O estadunidense Robert Prevost foi escolhido nesta quarta-feira (8), no Vaticano, o novo papa. Às 13h08 (horário de Brasília), a tradicional fumaça branca subiu das chaminés da Capela Sistina, indicando ao mundo que a Igreja Católica Apostólica Romana já possui um novo líder. A escolha ocorreu após quatro escrutínios (rodadas de votação), sob o olhar de cerca de 20 mil pessoas reunidas na Praça São Pedro.
Habemus Papam
Logo após o anúncio feito em latim pelo cardeal Dominique Mamberti, Prevost apareceu na sacada da Basílica de São Pedro e fez sua primeira saudação aos fiéis:
“A paz esteja com todos vocês. Esta é a primeira saudação do Cristo ressuscitado. Eu também gostaria que essa saudação de paz entrasse no coração de vocês.”
Nascido em Chicago e com ampla experiência missionária no Peru durante os anos 1980, Prevost ficou conhecido como o “pastor de duas pátrias”. Essa vivência lhe garantiu fluência em espanhol e um profundo vínculo com a realidade da Igreja na América Latina. Sua trajetória foi marcada por uma atuação prática e pastoral, que o aproximou do papa Francisco, responsável por promovê-lo a cardeal e um dos maiores influenciadores de sua ascensão.
O papa Leão XIV assume a liderança da Igreja Católica em um cenário de desafios: a perda gradual de fiéis, o legado popular de Francisco e a expectativa por reformas. Em seu discurso inicial, agradeceu ao antecessor — “Obrigado, papa Francisco” — sinalizando a continuidade de uma agenda progressista e pragmática, como antecipavam os analistas antes do conclave.
Escolha do sucessor
O novo papa Leão XIV foi escolhido exatamente 17 dias após a morte de seu antecessor, Francisco, que faleceu em 21 de abril aos 88 anos, vítima de um AVC e insuficiência cardíaca.
Participaram do conclave 133 cardeais com menos de 80 anos — idade máxima para ter direito a voto. Dois eleitores ficaram de fora por questões de saúde. Como exige a Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, a eleição requer o apoio de ao menos dois terços dos votantes. Isso significa que o novo papa recebeu no mínimo 89 votos.
O conclave de 2025 foi o mais geograficamente diverso da história da Igreja Católica, com cardeais de 70 países. Francisco havia priorizado a nomeação de cardeais de regiões até então pouco representadas, como Haiti, Sudão do Sul e Mianmar, com o objetivo de tornar a Igreja mais global.
Rito e tradição
Após a apuração dos votos, de acordo com a tradição, o então cardeal Robert Francis Prevost foi questionado sobre sua aceitação: “Aceita tua eleição canônica para Sumo Pontífice?” e “Como quer ser chamado?”.
Em seguida, o agora papa foi conduzido à chamada “sala das lágrimas” — um espaço reservado onde ele pôde se preparar emocional e espiritualmente antes de se apresentar ao mundo. A sala fica localizada à esquerda do altar maior da Capela Sistina, sob o célebre afresco “Juízo Final” de Michelangelo.
Presença brasileira no conclave
Sete dos oito cardeais brasileiros do Colégio Cardinalício participaram da votação:
- Dom João Braz de Aviz, 77 anos, arcebispo emérito de Brasília
- Dom Odilo Scherer, 75 anos, arcebispo de São Paulo
- Dom Leonardo Ulrich Steiner, 74 anos, arcebispo de Manaus
- Dom Orani Tempesta, 74 anos, arcebispo do Rio de Janeiro
- Dom Sérgio da Rocha, 65 anos, arcebispo de Salvador
- Dom Jaime Spengler, 64 anos, arcebispo de Porto Alegre e presidente da CNBB
- Dom Paulo Cezar Costa, 57 anos, arcebispo de Brasília
O único cardeal brasileiro fora do processo de votação é Dom Raymundo Damasceno Assis, de 87 anos. Ele participou do conclave que elegeu Francisco em 2013 e agora atua como referência espiritual. Em coletiva de imprensa, ele reforçou o caráter espiritual da escolha, destacando que o conclave não é um processo político: “É uma obra de Deus, uma ação do Espírito Santo”.