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Países da América Latina manifestam preocupação com presença militar dos EUA no Caribe

Maioria dos 21 países membros denuncia movimentação militar extra-regional, principalmente próxima à costa da Venezuela

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A Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) publicou comunicado afirmando compromisso com a paz, soberania e solução pacífica de conflitos, e repudiando a presença militar dos Estados Unidos no Caribe, vista como ameaça à estabilidade regional. A nota cita o Tratado de Tlatelolco, que estabelece a América Latina e Caribe como zona livre de armas nucleares.

“Se recorda que a América Latina e o Caribe foram proclamados como Zona de Paz, compromisso adotado por todos os Estados membros e sustentado em princípios como: a abolição da ameaça ou o uso da força, a solução pacífica de controvérsias, a promoção do diálogo e o multilateralismo, o respeito irrestrito à soberania e à integridade territorial”, aponta o documento.

O comunicado vem logo após os Estados Unidos enviarem navios, submarinos e militares para a costa da Venezuela sob a alegação de “combater cartéis de drogas”.

Tensões recentes

O envio de navios militares gerou uma escalada de tensões com os governos da América Latina, em especial com a Venezuela, ao qual Donald Trump chamou de “narcoestado”. Em resposta, o governo venezuelano denunciou intervenção dos Estados Unidos na região.

Na quinta-feira (4), os Estados Unidos acusaram a Venezuela de sobrevoar as proximidades de um navio norte-americano, alegando que isso aconteceu em águas internacionais. “Este movimento altamente provocador foi concebido para interferir nas nossas operações anti-narcoterrorismo”, disse o Pentágono, em comunicado.

Em seguida, agências internacionais de notícias informaram que os Estados Unidos enviaram 10 caças F-35 para Porto Rico, ilha do Caribe que é território estadunidense, mas fica próxima à Venezuela.

Na terça-feira (2), Trump divulgou um vídeo com um suposto ataque norte-americano a um barco, nas palavras do presidente, “que transportava drogas, muita droga”. O ministro da Comunicação e Informação da Venezuela, Freddy Ñañez, denunciou que o vídeo seria feito por inteligência artificial, e que o secretário de Estados dos EUA, Marco Rubio, estaria levando desinformação a Trump.

Declarações de líderes

O presidente da Celac e da Colômbia, Gustavo Petro, reforçou o compromisso regional com a paz, e criticou a minoria que não endossou o comunicado. O documento foi assinado por 21 países, enquanto 9 se rejeitaram a fazê-lo.

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, por sua vez, manteve discurso agressivo contra Maduro, afirmando que ele é um traficante de drogas e fugitivo da justiça norte-americana. Rubio descartou a avaliação do relatório em que a ONU descarta papel central da Venezuela no mercado global de drogas.

“Não me importa o que a ONU diga. A ONU não sabe do que está falando. Maduro estava escalado para um grande julgamento no Distrito Sul de Nova York. Não há dúvida sobre isso. Nicolás Maduro é um traficante de drogas condenado nos Estados Unidos e um fugitivo da justiça americana”, disse.

Países signatários

Assinaram o documento Brasil, México, Colômbia, Bolívia, Chile, Suriname, Uruguai, Venezuela, além de Honduras, Guatemala, Belize, Nicarágua, República Dominicana, Cuba, Barbados, Antígua e Barbuda, Granada, São Cristóvão e Neves, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, e Dominica.

Argentina, Equador, Peru, Paraguai, Costa Rica, El Salvador, Guiana, Jamaica, e Trinidad e Tobago se recusaram a assinar a carta.

A Celac destacou a necessidade de combater o crime organizado e narcotráfico via cooperação internacional, respeitando o direito internacional.

Autor

  • Jornalista formado pela Universidade Católica de Brasília (UCB). Com experiência em Política, Economia, Meio Ambiente, Tecnologia e Cultura, tem passagens pelas áreas de reportagem, redação, produção e direção audiovisual.

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