A Advocacia-Geral da União (AGU) solicitou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a abertura de investigação para apurar o suposto uso de informações privilegiadas que teriam gerado lucro anormal no mercado cambial brasileiro nas datas próximas ao anúncio, pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras.
O pedido foi protocolado neste sábado (19) dentro do inquérito que já apura as ações do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e demais envolvidos na articulação de medidas consideradas hostis contra o governo brasileiro e ministros do STF, supostamente em busca de barrar processos judiciais relacionados à tentativa de golpe de Estado em 2022.
Segundo a AGU, há indicativos de que movimentações atípicas em operações de câmbio possam ter ocorrido antes e depois do anúncio da taxação por Trump, o que levantaria suspeitas sobre ganhos financeiros ilícitos baseados em informações não públicas. A ação pretende investigar a origem dessas operações e o eventual vínculo dos fatos com investigações já em curso sobre obstrução da Justiça.
Investigação cresce em meio à crise diplomática
A apuração chega num momento de extrema tensão entre Brasil e Estados Unidos, após a imposição do tarifaço e medidas restritivas da Justiça brasileira contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados. Eduardo Bolsonaro permaneceu nos EUA após licença parlamentar que venceu neste domingo (20), e é apontado como articulador de pressões externas que teriam potencializado a crise.
Na última sexta-feira (18), Jair Bolsonaro foi alvo de operação de busca e apreensão da Polícia Federal (PF), e teve medidas cautelares impostas pelo STF, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica e restrições de circulação e comunicação. Moraes justificou a necessidade das medidas pelo risco de fuga e possível embaraço das investigações envolvendo a trama golpista. A decisão foi apoiada pela maioria dos ministros da Primeira Turma da Corte.