O Itamaraty e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) enviaram, na terça-feira (15), uma carta ao governo dos Estados Unidos manifestando “indignação” com a imposição de tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros importados pelo país a partir de 1º de agosto. O documento, assinado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e pelo chanceler Mauro Vieira, foi endereçado ao secretário de Comércio norte-americano, Howard Lutnick, e ao representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer.
“O governo brasileiro manifesta sua indignação com o anúncio, feito em 9 de julho, da imposição de tarifas de importação de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos, a partir de 1° de agosto”, inicia a carta.
Impactos negativos
Na carta, o governo brasileiro alerta que as tarifas terão impacto “muito negativo em setores importantes de ambas as economias”, colocando em risco a histórica parceria comercial entre Brasil e Estados Unidos.
“Nos dois séculos de relacionamento bilateral entre o Brasil e os Estados Unidos, o comércio provou ser um dos alicerces mais importantes da cooperação e da prosperidade entre as duas maiores economias das Américas”, ressalta o texto.
Busca por diálogo
O Brasil reiterou o compromisso com o diálogo e lembrou que o país mantém grandes déficits comerciais com os EUA — cerca de US$ 410 bilhões em bens e serviços nos últimos 15 anos, segundo dados oficiais americanos. As autoridades brasileiras destacaram que, em diversas ocasiões, solicitaram que os EUA apresentassem suas preocupações específicas para avançar nas negociações, buscando solucionar pontos sensíveis do comércio bilateral.
Minuta confidencial
A carta também cita o envio de uma minuta confidencial de proposta, encaminhada pelo governo brasileiro aos EUA em 16 de maio de 2025, detalhando áreas de negociação para um possível acordo mútuo. Até o momento, os Estados Unidos não responderam à sugestão. O Brasil reforçou, no documento, seu interesse em receber retorno “à luz da urgência do tema” e reiterou plena disposição para dialogar e buscar uma solução negociada para a crise comercial.
“O Brasil permanece pronto para dialogar com as autoridades americanas e negociar uma solução mutuamente aceitável sobre os aspectos comerciais da agenda bilateral, com o objetivo de preservar e aprofundar o relacionamento histórico entre os dois países e mitigar os impactos negativos da elevação de tarifas em nosso comércio bilateral”, encerra a carta.