O café moído foi o segundo item que mais pressionou a inflação de junho, atrás apenas da energia elétrica, segundo o IPCA-15 divulgado pelo IBGE na última quinta-feira (26). O preço subiu 2,86% em relação a maio e acumula alta de 81,6% nos últimos 12 meses, refletindo uma sequência de recordes históricos desde o início de 2024.
No entanto, no campo, o cenário já começou a mudar: a cotação média mensal do café arábica caiu 17% em junho em relação a fevereiro, acompanhando o avanço da colheita no Brasil e a expectativa de melhora nas safras do Vietnã e Indonésia. O movimento de queda, porém, ainda não chegou ao consumidor final, pois o repasse costuma ser lento devido ao tempo de processamento, estocagem e comercialização do grão.
Repasse ao consumidor só deve ganhar força em 2026
Analistas apontam que a queda de preços no campo deve começar a ser sentida no varejo de forma lenta e gradual no segundo semestre de 2025, mas só ganhará intensidade em 2026, caso não haja novos problemas climáticos ou geopolíticos. O repasse é demorado porque envolve etapas como secagem, beneficiamento, torrefação e distribuição, além de estoques formados pela indústria em períodos de preços mais altos.
A disparada dos preços do café desde 2024 foi causada por uma combinação de fatores: seca severa no Brasil, queda de produção no Vietnã, estoques baixos, especulação financeira e antecipação de importações pela Europa diante de novas regras ambientais. Mesmo com o início do alívio nas cotações do campo, a oferta global segue restrita e os custos estruturais da cadeia permanecem elevados, o que deve manter o café caro para o consumidor até o próximo ano.
Segundo especialistas, só uma safra abundante no Brasil e no Vietnã em 2026 poderá trazer uma redução mais significativa nos preços ao consumidor, mas dificilmente os valores voltarão aos patamares anteriores à crise.