Durante o 11º Fórum Parlamentar do BRICS, realizado nesta terça-feira (3) em Brasília, parlamentares de 15 países do bloco criticaram duramente a guerra comercial promovida pelos Estados Unidos por meio de tarifas unilaterais, política praticada desde o início do novo mandato de Donald Trump. Sem citar diretamente o governo americano, os representantes do BRICS classificaram as medidas como protecionistas e inconsistentes com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), ressaltando o impacto negativo sobre as cadeias globais de produção e o crescimento das economias emergentes.
“Preocupação com o aumento de medidas protecionistas”
O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado brasileiro, senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidiu a reunião e criticou o uso de tarifas e barreiras não tarifárias como instrumentos de pressão econômica.
“É grande nossa preocupação com o aumento de medidas protecionistas unilaterais injustificadas, inconsistentes com as regras da OMC, incluindo o incremento indiscriminado de medidas tarifárias e não tarifárias e o uso abusivo de políticas verdes para fins protecionistas”, afirmou Trad.
A posição foi reforçada por representantes da China, que destacaram que a “mentalidade da Guerra Fria está voltando ao mundo, e que alguns países estão usando a intimidação unilateral para impor seus interesses”, e da Indonésia, que defendeu a ampliação do comércio entre os países do BRICS usando moedas locais para reduzir a dependência do dólar.
Multilateralismo, moedas locais e reforma global
Os debates do fórum destacaram a necessidade de fortalecer o multilateralismo, promover o uso de moedas locais no comércio entre os países do bloco e avançar na reforma das instituições multilaterais, como OMC, FMI e Conselho de Segurança da ONU. Parlamentares da África do Sul, Emirados Árabes Unidos, Nigéria, Bolívia e Cuba também defenderam a diversificação dos canais de comércio e a redução da dependência dos mercados ocidentais, além de elogiar o papel do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) na promoção de projetos de infraestrutura e financiamento em moedas locais.

