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Alexandre de Moraes vê violação pontual de Bolsonaro, mas descarta prisão

Ministro adverte para conversão imediata em caso de novo descumprimento

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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta quinta-feira (24) que não há dúvida sobre a ocorrência de violação das medidas cautelares por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro. O episódio envolveu a veiculação, nas redes sociais do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), de trecho de discurso feito por Bolsonaro no Congresso, logo após o ex-presidente exibir sua tornozeleira eletrônica e falar à imprensa.

“Na presente hipótese, na veiculação pelas redes sociais de discurso proferido por JAIR MESSIAS BOLSONARO na Câmara do Deputados por seu filho, também investigado, momentos após o acontecimento, constata-se a tentativa de burlar a medida cautelar”, escreveu Moraes.

Para Moraes, mesmo sem intenção admitida pela defesa, ficou claro o intento de burlar a proibição de uso de redes sociais. Segundo o ministro, o caso foi “isolado”, sem repetição conhecida até o momento, e as explicações da defesa foram consideradas. Assim, descartou a decretação da prisão preventiva, mas advertiu: qualquer novo descumprimento resultará na conversão imediata das cautelares em prisão.

A Primeira Turma do STF confirmou as medidas cautelares contra Bolsonaro na segunda-feira (21), por quatro votos a um, com votos favoráveis de Moraes, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. O ministro Luiz Fux divergiu, não enxergando risco de fuga do ex-presidente.

Limites à atuação pública

O ministro deixou claro que Bolsonaro não está impedido de conceder entrevistas ou se manifestar publicamente. Entretanto, ressaltou que não pode recorrer a situações previamente articuladas para que falas suas sejam divulgadas de forma coordenada por terceiros nas redes, driblando a restrição.

Para Moraes, essa prática lembra o método de milícias digitais que buscam fragilizar a democracia, coordenando publicações para disseminar crimes atribuídos a Bolsonaro.

Interferência internacional

Moraes destacou ainda o contexto das ações de Bolsonaro e aliados como estratégia para instigar chefes de Estado estrangeiros a interferirem no curso judicial brasileiro, em clara ameaça à soberania do país. O ministro citou como exemplo o anúncio de sanções do governo Trump, que resultaram no cancelamento de vistos de ministros do STF e familiares, além do tarifaço de 50% sobre as exportações brasileiras, anunciado pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, com justificativa publicada nas redes sociais.

Investigação no STF

Jair e Eduardo Bolsonaro seguem investigados por tentativa de coação contra o STF, numa suposta mobilização para pressionar pela anulação do processo em que o ex-presidente é acusado de orquestrar um golpe de Estado após a derrota eleitoral. Moraes relatou que Bolsonaro teria condicionado o recuo do tarifaço norte-americano a uma anistia para envolvidos na trama golpista, além de repassar R$ 2 milhões angariados em campanha para sustentar Eduardo Bolsonaro em missão política nos EUA.

Autor

  • Jornalista formado pela Universidade Católica de Brasília (UCB). Com experiência em Política, Economia, Meio Ambiente, Tecnologia e Cultura, tem passagens pelas áreas de reportagem, redação, produção e direção audiovisual.

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