O presidente de Camarões, Paul Biya, garantiu seu oitavo mandato nesta segunda-feira (27) após conquistar 53,66% dos votos, segundo o Conselho Constitucional. O principal adversário, Issa Tchiroma Bakary, ficou com 35,19% e contestou publicamente o resultado, relatando inclusive tiroteios perto de sua casa após a divulgação oficial dos números.
A votação aconteceu no dia 12 de outubro, e dois dias depois Bakary declarou vitória, com base em um documento que alega ter tido 54,8% dos votos, enquanto Biya teria 31,3%. Nos dias seguintes à votação, confrontos entre apoiadores da oposição e forças de segurança resultaram em mortos e feridos, com pelo menos quatro mortes em Douala, maior cidade do país. Manifestações também foram registradas em Bafoussam e Yaoundé, capital camaronesa.
Oposição e analistas destacam instabilidade
O governo, por sua vez, recusou-se a comentar as denúncias de irregularidades ou a se manifestar sobre as mortes. A oposição e analistas internacionais avaliam que Biya inicia um mandato “notavelmente instável”, pois parte relevante dos cidadãos rejeita a legitimidade da vitória. Líderes do International Crisis Group e da Oxford Economics pediram mediação urgente para evitar uma escalada ainda maior dos conflitos internos.
Quarenta anos no poder
Paul Biya está no poder desde 1982 e eliminou em 2008 o limite de mandatos presidenciais na Constituição camaronesa, mantendo rígido controle sobre o país e sendo acusado por rivais de clientelismo, repressão à oposição e fraudes eleitorais.
O camaronês é apenas o segundo presidente da história do Camarões. Aos 92 anos, Biya poderá permanecer na presidência até quase completar 100 anos.

