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Mauro Vieira classifica ameaça de sanção da Otan como “totalmente descabida”

Chanceler ironiza declaração, pontuando que a organização é militar, não comercial

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Em entrevista à GloboNews nesta quinta-feira (17), o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, falou sobre a ameaça feita pelo secretário-geral da Otan, Mark Rutte, de impor sanções secundárias a países como Brasil, China e Índia, caso mantenham relações comerciais com a Rússia. Vieira classificou a fala como “totalmente descabida”, e afirmou que o Brasil não pretende dialogar com a Otan nesse contexto, destacando que a organização é uma aliança militar à qual o Brasil não pertence.

O chanceler enfatizou que a Otan não tem competência para tratar de temas comerciais e ironizou: “Talvez ele [Rutte] esteja mal-informado, não saiba que é uma organização militar, não tem alcance comercial. Sobretudo porque, se for assim, países membros da Otan e da União Europeia que continuam comprando petróleo e gás da Rússia também deveriam ser sancionados”.

Tradição diplomática

Vieira reiterou que o Brasil só adere a sanções aprovadas no âmbito do Conselho de Segurança da ONU, e não a medidas unilaterais ou decisões de alianças militares como a Otan. Diplomatas brasileiros classificaram, nos bastidores, a ameaça como fora de propósito, e avaliaram que não cabe à Otan determinar as relações comerciais do Brasil.

A declaração de Mark Rutte ocorre em meio à escalada de tensões comerciais, como a tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Questionado se a ameaça teria sido articulada juntamente com o governo Trump, Mauro Vieira opinou que se trata de uma iniciativa exclusiva do secretário-geral da Otan, tamanha a sua inadequação ao tema e à competência da entidade.

O ministro também sublinhou que disputas comerciais do Brasil são resolvidas bilateralmente ou nos fóruns apropriados, como a OMC, e não cabe à Otan se manifestar sobre negociações entre países que não são signatários do tratado atlântico.

“As questões comerciais, cada país – e o Brasil faz assim – trata bilateralmente ou na OMC. Depois, esse tipo de ameaça, não acho que corresponda a uma ameaça comercial dentro de uma organização militar”, declarou.

Autor

  • Jornalista formado pela Universidade Católica de Brasília (UCB). Com experiência em Política, Economia, Meio Ambiente, Tecnologia e Cultura, tem passagens pelas áreas de reportagem, redação, produção e direção audiovisual.

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