Análise: Disputa permanece acirrada, mas 2º turno entre Nunes e Boulos é o mais provável

Pablo Marçal, embora se mantenha como um candidato competitivo, está perdendo o apoio de parte dos simpatizantes de Bolsonaro para Nunes

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As pesquisas dos institutos Datafolha e Quaest sobre a disputa pela Prefeitura de São Paulo (SP), divulgadas na semana passada, mostraram tendências similares e uma diferença. Os dois levantamentos mostraram que o horário eleitoral alavancou as intenções de voto do prefeito Ricardo Nunes (MDB). O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), apesar de ter oscilado negativamente no Quaest e positivamente no Datafolha, apresenta uma estabilidade nas duas pesquisas.

A diferença entre o Datafolha e o Quaest envolve as intenções de voto no ex-coach Pablo Marçal (PRTB). O Datafolha apontou uma queda de Marçal. O Quaest, por sua vez, apontou uma oscilação positiva de Marçal, que manteve a trajetória ascendente.

A diferença entre os percentuais de Marçal nos dois institutos pode ser explicada pelo período diferente de coleta das entrevistas. O Quaest foi a campo entre os dias 8 a 10 de setembro.

Já o Datafolha, aplicou os questionários entre os dias 10 a 12 de setembro. Assim, uma hipótese possível é que o Datafolha tenha captado melhor os embates entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o pastor Silas Malafaia após o ato bolsonarista realizado na Avenida Paulista, no último sábado (7).

Na pesquisa Datafolha, Ricardo Nunes cresceu oito pontos percentuais desde o início do horário eleitoral, assumindo a liderança numérica da disputa em São Paulo. Nunes está tecnicamente empatado com Guilherme Boulos, que oscilou positivamente dois pontos em relação aos dois últimos levantamentos, ficando estável. Pablo Marçal, que vinha em uma trajetória ascendente desde o final de agosto, caiu três pontos.

A deputada federal Tabata Amaral (PSB) permanece estável. O apresentador José Luiz Datena (PSDB) oscilou um ponto para baixo, mantendo sua trajetória de queda, iniciada no final de agosto.

CANDIDATOS

06 a 07/08 (%)

20 a 21/08 (%)

03 a 04/09 (%)

10 a 12/09 (%)

Ricardo Nunes (MDB)

23

19

22

27

Guilherme Boulos (PSOL)

22

23

23

25

Pablo Marçal (PRTB)

14

21

22

19

Tabata Amaral (PSB)

7

8

9

8

José Luiz Datena (PSDB)

14

10

7

6

Marina Helena (Novo)

4

4

3

3

Outros

3

2

2

2

Indecisos

3

4

4

4

Branco/Nulo

11

8

8

7

*Fonte: Datafolha

Na pesquisa Quaest, temos um cenário parecido. Ricardo Nunes cresceu cinco pontos desde o início da propaganda eleitoral na televisão, assumindo a liderança numérica. Pablo Marçal oscilou positivamente dois pontos, mantendo a trajetória de ascensão iniciada em julho. Guilherme Boulos, embora tenha ficado estável, apresenta um viés de baixa. Tabata Amaral ficou estável e José Luiz Datena permanece em queda.

CANDIDATOS

JUNHO (%)

JULHO (%)

AGOSTO (%)

SETEMBRO (%)

Ricardo Nunes (MDB)

22

21

19

24

Pablo Marçal (PRTB)

10

13

19

23

Guilherme Boulos (PSOL)

21

19

22

21

José Luiz Datena (PSDB)

17

19

12

8

Tabata Amaral (PSB)

6

6

8

8

Marina Helena (Novo)

4

4

3

2

Outros

5

5

2

1

Indecisos

7

8

8

5

Branco/Nulo

8

9

7

8

*Fonte: Instituto Quaest

A acirrada disputa pela liderança também se reproduz na menção espontânea. De acordo com o Datafolha, Boulos aparece com 20% das preferências. Nunes e Marçal aparecem com 14% cada um. O percentual de indecisos é de 34%. No Quaest, o cenário na menção espontânea é similar. Marçal aparece com 15% das preferências. Boulos registra 14%. Nunes tem 13%. O percentual de indecisos é mais elevado: 49%.

Pablo Marçal é o candidato mais rejeitado (44%). Em relação a pesquisa Datafolha da semana passada, a rejeição de Marçal cresceu seis pontos. Guilherme Boulos é o segundo mais rejeitado (37%). Na sequência aparecem Datena (32%), Nunes (19%) e Tabata (16%). No Quaest, Datena (60%) é o candidato mais rejeitado. Na sequência aparecem Boulos (48%), Marçal (41%), Nunes (34%) e Tabata (33%).

