A Comissão Europeia apresenta nesta quarta-feira (3) para aprovação o acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, beneficiando países como a Alemanha, que buscam novos mercados para compensar as tarifas impostas por Trump. No entanto, a iniciativa enfrenta resistência da França e de seus aliados, principais críticos do acordo.
Formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, o Mercosul concluiu as negociações com a UE em dezembro passado, cerca de 25 anos após o início das conversações.
Atualmente, o acordo será submetido à aprovação da União Europeia, passando por votação no Parlamento Europeu e exigindo maioria qualificada entre os governos do bloco, ou seja, 15 dos 27 membros que representam 65% da população da UE. Apesar disso, não há garantia de que será aprovado em nenhum dos casos.
Novas alianças comerciais
Em resposta à reeleição de Trump, em novembro do ano passado, a União Europeia intensificou seus esforços para firmar novas alianças comerciais, acelerando negociações com Índia, Indonésia e Emirados Árabes Unidos, enquanto aprofundava os laços com parceiros de livre comércio já existentes, como Reino Unido, Canadá e Japão.
Segundo o executivo da UE, o acordo com o Mercosul é o maior já firmado em termos de reduções tarifárias e representa uma etapa crucial para diversificar os laços comerciais do bloco.
Oposição ao acordo
A França, maior produtora de carne bovina da União Europeia e principal crítica do acordo, classificou-o como “inaceitável”.
Além disso, agricultores europeus têm protestado repetidamente, alegando que o acordo permitiria a entrada de commodities sul-americanas baratas, principalmente carne bovina, que, segundo eles, não cumpririam os padrões de segurança alimentar e ambiental da UE.
A Comissão Europeia, contudo, rejeita essas críticas, afirmando que o acordo respeita todos os requisitos do bloco.
Como consequência, críticos esperam que o Parlamento Europeu bloqueie o acordo, onde os Verdes e a extrema direita se opõem, ou que os governos da UE o rejeitem, caso países como Polônia e Itália se unam à França na resistência, impedindo a obtenção da maioria necessária.
Benefícios
Os defensores do acordo na União Europeia consideram o Mercosul um mercado em expansão para carros, máquinas e produtos químicos europeus, além de uma fonte confiável de minerais essenciais para a transição verde, como o lítio metálico para baterias, do qual a Europa atualmente depende da China.
Além disso, eles ressaltam os benefícios para o setor agrícola, já que o acordo ampliaria o acesso a produtos europeus e reduziria tarifas sobre queijos, presunto e vinho.