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Em artigo ao New York Times, Lula diz que soberania e democracia são inegociáveis

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Em artigo publicado no jornal The New York Times neste domingo (14), o presidente Lula (PT) contestou os argumentos do presidente Donald Trump para a aplicação das tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros. Lula destacou que, nos últimos 15 anos, os Estados Unidos acumularam superávit de US$ 410 bilhões na relação comercial com o Brasil.

Ele também defendeu que mais de 75% das exportações americanas ao Brasil são isentas de impostos, e que a decisão de taxar os produtos brasileiros é política e não técnica.

“Ao longo de décadas de negociação, primeiro como líder sindical e depois como presidente, aprendi a ouvir todos os lados e a levar em conta todos os interesses em jogo”, disse, pontuando que o artigo seria direcionado a Trump.

Defesa da democracia e soberania do Judiciário

No artigo intitulado “A democracia e a soberania brasileiras são inegociáveis”, Lula buscou reforçar o papel independente do Judiciário, respondendo às críticas americanas sobre a condenação de Jair Bolsonaro (PL) pelo STF.

“Não se tratou de uma ‘caça às bruxas’. A decisão foi resultado de procedimentos conduzidos em conformidade com a Constituição Brasileira de 1988, promulgada após duas décadas de luta contra uma ditadura militar. A decisão foi resultado de meses de investigações que revelaram planos para assassinar a mim, ao vice-presidente e a um ministro do STF”, reforçou.

O presidente sustenta que apenas a Justiça brasileira tem competência para lidar com crimes contra a democracia, que é independente dos outros Poderes e que não aceitará ingerências ou ameaças externas.

Pix e Amazônia

Lula também destacou avanços brasileiros como a implementação do Pix e a redução pela metade do desmatamento na Amazônia nos últimos dois anos.

“Ao contrário de ser injusto com os operadores financeiros dos EUA, o sistema de pagamento digital brasileiro, conhecido como PIX, possibilitou a inclusão financeira de milhões de cidadãos e empresas. Não podemos ser penalizados por criar um mecanismo rápido, gratuito e seguro que facilita as transações e estimula a economia”, afirmou.

O presidente também menciona a apreensão de recursos ilícitos destinados a crimes ambientais, rebatendo alegações de que o Brasil não estaria trabalhando contra o desmatamento, e pontua que “a Amazônia ainda estará em perigo se outros países não fizerem a sua parte na redução das emissões de gases de efeito estufa. O aumento das temperaturas globais pode transformar a floresta tropical em uma savana, interrompendo os padrões de precipitação em todo o hemisfério, incluindo o Centro-Oeste americano.”

Defesa de negociações

No texto, Lula buscou deixar claro que o Brasil está disposto a negociar as tarifas, mas alertou que diferenças ideológicas não podem prejudicar a histórica parceria entre os países.

“Quando os Estados Unidos viram as costas para uma relação de mais de 200 anos, como a que mantêm com o Brasil, todos perdem. Não há diferenças ideológicas que impeçam dois governos de trabalharem juntos em áreas nas quais têm objetivos comuns.”

Autor

  • Jornalista formado pela Universidade Católica de Brasília (UCB). Com experiência em Política, Economia, Meio Ambiente, Tecnologia e Cultura, tem passagens pelas áreas de reportagem, redação, produção e direção audiovisual.

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