As simulações de segundo turno dos dois institutos mostram um cenário muito parecido. Tanto no Datafolha quanto no Quaest, Ricardo Nunes venceria Guilherme Boulos e Pablo Marçal. No hipotético embate entre Boulos e Marçal, o quadro é de empate técnico no Quaest. Já no Datafolha, Boulos está na frente.

No Datafolha, Nunes venceria Boulos por uma vantagem de 15 pontos percentuais (ver tabela abaixo). Em relação ao levantamento da semana passada, Nunes cresceu quatro pontos. Boulos oscilou positivamente um ponto.

CANDIDATOS

03 a 04/09 (%)

10 a 12/09 (%)

Ricardo Nunes (MDB)

49

53

Guilherme Boulos (PSOL)

37

38

Indecisos

11

8

Branco/Nulo

2

1

*Fonte: Datafolha

No Quaest, a distância entre Nunes e Boulos também é de 15 pontos em favor do prefeito. Em relação à pesquisa de agosto, Nunes oscilou positivamente dois pontos. Boulos ficou estável.

CANDIDATOS

AGOSTO (%)

SETEMBRO (%)

Ricardo Nunes (MDB)

46

48

Guilherme Boulos (PSOL)

33

33

Indecisos

4

6

Branco/Nulo

17

13

*Fonte: Instituto Quaest

No Datafolha, Nunes tem 32 pontos de vantagem sobre Marçal. Comparado ao levantamento da semana passada, Nunes cresceu seis pontos. Marçal caiu quatro pontos.

CANDIDATOS

03 a 04/09 (%)

10 a 12/09 (%)

Ricardo Nunes (MDB)

53

59

Pablo Marçal (PRTB)

31

27

Indecisos

15

13

Branco/Nulo

2

1

*Fonte: Datafolha

No Quaest, a vantagem de Nunes sobre Marçal é um ponto menor: 20 pontos. Em relação ao levantamento de agosto, Nunes cresceu três pontos. Marçal aumentou sua intenção de voto em quatro pontos.

CANDIDATOS

AGOSTO (%)

SETEMBRO (%)

Ricardo Nunes (MDB)

47

50

Pablo Marçal (PRTB)

26

30

Indecisos

6

5

Branco/Nulo

21

15

*Fonte: Instituto Quaest

No Datafolha, em uma hipotética disputa entre Boulos e Nunes, o candidato do PSOL tem uma vantagem sobre o candidato do PRTB de nove pontos. Em relação a pesquisa da semana passada, Boulos oscilou positivamente dois pontos. Marçal oscilou um ponto para baixo.

CANDIDATOS

03 a 04/09 (%)

10 a 12/09 (%)

Guilherme Boulos (PSOL)

45

47

Pablo Marçal (PRTB)

39

38

Indecisos

12

14

Branco/Nulo

3

2

*Fonte: Datafolha

No Quaest, o cenário é de empate técnico. A distância entre Boulos e Marçal é de apenas um ponto a favor do candidato do PSOL. Em relação ao levantamento anterior, Boulos oscilou positivamente dois pontos. Marçal oscilou um ponto para cima.

CANDIDATOS

AGOSTO (%)

SETEMBRO (%)

Guilherme Boulos (PSOL)

38

40

Pablo Marçal (PRTB)

38

39

Indecisos

5

5

Branco/Nulo

19

16

*Fonte: Instituto Quaest

Apesar da acirrada disputa, neste momento, existe uma possibilidade maior do segundo turno em São Paulo ser realizado entre Ricardo Nunes e Guilherme Boulos. Nunes, ancorado no seu robusto tempo de televisão, tem conseguido se tornar mais conhecido, melhorar a avaliação de sua administração, e transformar isso em intenção de voto.

O prefeito também se beneficiou da entrada do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em sua campanha. Joga ainda a favor de Ricardo Nunes o apoio manifestado na última sexta-feira (13) pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Pablo Marçal, embora se mantenha como um candidato competitivo, está perdendo o apoio de parte dos simpatizantes de Bolsonaro para Nunes. Também prejudica Marçal sua ausência no horário eleitoral gratuito. Embora siga muito atuante nas redes sociais, o candidato do PRTB deixou de ser novidade. Mais do que isso, a campanha negativa adotada contra ele parece estar funcionando.

Guilherme Boulos, por sua vez, apesar de ter se desgastado nos embates com Pablo Marçal, que conseguiu colocar em contradição a estratégia de Boulos em se construir como um candidato moderado, similar ao modelo “Lulinha paz e amor” de 2002, ainda concentra a preferência de parcela expressiva dos eleitores de esquerda.

Porém, o candidato do PSOL não tem conseguido avançar sobre os segmentos de menor renda, que em sua maioria são habitantes da periferia de São Paulo, e representam a base social do presidente Lula (PT). Para se garantir no segundo turno, Boulos apostará na entrada mais efetiva de Lula em sua campanha.

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