O primeiro-ministro da França François Bayrou foi destituído nesta segunda-feira (8), após perder votação de confiança no Parlamento francês por 364 votos a 194. Bayrou entregará oficialmente sua renúncia a Emmanuel Macron nesta terça-feira (9), iniciando a busca do presidente por seu quinto chefe de governo em menos de dois anos.
Desafio de governabilidade
O sucessor de Bayrou terá a difícil missão de unificar o Parlamento e aprovar o orçamento de 2026, enfrentando a pressão para reduzir o déficit público, que está quase no dobro do limite de 3% da União Europeia. A dívida da França chega a 114% do PIB.
“Nosso país trabalha, pensa que está ficando mais rico, mas, em vez disso, a cada ano fica mais pobre. É uma hemorragia silenciosa, enterrada, invisível e insuportável”, disse Bayrou em seu discurso no Parlamento. O agora ex-primeiro-ministro afirmou também que a juventude francesa será a principal vítima da “escravidão” da dívida.
Sucessão
O ministro da Defesa, Sebastien Lecornu, figura entre os nomes considerados para a sucessão. Macron pode optar também por um líder de centro-esquerda ou um tecnocrata, de acordo com avaliações. Enquanto isso, o Partido Socialista reivindica espaço no governo, e a extrema-direita liderada por Marine Le Pen pede eleições parlamentares antecipadas, rejeitadas por Macron até o momento. Le Pen afirma que a derrubada de Bayrou marcaria “o fim da agonia de um governo fantasma”.
Não há regras que determinem quem o presidente deve escolher, nem quando, mas o gabinete de Macron informou que o nome do próximo primeiro-ministro será divulgado nos próximos dias.
Existe ainda a possibilidade de Macron convocar eleições antecipadas, mas essa alternativa é avaliada como hostil pelo Parlamento. O presidente também pode renunciar ao cargo e convocar uma nova eleição presidencial, mas essa opção tem sido descartada por Macron.
Repercussão
A instabilidade política preocupa o setor empresarial, principalmente o tecnológico, que já vê redução em investimentos e contratações. O país se prepara para protestos antigovernamentais marcados para quarta-feira (10), que podem remeter às manifestações massivas de 2018-2019 contra Macron.
A decisão da agência Fitch sobre a classificação soberana da França, prevista para sexta-feira, é outro ponto de atenção.