Durante a abertura do Fórum Mundial da Alimentação (FAO), em Roma, nesta segunda-feira (13), o presidente Lula (PT) afirmou que a fome é sobretudo um problema político e deve ser enfrentada com políticas de Estado que incluam os mais pobres no orçamento dos países.
“É preciso colocar os pobres no orçamento e transformar esse objetivo em política de Estado. Para evitar que avanços fiquem à mercê de crises ou marés políticas. Mesmo líderes de países com orçamentos pequenos podem e precisam fazer essa escolha”, afirmou.
Lula ressaltou que o Brasil saiu pela segunda vez do Mapa da Fome graças a avanços em transferência de renda, agricultura familiar e geração de empregos, além da menor proporção histórica de domicílios em insegurança alimentar grave.
“Trinta milhões de pessoas começaram a almoçar, jantar e tomar café. Em 2024, alcançamos a menor proporção de domicílios em situação de insegurança alimentar grave da nossa história”, disse.
Segurança alimentar
O presidente destacou que “não basta produzir, é preciso distribuir”, e que a segurança alimentar deve estar no centro das ações climáticas, especialmente com a proximidade da COP30, que será realizada em Belém (PA).
Lula avaliou que “um país soberano é um país capaz de alimentar o seu povo. A fome é inimiga da democracia e do pleno exercício da cidadania. É possível superá-la por meio de ação governamental, mas governos só podem agir se dispuserem de meios”.
Ele também defendeu a necessidade de ampliar o financiamento ao desenvolvimento, reduzir custos de empréstimos e reformar sistemas tributários para que governos possam agir efetivamente contra a fome. “Com 12% do que se gasta em armas, o mundo acabaria com a fome”, afirmou, reforçando que a fome é fruto de escolhas políticas, não de escassez de alimentos.
“Poucas iniciativas contribuiriam tanto para a segurança alimentar quanto uma reforma da arquitetura financeira internacional, que direcionasse recursos para quem mais precisa”, afirmou o presidente.
Na manhã do mesmo dia, Lula se reuniu com o Papa Leão XIV e parabenizou o pontífice pela Exortação Apostólica Dilexi Te, que enfatiza a união entre fé e amor pelos pobres. O presidente convidou o Papa para participar da COP30, evento que o Vaticano participará via representação oficial pela impossibilidade de presença do pontífice devido ao Jubileu.