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Na ONU, Lula defende soberania, critica sanções e pede atenção à América Latina

Presidente foi o primeiro chefe de Estado a discursar

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O presidente Lula (PT), em seu discurso na abertura da 80ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), realizada em Nova York nesta terça-feira (23), criticou as sanções unilaterais dos Estados Unidos contra instituições e a economia brasileira.

“A agressão contra a independência do Poder Judiciário é inaceitável. Essa ingerência em assuntos internos conta com o auxílio de uma extrema direita subserviente e saudosa de antigas hegemonias. Falsos patriotas arquitetam e promovem publicamente ações contra o Brasil. Não há pacificação com impunidade”, afirmou.

Estado Democrático de Direito e Poder Judiciário

Lula destacou que, pela primeira vez na história do Brasil, um ex-presidente da República foi condenado por tentativa de golpe ao Estado Democrático de Direito. Reforçou que o processo foi conduzido respeitando amplamente o devido processo legal e o direito de defesa, diferentemente do que acontece em ditaduras.

“Diante dos olhos do mundo, o Brasil deu um recado a todos os candidatos autocratas e àqueles que os apoiam. Nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis. Seguiremos como nação independente e como povo livre de qualquer tipo de tutela. Democracias sólidas vão além do ritual eleitoral. Seu vigor pressupõe a redução das desigualdades, a garantia dos direitos mais elementares”, pontuou.

Crise do multilateralismo e autoritarismo crescente

O presidente alertou para uma crise global do multilateralismo, e o fortalecimento do autoritarismo no mundo, trauma aprofundado pela omissão da comunidade internacional diante de arbitrariedades.

“Em todo o mundo, forças antidemocráticas tentam subjugar as instituições e sufocar as liberdades. Cultuam a violência. Exaltam a ignorância. Atuam como milícias físicas e digitais e cerceiam a imprensa. Mesmo sob ataques sem precedentes, o Brasil optou por resistir e defender sua democracia, reconquistada há 40 anos pelo seu povo, depois de duas décadas de governos ditatoriais”, ressaltou.

América Latina e Caribe

Lula também afirmou que a América Latina e o Caribe vivem um momento de instabilidade. A fala vem após o governo Trump enviar navios, submarinos e militares para a costa da Venezuela, sob a alegação de “combater cartéis de drogas”.

“Manter a região como zona de paz sempre foi e é a nossa prioridade”, defendeu, pontuando que a região é livre de armas de destruição em massa.

Lula também reforçou que o diálogo não pode estar fechado para qualquer país, defendendo que a diplomacia entre países soberanos deve se manter. O presidente também afirmou que intervenções não seriam o caminho adequado para se resolver problemas.

“Usar força letal em situações que não constituem conflitos armados equivale a executar pessoas sem julgamento. Outras partes do planeta já testemunharam intervenções que causaram danos maiores do que se pretendia evitar, com graves consequências humanitárias”, pontuou.

Autor

  • Jornalista formado pela Universidade Católica de Brasília (UCB). Com experiência em Política, Economia, Meio Ambiente, Tecnologia e Cultura, tem passagens pelas áreas de reportagem, redação, produção e direção audiovisual.

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