola, moradia digna, empregabilidade e acesso à saúde no contexto dos povos negros e demais comunidades vulneráveis.
A ministra relacionou a pauta de igualdade racial à temática da COP30, destacando o impacto do racismo ambiental sobre comunidades quilombolas e indígenas, enfatizando a importância da parceria entre políticas públicas e agendas ambientais no país.

